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Bosch aposta na inovação e diversidade de negócios para continuar seu crescimento

Empresa ficou em terceiro lugar entre as empresas que mais submeteram pedidos de patentes no Brasil em 2019


PAULO RICARDO BRAGA, AB

“Atualmente um dos grandes desafios enfrentados pela indústria automotiva global é a falta de componentes eletrônicos, como os semicondutores, que já está refletindo inclusive na produção local. Os atuais entraves logísticos, assim como a falta de insumos, como o aço, e a forte desvalorização do real frente ao dólar elevam os custos de produção e impactam negativamente a venda de veículos no mercado brasileiro”, analisa Besaliel Botelho, presidente da Bosch América Latina, para definir o atual momento pelo qual passa a indústria automotiva.

Apesar de admitir o momento crítico, ele está confiante que com a campanha de vacinação, juntamente com mudanças que ele entende como pragmáticas por parte do governo, proporcionará retomada gradual da economia projetando um aumento no PIB de 3,5% em 2021. Nesse cenário, ele espera um crescimento em torno de 25% na produção de veículos no Brasil.

A FALTA DE COMPONENTES ELETRÔNICOS

"Estamos atuando diariamente com a nossa cadeia de fornecedores para garantir as entregas aos nossos clientes. O Brasil perdeu o bonde do investimento em componentes eletrônicos nos anos 90, quando o governo proibiu as empresas de investirem em sistemas digitais e por isso estamos sofrendo hoje", diz o executivo.

Segundo ele, a questão é bastante sensível, pois a indústria automotiva não é tão expressiva no uso global destes componentes: representa 13% do total, enquanto computadores são 34% e equipamentos de comunicação 25%, e a demanda por estes dois últimos produtos aumentou consideravelmente durante a pandemia, lembra.

ESTRATÉGIA

Um dos principais diferenciais do grupo Bosch é a sua diversidade de atuação em diferentes setores de negócios. “Apesar da pandemia ter impactado o setor da mobilidade no que se refere ao fornecimento de peças e componentes para montadoras, outros setores de negócios da Bosch tiveram um excelente desempenho ao longo de 2020, como ferramentas elétricas e o aftermarket automotivo. Para nós, 2021 já se mostra tão desafiador quanto o ano anterior, mas estou certo que conseguiremos garantir a sustentabilidade dos negócios do Grupo Bosch na região”, pondera Botelho.

Para Botelho, neste momento adverso, uma das principais vantagens competitivas do Grupo Bosch é a sua diversidade de atuação em diferentes setores de negócios. “Sabemos como é importante investir em projetos de inovação no País. Só para ter uma ideia, nos últimos dez anos, a Bosch Brasil depositou 351 pedidos de patentes no país e no exterior. Destes, 47 já foram concedidos”.

Segundo o Ranking dos Depositantes Residentes de Patentes de Invenção (PI) divulgado no ano passado, a Bosch ficou em terceiro lugar entre as empresas que mais submeteram pedidos de patentes no Brasil em 2019. Botelho considera que a inovação é uma das principais alavancas para o crescimento do Grupo Bosch em todo o mundo e no Brasil não é diferente.

A JORNADA PARA A ELETRIFICAÇÃO

Botelho assegura que, mesmo com a ascensão dos sistemas híbridos e elétricos nos próximos anos, a Bosch continua atuando ativamente no aprimoramento das tecnologias a combustão visando uma condução mais eficiente, segura e sustentável. “Quando olhamos para o mercado brasileiro acreditamos que o sistema híbrido, em conjunto com a motorização flex, será a tecnologia com maior potencial e diferencial para o mercado local”, diz. E prossegue:

"O Brasil não vai caminhar tão rápido quanto outros países para a eletrificação dos veículos, em parte porque o País já tem o etanol, que atende exigências de redução de emissões", esclarece Botelho.

Com a criação da tecnologia flex fuel, a Bosch ajudou a posicionar o Brasil entre os países que já têm hoje baixo índice de emissões de CO2 devido ao uso do etanol, matriz totalmente renovável. “Teremos carros elétricos e a célula de combustível, mas em velocidade mais lenta porque não vamos ter recursos necessários para investimentos já que o custo da eletrificação é altíssimo. Ainda assim, temos projetos locais bem sucedidos no campo de veículos comerciais pequenos de entrega como o e-Delivery da Volkswagen Caminhões e Ônibus”, avalia o presidente da Bosch.

ROTA 2030

Botelho considera que, muito além de incentivos, o mais importante para o País é contar com uma política industrial que atraia novos investimentos, especialmente no desenvolvimento de tecnologias disruptivas.

"O Rota 2030 é um marco importante que traz um norte para onde devemos nos orientar e estamos confiantes na sua continuidade, inclusive pensando além de 2030. Entretanto, sabemos que o caminho para o sucesso também depende de um mercado competitivo, da redução do custo Brasil, bem como de reformas estruturais, como a tributária, além de investimentos importantes em infraestrutura", diz.

A Bosch tem hoje cerca de 300 engenheiros atuando nos seus centros de pesquisa e desenvolvimento no Brasil, sendo que mais de 90% deles em projetos com foco em soluções para uma mobilidade mais limpa, segura e eficiente, aponta o executivo. Entre os projetos em que está trabalhando, que conta inclusive com o aporte da Finep (através do edital Inova Energia) está o desenvolvimento de uma solução para aumentar a eficiência energética dos veículos a combustão, através da alteração da taxa de compressão variável. Outro exemplo é o projeto em que a empresa trabalha no campo de eletrificação de veículos comerciais.

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