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Fabricantes de veículos e fornecedores ficam de fora de novo confinamento na Argentina

Decreto presidencial isentou setores industriais que exportam produtos, como o caso do automotivo


REDAÇÃO AB

Os fabricantes de veículos e seus fornecedores conseguiram ficar de fora do novo confinamento decretado pelo governo na Argentina na semana passada, que determinou a paralisação de todas as atividades não essenciais no país por nove dias, de sábado, 22, a domingo, 30 de maio. Ao contrário das informações que circularam na imprensa argentina na última sexta-feira, 21, o decreto presidencial isentou da nova quarentena setores industriais que exportam, como é o caso do automotivo, que assim pode continuar a produzir esta semana.

Segundo a associação argentina dos fabricantes de veículos, a Adefa, todas as montadoras seguem ativas no país. A entidade admite que “houve má interpretação do presidente Alberto Fernandez” quando ele, na quinta-feira, 20, anunciou a nova quarentena em cadeia nacional, ao afirmar que “todas as atividades econômicas não essenciais seriam suspensas na forma presencial”. Mas com a publicação do decreto verificou-se que havia isenção para “atividades industriais relacionadas a exportação de produtos”, onde se enquadram os fabricantes de veículos e autopeças na Argentina, que podem continuar produzindo.

Segundo publicou o jornal Clarín, as montadoras conseguiram escapar da quarentena alegando que vêm adotando desde o ano passado protocolos rígidos que reduziram a números insignificantes os contágios pela Covid-19 no ambiente de trabalho. Também alegaram que precisavam continuar a produzir para recuperar as perdas de 2020 e atender a demanda em alta, tanto no mercado interno como para exportações – a maioria para o Brasil. Contudo, a decisão parece não ter sido consensual, pois os sindicatos foram contra a decisão de seguir produzindo diante da escalada da pandemia no país.

HORAS EXTRAS PARA ATENDER A DEMANDA EM ALTA

Algumas fábricas não só seguem produzindo como estão fazendo horas extras. Toyota e Volkswagen confirmaram ao Clarín que trabalharam no sábado passado e vão produzir também nesta segunda e terça-feira, 24 e 25, que são dias de feriados na Argentina.

Na fábrica da Volkswagen em Pacheco, na Grande Buenos Aires, o ritmo de produção é intenso com a proximidade do lançamento do SUV Taos esta semana e a necessidade de abastecer as concessionárias da marca nos mercados argentino e brasileiro para iniciar as vendas e as primeiras entregas em junho. No caso da planta da Toyota em Zárate, também nas proximidades da capital argentina, as horas extras foram adotadas para reduzir as filas de espera pela picape média Hilux, principalmente no Brasil.

As montadoras na Argentina tentam aproveitar a alta na demanda para recuperar as grandes perdas do ano passado, quando a pandemia e as medidas do governo para controlar a infecção paralisaram por completo todas as fábricas. Em abril de 2020, pela primeira vez na história desde 1960, não se produziu um único carro nas fábricas argentinas e nos meses seguintes a produção seguiu retraída. Em todo o ano passado foram produzidos apenas 257 mil veículos, em queda de 18,3% sobre 2019, que já havia sido um ano de crise para o país vizinho.

Apesar de as fábricas continuarem a produzir na Argentina, as concessionárias têm de suspender suas atividades presenciais. O mercado doméstico deve ser afetado pelo novo confinamento, na medida em que reduz a circulação de pessoas e impacta negativamente a confiança dos consumidores. Assim o novo confinamento pode interromper o ciclo de forte recuperação do mercado doméstico, que com 149,3 mil veículos novos vendidos no primeiro quadrimestre cresceu vistosos 57,3% sobre o mesmo período de 2020.
 

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