Os processos industriais podem ocasionar grandes impactos ao meio ambiente, seja pela natureza do processo, desatenção às normas ou ocorrência de acidentes.  Além de causar poluição nos recursos hídricos e contaminação do solo podem emitir grande quantidade de gases tóxicos e de efeito estufa. “Cada gás tem um potencial de aquecimento global. Por isso, é importante observar até a escolha da matéria-prima do produto que será fabricado já que impacta diretamente nas emissões de gases”, afirmou Mateus Sepinho, graduando em Engenharia Ambiental pela UNICAMP, no dia 10 de maio, no “Abra Talks”, evento virtual mensal da Abrafiltros – Associação Brasileira das Empresas de Filtros e seus Sistemas – Automotivos e Industriais. No caso do metano, o potencial de aquecimento global é 21 vezes maior que o CO2, enquanto o óxido nitroso é 310 vezes maior. Segundo Sepinho, o Brasil é um dos maiores emissores de gases de efeito estufa no mundo, ficando na sétima colocação.

Durante a sua apresentação, Mateus destacou a importância da pegada de carbono, metodologia utilizada para calcular a emissão de gases de efeito estufa durante a fabricação de um produto e outras atividades, em prol do meio ambiente. “Tornar as indústrias mais sustentáveis, com eficiência aumentada no uso de recursos e maior adoção de tecnologias e processos mais limpos, bem como melhorar a eficiência energética, são algumas metas para alcançar o desenvolvimento sustentável”, comentou, demonstrando que é essencial fazer um levantamento da pegada de carbono na cadeia produtiva.

No caso de sistemas de filtração, para melhorar a pegada de carbono, Sepinho destacou diversos pontos a serem analisados: busca de eficiência energética, redução de embalagens e consumíveis, capacitação técnica e manutenção, avaliação de reciclabilidade, toxicidade e poluente de matérias primas, monitoramento e controle, busca de aumento de vida útil de componentes e preferência de reciclagem e coprocessamento. Enfatizou também o que não fazer para assim atingir melhores resultados com relação à pegada de carbono. “Não fazer superdimensionamento, o que pode ocasionar falhas prematuras, retrabalhos e desperdícios na fabricação e manutenção, bem como não ter documentação, projetos e especificações de compra, que interferem no levantamento de custos dos sistemas de filtração e registros sobre o uso”, afirmou.

As despesas de capitais devem ser observadas também, por isso é necessário ter especial atenção em diversos pontos na aquisição, fabricação e uso de filtros, entre eles, dimensionamento, projeto, compra, logística e instalação. Além disso, é importante ficar de olho nas despesas operacionais – gasto energético, consumíveis e embalagens, mão de obra da operação, peças de reposição, geração de resíduos, retrofit e upgrades.

Segundo Sepinho, no caso de filtro manga, para atingir alta performance é preciso se atentar à frequência e qualidade dos sistemas de limpeza, perda de carga do equipamento e elementos filtrantes, gastos energéticos do ventilador e compressor, eficiência na coleta de particulados, falhas prematuras e confiabilidade e custos de manutenção.

“É fundamental pautarmos nosso segmento com temas que visem a sustentabilidade dos seus negócios. Seja qual for a aplicação, temos um papel socioambiental a cumprir e neste sentido, a apresentação nos fez repensar ações e atitudes, que podem fazer toda diferença”, destacou o Presidente da Abrafiltros, João Moura, evidenciando a importância do debate.

Após a apresentação de Sepinho, Daylane Andrade, diretora técnica da Lar Ambiental, falou sobre “Licenciamento Ambiental” e, em seguida, Filipe Andrade, diretor de operações e sustentabilidade do Grupo Supply Service, abordou o tema “Reciclagem Veicular”.

O próximo Abratalks, acontece no dia 13 de julho (terça-feira) e vai abordar os filtros para ambientes controlados, Zeólita e Mídias Granulares aplicadas no tratamento de águas e efluentes e adesivos para filtros automotivos. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas através do link: https://forms.gle/QJ1mjtQit1MfaWFUA