Volkswagen Caminhões e Ônibus mantém otimismo para o futuro

VWCO prevê aumento na produção de caminhões e ônibus em 2021 e vai manter os aportes de investimentos anunciados até 2025


PAULO RICARDO BRAGA, AB

“Vivemos um ano de muitas emoções no mercado de caminhões, com uma descoberta a cada dia”, constata Ricardo Alouche, vice-presidente de vendas, marketing e pós-vendas da Volkswagen Caminhões e Ônibus. Ele recorda que depois de quatro anos de crise, 2020 era visto como um ano de recuperação – mas chegou a Covid-19 com muita incerteza pela frente e a situação virou de cabeça para baixo. “Foi preciso mudar nossa maneira de trabalhar, cuidando de preservar nossos funcionários”, define.

O volume de produção veio se recuperando, mas com desafios enormes a todo momento. A volta foi gradativa e o semestre passado trouxe seguidos desafios. Na hora de comprar insumos faltaram componentes eletrônicos, aço, borracha, plásticos. No caso do aço, houve uma demora na reativação dos alto-fornos e só agora o segmento recebe sinais de recuperação, com uma elevação de preços da ordem de 90% desde outubro.

A dificuldade em obter componentes eletrônicos não foi menor. Com a pandemia houve uma determinação dos fabricantes de atender a demanda de aparelhos para uso doméstico. Como resultado, muitas vezes é preciso interromper as linhas de montagem de caminhões por falta de chips.

"Hoje muitas vezes não temos disponibilidade de contêineres e não há facilidade para contratar carga aérea, porque os aviões estão transportando as vacinas", observa Alouche, afirmando que chegamos a uma complexidade logística absurda, implicando em perda de produção.

Um dos resultados, além da escassez, é o aumento dos preços, que dispararam, com o avanço do dólar. “É difícil fazer os repasses de custo”, afirma, esclarecendo que a indústria tem procurado segurar preços ao máximo.

APESAR DA INCERTEZA, OTIMISMO PARA O FUTURO

Apesar de toda dificuldade enfrentada, Alouche espera que 2021 seja melhor que 2020. “Estamos otimistas e compartilhamos com a Anfavea, a entidade das montadoras, as previsões de avanço para 135 mil unidades na produção de caminhões e ônibus este ano, um aumento de 23% em relação a 2020”, define, lembrando a expectativa de safras recordes e a demanda crescente por veículos na construção civil.

O vice-presidente da VWCO não esconde a satisfação com o impacto no mercado do lançamento do VW Meteor (modelos 28460 e 29520 6x4) e do Constellation 33460, que marca o ingresso da marca no segmento de extrapesados. “A apresentação dos dois produtos foi um grande sucesso”, garante, esclarecendo que a lista de encomendas do Meteor está na casa das 1,5 mil unidades, das quais 500 já foram entregues. Os investimentos previstos pela VWCO estão mantidos:

"O programa de R$ 1, 5 bilhão entre 2021 e 2025 continua como se não houvesse pandemia", afirma Alouche

Anunciado no fim de 2020, o aporte é o maior dos 40 anos de história da VWCO. Os recursos são destinados à continuação do desenvolvimento de modelos elétricos e híbridos no Brasil, como o e-Delivery, que começa a ser produzido em série este ano, e o Volksbus e-Flex que deve entrar em testes; ao desenvolvimento do sistema de emissão Euro 6/Proconve P8; a novas melhorias na fábrica de Resende; e à renovação e lançamento de novas versões de modelos já em linha. O programa sucede o investimento anterior de R$ 1,5 bilhão de 2017 a 2020, do qual R$ 1 bilhão foi usado no desenvolvimento da família Meteor.

40 ANOS NO BRASIL

A VWCO comemora 40 anos de existência no mercado brasileiro, dos quais 25 anos se devem à consolidação do consórcio modular na fábrica de Resende (RJ). Segundo Alouche, pouco se falava em inovação no passado, no segmento de caminhões no País, mas a Volkswagen Caminhões começou com uma grande surpresa: o lançamento das cabines avançadas.

De lá para cá não foram poucos os momentos em que a marca surpreendeu o mercado, com a expansão da linha de produtos para atender diferentes nichos do mercado. Recentemente a empresa lançou o e-consórcio, para a produção de caminhões elétricos nos mesmos moldes do tradicional consórcio modular. Uma primeira encomenda de 1.600 caminhões elétricos pela Ambev estimula o programa de desenvolvimento dos veículos, dos quais uma centena já recebeu pedido firme.

"Após exaustivos testes o e-Delivery chegará ao mercado no segundo semestre, passando por um processo de avaliações robusto, que tem trazido resultados surpreendentes", revela Alouche, lembrando que a estratégia repete a experiência histórica, bem-sucedida, de trabalhar intensamente junto aos clientes.

Para ele, o caminhão elétrico brasileiro fará história e já interessa a outros clientes além da Ambev. Apesar de ter preço inicial mais alto que os veículos convencionais, o e-Delivery promete custos operacionais bastante atrativos.

Alouche resume que os principais desafios da VWCO este ano são equilibrar o nível de produção com a participação de seus parceiros do consórcio modular e segurar os preços ao máximo. No momento a empresa trabalha em dois turnos (houve apenas um em 2020), para garantir a distância entre os funcionários, mas a decisão mostrou-se importante também para atender a pressão da demanda, ajudada pelas exportações.

Com o dólar forte as vendas externas de caminhões da marca estão batendo recordes, com uma estratégia bem estabelecida que inclui fábricas no México e África e operações em toda a América Latina e África, ao lado de prospecções nas Filipinas.

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