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CNH Industrial cresce em todas as suas áreas e prevê um orçamento de compras maior para 2021

Estimativa é de uma expansão de 30% a 40% em 2021, subindo para US$ 1,3 bilhão a US$ 1,4 bilhão


PEDRO KUTNEY, AB

Superando os estragos econômicos causados ela pandemia de coronavírus, o grupo CNH Industrial cresceu em todas as suas áreas de atuação, assim conseguiu preservar e fortalecer sua cadeia de valor no País. O orçamento de compras em dólares no ano passado sofreu poucos impactos e praticamente repetiu o valor de 2019, estabilizado na casa de US$ 1 bilhão (mais de R$ 5 bilhões), e já se prevê expansão de 30% a 40% em 2021, subindo para US$ 1,3 bilhão a US$ 1,4 bilhão, segundo estima Cláudio Brizon, diretor de compras na América do Sul, que coordenou a premiação dos melhores fornecedores de 2020 na cerimônia do Supplier Excellence Awards, realizada na terça-feira, 11.

Com poucas baixas nas linhas de suprimentos, todas as empresas do grupo aproveitaram o crescimento do agronegócio, incluindo os fabricantes de caminhões e ônibus Iveco, de motores FPT Industrial e de máquinas agrícolas e de construção Case e New Holland, que aumentaram as vendas no segundo semestre, compensando integralmente as perdas da primeira metade de 2020 provocadas pelo fechamento de fábricas e comércio para conter a Covid-19.

"A CNH tem o privilégio de atuar em áreas complementares que foram puxadas pelo agronegócio em 2020, com alta nas vendas de caminhões e máquinas agrícolas. Assim conseguimos garantir pedidos aos fornecedores e tivemos poucas baixas na cadeia. Este ano continuamos a crescer, vemos recuperação também no setor de construção civil, e vamos aumentar o orçamento de compras", afirma Cláudio Brizon.

O executivo conta que a demanda é alta em quase todas as linhas de produtos do grupo. Recentemente a fábrica de caminhões da Iveco em Sete Lagoas (MG) contratou 800 temporários para completar um turno cheio de produção. As unidades de tratores e colheitadeiras em Curitiba (PR) e Sorocaba (SP) operam em ritmo acelerado e a planta de máquinas de construção em Contagem (MG) também registra crescimento no número de pedidos.

MAIS DEMANDA LOCAL E GARGALOS

No ano passado, a mensagem transmitida aos fornecedores na cerimônia do Supplier Excellence Awards, adiada para setembro, focava na necessidade de aumentar a competitividade e aproveitar as oportunidades de exportação para diversas unidades da CNH no mundo, o que era potencializado pelo câmbio favorável e capacidade ociosa das linhas de produção no Brasil causada pela pandemia. Este ano, após uma recuperação em “V” de todos os setores de atuação da empresa, o recado foi um tanto mais simples: “Preciso de peças para aumentar a produção”, brincou Brizon.

Precisa tanto que acabou postergando o projeto de exportação para fábricas da CNH no exterior, que envolvia seis fornecedores no Brasil. “O programa vai continuar, o câmbio continua favorável, mas não existe mais ociosidade nas fábricas e no momento precisamos garantir o fornecimento local para aumentar produção aqui”, explicou o diretor de compras. “Estamos agora estudando quais investimentos os fornecedores precisam fazer para aumentar a capacidade e exportar, porque as outras unidades do grupo continuam nos pedindo peças”, revela.

Brizon reconhece que enfrenta muitos gargalos na compra de insumos e componentes, especialmente aço, pneus e eletrônicos. “Temos feito muita ginástica e até agora nenhuma fábrica da CNH no País foi paralisada”, afirma, mas admite que alguns produtos chegam incompletos ao fim das linhas e precisam esperar a chegada de peças. “Sabemos que isso não é o ideal, estamos fazendo o possível para evitar.”

“Tivemos muitos gargalos no início da retomada, porque a cadeia industrial de suprimentos não conseguiu acompanhar a recuperação em V do mercado. A situação está melhor, mas ainda temos problemas mundiais de fornecimento. Aqui nós elaboramos um programa de monitoramento constante e já no ano passado garantimos pedidos futuros, assim os fornecedores puderam programar as compras de insumos, o que está ajudando a contornar a falta de alguns componentes”, afirma o diretor de compras.

Segue inalterado o esforço para aumentar os níveis de localização de componentes. O índice médio de nacionalização do grupo continua na casa de 70%, variando de 40% a 80% dependendo do produto. “Nacionalizar é uma cultura da CNH, isso nunca mudou, mas o crescimento da demanda intensifica nossa corrida para localizar mais, até para contornar problemas logísticos que estamos enfrentando. Nossos fornecedores estão no limite e isso abre oportunidades para investir em aumento de capacidade e entrada de novas empresas na cadeia”, indica Brizon.

ESTRATÉGIA PARA FORTALECER FORNECEDORES

Em 2020 a CNH promoveu diversas ações para preservar os fornecedores mais impactados pela pandemia, incluindo a intermediação de linhas de crédito do BNDES e do Banco CNH, que ofereceu antecipação de recebíveis a taxas mais baixas do que as praticadas pelo mercado. A empresa também fez compras de alguns insumos, como aço, para negociar preços melhores e evitar a escassez.

“Pelo segundo trimestre seguido fizemos uma programação de compras que garante o fluxo de caixa dos fornecedores nos meses seguintes, assim eles têm segurança para produzir. Fazemos pesquisas e promovemos encontros constantes. Essa proximidade ajuda a antecipar e mitigar os problemas da cadeia, garantindo os volumes de fornecimento”, destaca o diretor.

Ao avaliar o desempenho dos fornecedores, Brizon diz que os indicadores de qualidade e gestão de custos estão melhorando, enquanto a pontualidade nas entregas segue sendo o maior desafio com o impacto da desorganização nas linhas de suprimentos. Mas de forma geral ele prevê que toda a cadeia vai sair da pandemia melhor do que entrou nela, porque aprendeu a contornar situações complexas. “Todos saem mais fortes dessa crise, porque a sacudida foi grande”, avalia.
 

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