Toyota ganha mercado no Brasil com 52,1% de aumento nas vendas
Automotive Business -
Com um aumento de 52%, montadora foi a que mais ganhou mercado entre as 10 maiores. Ford foi a que mais caiu, seguida pela GM
ZECA CHAVES, AB
Um crescimento de vendas de 50% em menos de seis meses é motivo de comemoração para qualquer empresa, mas para as montadoras, que estão sendo assombradas pelo fantasma da falta de semicondutores, é um número impressionante. Pois este é o caso da Toyota, que foi a marca que mais ganhou mercado no Brasil neste ano, com 52,1% de aumento nas vendas.
Comparando as vendas das 10 maiores marcas em janeiro em relação a maio deste ano, descobrimos que a maioria dos fabricantes até apresentou crescimento, mas nada tão expressivo quanto o de Toyota e Fiat, como revela o quadro abaixo. Por outro lado, General Motors e Ford só têm a lamentar.
Não é segredo para ninguém que a GM perdeu a liderança do mercado neste ano por causa da crise dos semicondutores. Sem componentes eletrônicos para produzir seus carros, a empresa hoje tem duas fábricas paradas. Gravataí (RS) está paralisada desde março, justamente onde são feitos seus campeões de vendas, Onix hatch e sedã. A previsão é retomar só em 16 de agosto.
A GM também suspendeu por seis semanas as atividades em São Caetano do Sul (SP), que fabrica Tracker, Spin, Montana e Onix Joy, devido em parte à falta de peças, em parte ao preparo da linha para chegada da nova picape da Chevrolet, que vai brigar com a Toro em 2022.
Os números mostram o resultado dessas paralisações: a GM, que vendeu 26.614 unidades em janeiro, passou a emplacar apenas 17.271 veículos em maio, o que equivale a uma queda de 35%. Apesar de expressiva, essa redução ainda é bem menor do que a da Ford.
Só que a queda da marca americana não tem a ver com a falta de peças, mas sim com o fechamento das suas fábricas no Brasil e, consequentemente, a descontinuação dos seus modelos mais vendidos, EcoSport e linha Ka, que representavam mais de 80% de seus emplamentos. Sem eles, a Ford caiu de 8.129 unidades em janeiro para 3.045 em maio, uma redução de 62,5%.
CRESCENDO NA CRISE
Se a crise é um problema para alguns, parece ser uma boa oportunidade para outros, especialmente Toyota e Fiat, que tiveram os maiores aumentos de participação nas vendas. Mas não quer dizer que elas não foram afetadas pela falta de semicondutores, apenas que souberem lidar melhor com a escassez.
A Toyota já comentou publicamente que poderia produzir 60% mais do SUV Corolla Cross não fosse pela crise. Por outro lado, ela conseguiu manter a produção que estava nos planos inicialmente. Os maiores responsáveis por esse sucesso foram principalmente o sedã Corolla, que cresceu 70% no período, e o Corolla Cross, que não havia sido lançado na época.
A Fiat é outra marca que tem motivos para celebrar: cresceu 31,1% no período, bem à frente do aumento de 17,5% da Renault, o terceiro melhor número da lista. A montadora italiana é outra que precisou se adaptar à falta de peças: sua estratégia incluiu a busca por novos fornecedores, troca de materiais e frete por avião. Para conhecer em detalhes todas as razões do crescimento da Fiat neste ano, clique aqui nesta análise.
NO PELOTÃO DE BAIXO
Antes que alguém sinta falta de marcas que possam ter apresentado desempenho melhor no mercado, é bom lembrar que o ranking acima foi elaborado apenas com as 10 maiores fabricantes, a partir da compilação da evolução das marcas entre janeiro e maio. Montadoras menores até atingiram crescimentos superiores, mas também têm uma base muito pequena e qualquer variação gera um percentual maior.
É o caso da Citroën, que subiu de 810 unidades vendidas em janeiro para 1.906 em maio, o que significa um aumento de 135%. O mesmo também vale para a Peugeot, que ampliou seu mercado em 62,4%, ao saltar de 1.557 para 2.528 veículos. Para as empresas com menor volume de venda, é sempre mais fácil contornar a crise dos semicondutores, pois um lote pequeno de peças pode representar uma parte expressiva da produção.
Justiça deve ser feita à Caoa Chery, que não entrou na lista acima porque não estava no ranking dos 10 maiores de janeiro, mas entrou no de maio, justamente na 10ª posição, devido à queda da Ford. Como passou das 2.292 unidades de janeiro para as 3.186 unidades em maio, ela registrou um notável crescimento de 39%.