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CEO da Intel confirma extensão da escassez de semicondutores

Pat Gelsinger avalia que pode demorar vários meses apenas para que a pressão no fornecimento comece a dar mostras que está diminuindo


REDAÇÃO AB

A escassez dos semicondutores parece não ter um desfecho à vista tão cedo. Em abril, analistas internacionais do mercado automotivo disseram que a falta de componentes eletrônicos que tem paralisado fábricas de veículos no mundo ainda pode se estender por vários anos, ao contrário do que se imaginava há algum tempo (leia aqui). Agora é a vez do CEO da Intel, um dos maiores fabricantes de processadores do mundo, confirmar essa previsão.

Em entrevista ao programa americano 60 Minutes, da CBS News, Pat Gelsinger disse que essa crise não vai acabar tão cedo. “Temos alguns anos até que possamos atender a essa demanda crescente em todos os aspectos do negócio”, comentou o executivo. Gelsinger explicou que pode demorar vários meses apenas para que a pressão no fornecimento comece a dar mostras que está diminuindo. "A Covid-19 mostrou que a cadeia de abastecimento global de microchips é frágil e incapaz de reagir rapidamente às mudanças na demanda."

O CEO da empresa disse que o domínio dos Estados Unidos nessa indústria caiu muito ao longo dos anos, explicando que atualmente apenas 12% da fabricação mundial de semicondutores é feita no país, contra os 37% de 25 anos atrás. Segundo Gelsinger, a Intel é a única fabricante de microprocessadores de última geração.

A crise dos semicondutores começou a se desenhar ainda em 2020, quando a pandemia provocou o isolamento dos consumidores do mundo todo, o que fez aumentar as vendas de aparelhos eletrônicos. Com o excesso repentino da demanda global de microchips para celulares, laptops, videogames e outros equipamentos voltados ao entretenimento ou aos cuidados domésticos, faltou o insumo para outros setores, como é o caso da indústria automotiva.

Com a escassez de componentes, as fábricas de automóveis tiveram que reduzir ou interromper a produção. A Ford, por exemplo, anunciou que a crise no fornecimento de semicondutores deve reduzir suas vendas globais em mais de 1 milhão de veículos neste ano (leia aqui).

No Brasil, diversas fábricas já foram atingidas, principalmente a Honda, que interrompeu a produção do Civic em duas ocasiões neste ano, e a GM, que anunciou a parada da linha de montagem do Onix entre março e junho. A própria Anfavea já havia alertado em março para o risco de a falta de componentes, principalmente eletrônicos, comprometer a recuperação da indústria brasileira neste ano (leia aqui).
 

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