Volkswagen interrompe produção em três das suas quatro fábricas no Brasil

Motivo é a falta de semicondutores utilizados na montagem dos automóveis


REDAÇÃO AB

A Volkswagen anunciou nesta sexta-feira, 11, que vai paralisar a produção em três das suas quatro fábricas no Brasil por falta de componentes semicondutores utilizados na montagem de seus automóveis. A montadora decidiu interromper por 10 dias as atividades nas unidades de São Bernardo do Campo e São Carlos (SP) e de São José dos Pinhais (PR), a partir de 21 de junho.

Essa é a segunda parada de produção da Volkswagen em menos de 15 dias. No último dia 31 de maio, a montadora comunicou que interromperia as atividades também por 10 dias, dessa vez nas fábricas de São José dos Pinhais e de Taubaté (SP).

Em um longo comunicado oficial (leia abaixo), a empresa explica as razões que levaram à nova parada, que atinge as linhas de produção dos modelos Nivus, Polo, Virtus e Saveiro (São Bernardo) e Fox e T-Cross (São José dos Pinhais), além da fabricação de motores (São Carlos).

Com isso, os únicos modelos que não serão atingidos pela paralisação serão o Gol e o Voyage, que são montados na planta de Taubaté, que está retornando agora da parada decretada em maio.

O comunicado da VW alerta ainda para o risco de mais paradas nos próximos meses, se a escassez de componentes eletrônicos persistir. "Novas paralisações não estão descartadas futuramente caso o cenário global de fornecimento de semicondutores permaneça crítico, impactando diretamente as atividades de produção da empresa no Brasil", diz o informe da montadora.

CRISE AFETA OUTRAS MONTADORAS

A Volkswagen é apenas uma entre várias montadoras que estão sendo severamente afetadas pela crise dos semicondutores. Entre as maiores paralisações, estão a Honda, que precisou interromper a produção do Civic em Sumaré (SP) por duas vezes, e a GM, que já fechou duas plantas diferentes por falta de peças. A unidade de São Caetano do Sul vai ficar parada por seis semanas, em parte também para adequar a linha de montagem à chegada da nova picape baseada na plataforma do Onix. Já a fábrica de Gravataí (RS) está numa situação mais grave, pois está paralisada desde março, sendo ela responsável pela montagem do Onix.

A Anfavea já havia alertado na última terça-feira, dia 8, para o risco de mais fábricas pararem de produzir nos próximos meses por falta de semicondutores. Luiz Carlos Moraes, presidente da entidade que reúne as montadoras, chamou a atenção para o problema, que não só tende a se agravar como não tem solução a curto prazo. Foi a primeira vez que o executivo reconheceu, em público, que a escassez do componente deve seguir afetando a produção no Brasil, se estendendo, inclusive, pelo próximo ano. “É difícil prever quando a situação vai se normalizar, mas a gente tem esperança de que isso seja resolvido no primeiro semestre de 2022, mas não dá para cravar”, disse.

Leia a seguir o comunicado completo divulgado pela Volkswagen.

“Uma escassez significativa de capacidades de semicondutores está levando a vários gargalos de fornecimento em muitas indústrias globalmente (telecomunicação, computação, eletroeletrônicos e smartphones). Isso também gerou problemas no abastecimento da indústria automotiva ao redor do mundo desde a virada do ano. O resultado são adaptações em toda a indústria na produção de automóveis, o que também afeta as marcas do Grupo Volkswagen.

“Nos últimos meses, o time da Volkswagen do Brasil tem trabalhado intensamente, em parceria com a matriz e fornecedores, para minimizar os efeitos da escassez de semicondutores para a produção em suas fábricas no Brasil. Entretanto, o cenário atual não demonstra o encaminhamento para uma solução definitiva visando a normalização do fornecimento de chips. Ao contrário, há sérios riscos de agravamento dessa situação nas próximas semanas.

“Com base nisso, a Volkswagen do Brasil comunica a paralisação das operações de suas áreas produtivas nas fábricas de São Bernardo do Campo e São Carlos, no Estado de São Paulo, e de São José dos Pinhais, no Estado do Paraná, a partir de 21 de junho, pelo período de 10 dias.

“Novas paralisações não estão descartadas futuramente caso o cenário global de fornecimento de semicondutores permaneça crítico, impactando diretamente as atividades de produção da empresa no Brasil.”

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