Bosch inaugura fábrica de microchips na Alemanha

A nova planta, em Dresden, custou € 1 bilhão e ajudará a diminuir a dependência da Europa dos componentes feitos na Ásia e nos EUA


REDAÇÃO AB

A Bosch inaugurou na segunda-feira, 7, sua fábrica de microchips localizada em Dresden, no leste da Alemanha. Resultado do investimento de aproximadamente € 1 bilhão, a nova planta vai começar a produzir componentes eletrônicos a partir de julho, inicialmente para serem usados em ferramentas elétricas. Para o setor automotivo, a previsão é de iniciar a fabricação em setembro, três meses antes dos planos iniciais.

A nova planta é uma das mais modernas do mundo, sendo totalmente conectada e orientada por dados, com máquinas e processos integrados e altamente automatizados, combinados com sistemas de inteligência artificial e da indústria 4.0, de acordo com a empresa.

“Para a Bosch, os semicondutores são uma tecnologia fundamental e é estrategicamente importante desenvolvê-los e produzi-los nós mesmos, em Dresden, com a ajuda da inteligência artificial, levaremos a fabricação de microchips para o próximo nível”, afirmou Volkmar Denner, presidente do conselho de administração da Bosch. Este é o maior investimento individual em mais de 130 anos de história da empresa e fortalece a posição da Alemanha como centro de tecnologia perante o resto do mundo.

Desde que as atividades econômicas começaram a ser retomada na Europa, nos Estados Unidos e, principalmente, na China, a demanda por microchips cresceu muito rapidamente, provocando gargalos no fornecimento e a paralisação de fábricas pelo mundo todo, principalmente EUA e Europa (leia aqui). No Brasil, a crise dos semicondutores já causou a paralisação da linha de montagem da Honda, da GM (a unidade de Gravataí está parada desde março) e recentemente da Volkswagen.

Para piorar, um incêndio em uma fábrica japonesa e o inverno rigoroso nos Estados Unidos prejudicaram a logística ainda mais, o que expôs a fragilidade das cadeias de suprimento das indústrias – e não só da automotiva. Por conta disso, a União Europeia estabeleceu uma meta de passar a produzir pelo menos 20% dos chips usados mundialmente até o fim desta década.

RESPOSTA EUROPEIA AO DOMÍNIO ASIÁTICO

“Não me sinto confortável pelo fato de um grande bloco econômico como a União Europeia não estar em posição de produzir microchips”, declarou a chanceler alemã Angela Merkel, durante discurso em uma conferência de organizações de pesquisas alemãs, de acordo com a agência Bloomberg. “Se este é um país famoso por sua indústria automotiva, não é muito bom se não conseguimos produzir o componente principal”, afirmou a dirigente. O Ministério da Economia da Alemanha concedeu cerca de € 140 milhões em incentivos à fábrica de Dresden, ainda segundo a Bloomberg.

“A nova unidade da Bosch vai atender clientes de todo o mundo”, afirmou Harald Kroeger, membro do conselho de administração da empresa, que disse acreditar em um crescimento da demanda mundial por semicondutores da ordem de 11% ainda neste ano, o que deve corresponder a um montante de € 400 bilhões. “Esse é mais um motivo importante para a Europa criar um ‘contrapeso’ à atual posição dominante das fabricantes asiáticas de chips”, acrescentou.

Segundo a Bosch, em 2016 os veículos novos possuíam, em média, mais de nove chips da empresa, ajudando a controlar dispositivos como airbags, freios ABS e sensores de manobras. Em 2019, o número de microchips saltou para mais de 17, e nos próximos anos, os especialistas acreditam que o total de componentes vai aumentar ainda mais com o aumento na procura por sistemas de assistência ao condutor, entretenimento e eletrificação do conjunto motriz. “Os semicondutores são os blocos de construção do progresso”, afirmou Kroeger.

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