Déficit de produtos químicos atinge US$ 14,5 bilhões no acumulado dos cinco primeiros meses deste ano
Revista Fator Brasil -
Indústria química regional lança manifesto por uma política comercial alicerçada em competitividade e segurança jurídica
O déficit na balança comercial de produtos químicos atingiu US$ 14,5 bilhões no acumulado dos cinco primeiros meses deste ano (valor 27% superior àquele de igual período em 2020) e a inédita marca de US$ 33,5 bilhões em bases anualizadas. Esse recorde de saldo negativo nos últimos 12 meses (de junho de 2020 a maio de 2021) é resultado das importações de US$ 45,2 bilhões e das exportações de US$ 11,7 bilhões, em produtos químicos, respectivamente aumentos de 9,4% e de 7,4% na comparação com os dados consolidados de 2020.
Entre janeiro e maio, os produtos farmacêuticos (US$ 5,1 bilhões), os intermediários para fertilizantes (US$ 3,1 bilhões) e as resinas termoplásticas (US$ 2,2 bilhões) foram os principais grupos da pauta de importação brasileira de produtos químicos, representando, juntos, um pouco mais da metade (52,5%) do total de US$ 19,9 bilhões importados pelo País no período. Já quanto às exportações, o grupo de produtos inorgânicos diversos (especial destaque para alumina calcinada) foi aquele com maiores vendas ao exterior, de US$ 1,6 bilhão, aumento de 5,7% na comparação com igual período do ano anterior, representando praticamente 30% de todas as vendas externas, que foram de US$ 5,4 bilhões, entre janeiro e maio.
Em termos de quantidades físicas, as movimentações em produtos químicos foram recorde tanto com as importações de 21,5 milhões de toneladas quanto com as exportações de 6,8 milhões de toneladas; aumentos, respectivamente, de 13,9% e de 5,9% em relação aos registros entre janeiro e maio do ano passado.
De acordo com o presidente-executivo da Abiquim, Ciro Marino, os dados da balança comercial em produtos químicos comprovam o quanto o setor químico já é internacionalmente integrado aos grandes fluxos comerciais globais, mas igualmente sinalizam que as políticas públicas regionais de maior inserção internacional necessariamente aconteçam de forma condicionada à uma agenda de competitividade e em pleno atendimento das normas atualmente vigentes no Mercosul.
— Entendemos que a Tarifa Externa Comum do Mercosul (TEC) é um instrumento fundamental para a consolidação da União Aduaneira, promoção da competitividade e da produtividade da região e atração de investimentos. Esse é o espírito de manifesto que a Abiquim assina em conjunto com as entidades congêneres ASIQUR (Uruguai) e CIQyP (Argentina) expressando as preocupações da indústria química regional com qualquer processo de revisão estruturada da TEC e solicitando às autoridades do bloco, e dos países que o integram, que garantam pleno respeito às normativas vigentes no Mercosul e promovam ampla consulta aos diferentes setores produtivos, por meio de procedimento específico e que garanta transparência e previsibilidade, de forma a avaliar os impactos econômicos na configuração de uma proposta de política comercial viável, alicerçada em competitividade e segurança jurídica — alerta Ciro Marino.