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Preço dos automóveis usados tem provocado um forte impacto no mercado

Queda na produção do zero km devido à crise dos semicondutores provocou em abril o maior aumento do custo do usado desde 1953


ZECA CHAVES, AB

No Brasil, a queda na produção de veículos está causando um aumento no preço dos automóveis usados, o que tem provocado um forte impacto nesse mercado. É um movimento parecido com o que está ocorrendo nos Estados Unidos, com uma pequena diferença: os usados estão tão caros por lá que esse setor sozinho fez a inflação americana disparar.

Segundo o Bureau of Labor Statistics, o preço dos usados subiu 10% só no mês de abril. Pode parecer pouco para o padrão brasileiro, mas é elevado para um país que no ano passado inteiro apresentou uma inflação de 1,4%. É a maior alta do custo dos veículos de segunda mão desde 1953 e foi responsável diretamente por mais de um terço do aumento da inflação de 0,8 ponto porcentual no mês. A inflação foi tão inesperadamente alta no mês que está quatro vezes acima do que estimavam os economistas.

A razão desse aumento de custo deve-se à falta de modelos novos no mercado interno, pois boa parte das fábricas do país está sofrendo paralisação total ou parcial de suas linhas de montagem por falta de componentes eletrônicos. Essa escassez de semicondutores é tão aguda que tem obrigado as montadoras a buscar soluções criativas para contornar essa crise, que inclui estocar veículos inacabados, eliminar equipamentos de série, reduzir o níve de tecnologia e até ameaçar fornecedores com processos na Justiça (leia aqui).

Com a redução drástica na oferta de veículos zero km, milhares de consumidores que deixariam seu usado na troca por um novo não estão comparecendo às concessionárias, o que provocou uma escassez de modelos de segunda mão. Desse modo, só restou aos lojistas desembolsar valores mais altos que o normal para manter seu negócio em atividade. O resultado dessa reação em cadeia é que os preços dos usados no atacado estão até 54% maiores do que há um ano.

Outro motivo para essa escalada de preços está ligado à vacinação. Como mais da metade dos americanos já tomou a primeira dose da vacina e os pontos turísticos no país estão sendo reabertos aos poucos, cresceu repentinamente o número de viagens rodoviárias, já que grande parte da população ainda tem receio de usar transporte público ou enfrentar os voos comerciais.

Os economistas dizem, porém, que essa é uma situação temporária e que os preços dos automóveis usados devem se normalizar dentro dos próximos meses. Porém, após a divulgação do relatório de inflação, o vice-presidente do Federal Reserve (Banco Central dos EUA), Richard Clarida, disse que os preços devem continuar a subir por alguns meses antes de diminuir até o final do ano. “Espero que a inflação volte ou talvez fique um pouco acima de nossa meta de longo prazo de 2% em 2022 e 2023.”

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