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Ford volta a obter lucro no primeiro trimestre do ano mas vê dificuldades no resto do ano

Montadora prevê sérios problemas com o fornecimento de semicondutores que integram os sistemas eletrônicos de seus carros


REDAÇÃO AB

A Ford conseguiu voltar ao lucro no primeiro trimestre deste ano, apurando ganho líquido de US$ 3,2 bilhões no período, segundo divulgou a companhia da quinta-feira, 29. Com isso, a empresa superou o prejuízo de quase US$ 2 bilhões registrado nos mesmos três meses de 2020, no que foi seu pior resultado desde a recessão de 2009. Contudo, analistas projetam um ano difícil para a Ford, que poderá transformar o balanço positivo de agora em negativo até o fim de 2021.

A própria empresa prevê que terá sérios problemas com o fornecimento de semicondutores que integram os sistemas eletrônicos de seus carros, o que poderá cortar pela metade a produção programada para o período, comprometendo o faturamento do segundo trimestre. Analistas calculam que a falta de componentes poderá prejudicar cerca de 20% da produção planejada pela Ford este ano, o equivalente à perda de 1 milhão de unidades.

“A Ford está se tornando uma companhia mais forte e resiliente, que entrega resultados sob pressão. Nossa equipe está manejando com habilidade a escassez de suprimentos”, afirmou Jim Farley, CEO da Ford, mas reconheceu que “o impacto da falta de semicondutores na produção vai ficar pior antes de melhorar”. Segundo o executivo, a empresa está no momento monitorando as vulnerabilidades de sua cadeia de fornecedores para tentar evitar problemas futuros.

No primeiro trimestre as vendas globais da Ford somaram pouco mais de 1 milhão de veículos, o que representou queda de 6% na comparação com um ano atrás, mas o faturamento global de janeiro a março cresceu 5,5% em relação a 2020, somando US$ 36,2 bilhões. A retração de volumes foi compensada por preços maiores, além ganhos da divisão financeira da empresa, que lucrou US$ 962 milhões no período, e gastos US$ 400 milhões menores com custos de garantia.

PERDAS PERSISTEM NA AMÉRICA DO SUL

Quase todo o lucro da Ford no primeiro trimestre (86%) foi obtido nas operações da América do Norte. A empresa segue ganhando pouco na Europa e outros mercados internacionais, enquanto continua perdendo dinheiro na China e América do Sul, onde foi registrado o maior prejuízo no trimestre.

“A Ford continua a reverter seus negócios na América do Sul, onde o prejuízo EBIT (antes de impostos e despesas financeiras) de US$ 73 milhões representou o sexto trimestre consecutivo de melhoria em relação ao resultado de um ano antes”, diz a empresa em comunicado. “Uma significativa reestruturação das operações na região, anunciada em janeiro, está em marcha conforme planejado; os custos estruturais no período foram reduzidos em um terço”, acrescenta.

O anúncio de encerrar todas as operações industriais no Brasil, com o fechamento de três fábricas no País em Camaçari (BA), Taubaté (SP) e Horizonte/Troller (CE), segundo a própria Ford deverá custar US$ 4,1 bilhões em indenizações a cerca de 5 mil funcionários demitidos, centenas de fornecedores e concessionários. Por si só, esse valor já anula todo o lucro apurado no primeiro trimestre, mas muitos analistas avaliam que a desistência de produzir e vender carros mais baratos no mercado brasileiro poderá custar bem mais do que isso à Ford.

Segundo apontam os dados do balanço trimestral, a empresa já está pagando parte do preço pela decisão de parar de produzir no Brasil e reduzir significativamente sua presença no maior mercado do Hemisfério Sul. As vendas de veículos da marca na América do Sul no primeiro trimestre somaram 18 mil unidades e caíram 70% na comparação com o mesmo período do ano passado, enquanto a participação de mercado na região declinou 3,3 pontos porcentuais, fincando em apenas 3,6% de janeiro a março. O faturamento regional de US$ 400 milhões é 40% menor do que o apurado um ano antes.

Ao que parece, assim como a falta de componentes para produzir nos Estados Unidos, os resultados da Ford na América do Sul ainda devem piorar antes de melhorar, comprometendo as expectativas de ganhos em 2021.

 

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