Abra Talks: Filtração por membrana alcança grande eficiência no processo de tratamento de água e efluentes

Estão entre os fatores positivos: alta qualidade de efluente tratado, menor volume de lodo gerado e menos problemas com “bulking”


A filtração por membrana, tecnologia que usa membrana porosa como barreira seletiva, que filtra partículas líquidas e retém moléculas de tamanho e peso maior que o diâmetro dos poros, alcança grande eficiência no processo de tratamento de água e efluentes. Mas, apesar das indústrias utilizarem a tecnologia amplamente em processos, reúso e algumas até em potabilização, no abastecimento de água público, o uso ainda é limitado, segundo comentou o engenheiro civil Renato Ramos, diretor da Hydranautics – Nitto Group, no dia 13 de maio, no “Abra Talks”, evento virtual mensal da Abrafiltros – Associação Brasileira das Empresas de Filtros e seus Sistemas – Automotivos e Industriais.

O processo histórico de desenvolvimento das membranas, ocorre em 1900, quando pela primeira vez o termo “ultrafiltração” é usado e por consequência a utilização da primeira membrana acontece. Desde então, ao longo dos anos novas tecnologias passaram a impactar inúmeras aplicações e em diferentes segmentos.

Ramos explicou que, atualmente, há membranas de microfiltração, ultrafiltração, nano filtração e osmose reversa, com estruturas espirais, capilares, planas e tubulares.

Na apresentação, deteve-se nas membranas de ultrafiltração, comparando suas diferentes gerações – 1, 2 e 3. “As de geração 3 contam com menos perda de água, fator fundamental nos dias atuais, tanto do ponto de vista ambiental como econômico”, comentou. Também apresentam polímeros mais resistentes, prolongando o tempo de vida dos módulos de filtração; fixação dupla das fibras, garantindo menos quebras de fibras  e com um sistema de montagem muito mais simplificado.

Entre os pontos positivos da membrana, Renato Ramos citou, no caso do MBR, a eliminação do decantador secundário, gerando menor necessidade de espaço e menos problemas com “bulking”; minimização de tanque de aeração; menor volume gerado de lodo e alta qualidade de efluente tratado.

Salientou que para especificar a ultrafiltração é usado LRV (valores de redução do log) de microorganismos. “Ainda existe o erro em se especificar vírus. O processo de medição de vírus é difícil de medir em laboratório e praticamente impossível durante a operação. A correta remoção é feita com uma combinação de sistemas, como ultrafiltração e pós-oxidação e desinfecção”, comentou.

Sobre o processo, pontuou a captação, bombeamento, encaminhamento para ultrafiltração, pré-filtro, com retrolavagem nas membranas de geração 1 e 2 e sem nas de geração 3 e, depois, processo de desinfecção. Já sobre a operacionalização do sistema, disse que o tempo de filtração gira em torno de 15 a 40 minutos; a limpeza a ar, de 3 a 5 minutos; e manutenção de limpeza, de 1 a 3 dias. “Todo o processo é automatizado e o operador é mais supervisor do sistema, trazendo novas competências e habilidades”, disse.

Para abastecimento público de água, ressaltou que é necessário seguir normas técnicas e ter certificações, como a NSF/ANSI 61 e a NSF/ANSI 419.

Na apresentação, falou também sobre os principais parâmetros operacionais: fluxo operacional (vazão de permeado/área de membrana), pressão transmembranica (TMP), permeabilidade (fluxo/TMP) e aeração do módulo de membrana (demanda de aeração específica = taxa de aeração/área de membrana). “Para ter um sistema de membranas adequado é necessário ser bem dimensionado”, ressaltou.

Ainda em MBR, para dimensionamento, deve ser analisada a característica da biomassa, bem como módulo de membrana. Se a análise não for correta, incrusta ou entope.

Entre os fatores negativos para utilização da tecnologia pontuou apenas dois: alto consumo de energia, embora venha sendo reduzido com o tempo e o custo das membranas.

Segundo João Moura, presidente da Abrafiltros “é interessante constatar as infinitas possibilidades de aplicações das membranas e principalmente sua funcionalidade dentro dos sistemas de filtração. Destacar o desenvolvimento histórico foi algo muito oportuno, pois evidencia um passado, presente e futuro de avanços e conquistas”.

Além da apresentação de Ramos, o “Abra Talks” contou com a palestra “Viscosidade: Impacto em dimensionamento de sistemas de filtração”, com José Alexandre Marques, consultor da JAM Treinamentos e “Qualidade Ambiental e a Mobilidade Sustentável”, com Ricardo Simões de Abreu, consultor da Bright Consulting.

Com inscrições gratuitas, o próximo “Abra Talks” acontece no dia 10 de junho – Dia Mundial do Meio Ambiente – e vai abordar os seguintes temas: Redução da Pegada de Carbono em sistemas de Filtração Industrial, Licenciamento Ambiental e Reciclagem Veicular.

As inscrições podem ser feitas através do link: https://forms.gle/k5Eom1QfTAAqFwiYA até o dia 09/06.

Sobre a Abrafiltros:

Criada em 2006, a Abrafiltros – Associação Brasileira das Empresas de Filtros e seus Sistemas – Automotivos e Industriais – tem a missão de promover a integração entre as empresas de filtros e sistemas de filtração para os segmentos automotivo, industrial e tratamento de água e efluentes – ETA e ETE, representando e defendendo de forma ética os interesses comuns e consensuais dos associados.

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