Falta de componentes eletrônicos deve afetar o Brasil com mais força no segundo trimestre

Antonio Filosa, presidente do Grupo Stellantis na América do Sul, acredita que situação deva ser mais administrável no segundo semestre


PEDRO KUTNEY, AB

A falta de componentes eletrônicos que está paralisando linhas de produção de veículos no mundo todo deve afetar o Brasil com mais força e atingir seu pior momento no segundo trimestre. A avaliação é de Antonio Filosa, presidente do Grupo Stellantis na América do Sul. Para o executivo, o problema tende a melhorar e ser mais administrável no segundo semestre, mas falhas de entregas devem continuar até o fim de 2021 e talvez em 2022 também.

"A falta de chips é global e cria vínculos no mundo todo. Este trimestre com certeza será o mais difícil. Nós até agora conseguimos minimizar o problema porque temos uma forte localização, nacionalizar sempre foi um valor que buscamos com Fiat e Jeep. Nesse momento isso nos ajuda um pouco, mas não resolve porque nossos fornecedores também precisam importar componentes da Ásia", conta Antonio Filosa

Por enquanto, o executivo afirma que a Stellantis tenta mitigar e gerencias a falta de eletrônicos. Na avaliação dele, a situação deve melhorar bastante no segundo semestre, mas não acaba este ano. Filosa não prevê que a crise atual promova grandes mudanças na cadeia global de suprimentos no curto prazo. “A questão é se podemos correr riscos temporários ou se é possível melhorar as opções, mas isso leva tempo. Somos uma indústria que consome muito caixa e com a pandemia precisamos tomar decisões sobre cortar custos e reduzir pedidos. Com a retomada da demanda os fornecedores não conseguiram atender na mesma velocidade. Agora precisamos administrar o problemas enquanto não há outra opção”, pondera.

Filosa reconhece que a falta de eletrônicos deverá afetar a recuperação dos mercados sul-americanos este ano, mas antes de mudar as projeções da empresa prefere esperar até o fim do semestre, quando segundo ele será possível calcular com maior clareza o tamanho do impacto na produção. “Se dependesse só da demanda, o desempenho do ano estaria em linha com nossa previsão, mas a escassez de componentes é severa e no segundo trimestre teremos o pior período”, afirma.

Até agora, a Stellantis mantém suas projeções para a região, prevendo vendas de veículos leves pouco abaixo de 2,4 milhões de unidades no Brasil, 400 mil na Argentina e cerca de 1 milhão nos demais mercados sul-americanos.

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