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Escassez global dos semicondutores causa estragos na maioria dos setores industriais

Pesquisa da KPMG mostra que indústria ficou com 80% do prejuízo global e indica 5 ações para reduzir o risco de parada de produção


REDAÇÃO AB

A escassez global dos semicondutores causou estragos na maioria dos setores industriais, mas nenhum deles foi tão duramente atingido quanto os fabricantes de veículos. O impacto foi tão profundo que, mesmo somando a perda que todas as outras indústrias tiveram com essa crise, não chega perto do prejuízo amargado pelas montadoras.

A pesquisa "Sobrevivendo à tempestade do silício", realizada pela consultoria KPMG, mostrou que indústria automotiva representa cerca de 10% das vendas globais de semicondutores, mas elas são responsáveis por 80% dos US$ 125 bilhões em vendas perdidas devido à falta dos componentes eletrônicos, que obrigou diversas fábricas pelo mundo a reduzir ou parar sua produção. Em números exatos, isso representa um prejuízo estimado em US$ 100 bilhões.

Para combater a crise que tem afetado as montadoras em todos mercados globais, a consultoria alerta que é necessário começar a substituir a mentalidade just-in-time que foi a estratégia vencedora até hoje por um planejamento de suprimentos de longo prazo para os componentes mais essenciais.

A KPMG sugere que as montadoras e fornecedores de peças também precisam agora colaborar de maneira mais próxima e atuante em todos os pontos do processo de projeto e produção de semicondutores, além de cogitar a possibilidade de passar a fazer reservas antecipadas de microchips e até ajudar a financiar essas fábricas.

Foi mais ou menos isso que o mercado viu no último dia 7, quando a Bosch inaugurou uma fábrica de microchips em Dresden, na Alemanha, fruto de um investimento de aproximadamente € 1 bilhão.

"A pesquisa analisou por que a indústria automotiva é a mais atingida pela escassez de semicondutores e como as montadoras, e outros compradores de chips, podem se preparar para o futuro. A dependência de fornecedores de semicondutores só vai aumentar e decisões urgentes precisam ser tomadas", prevê Ricardo Bacellar, líder do setor de Industrial Markets e Automotivo da KPMG no Brasil.

Mais do que fazer o levantamento dos dados do mercado, o estudo da KPMG mapeou os principais pontos de atenção na cadeia de suprimentos e indicou quais são as melhores estratégias para minimizar o impacto da falta de microchips nas linhas de montagem.

AÇÕES PARA COMBATER A CRISE

O relatório finaliza lembrando que essas ações nem sempre são simples de implantar e que envolvem riscos de prejudicar o relacionamento com fornecedores mais tradicionais. “Colaborar diretamente com os fabricantes de chips, e contornar os fornecedores de peças de Nível 1, são iniciativas que aumentarão a tensão em alguns relacionamentos tradicionais”, afirma a consultoria.

Confira a seguir as principais conclusões da consultoria, extraídas do seu relatório oficial.

•Colaboração mais próxima
Em vez de depender de fornecedores de Nível 1 ou do gerenciamento indireto da cadeia de suprimentos, as montadoras podem colaborar diretamente com os fabricantes de semicondutores. A colaboração pode assumir várias formas, como parcerias formais, roteiro (roadmap) estratégico periódico e sessões de previsão e sourcing direto. As montadoras precisam entender a dinâmica da cadeia de suprimentos de semicondutores e como ela difere de sua própria cadeia de suprimentos. Por exemplo, os contratos de fornecimento padrão impõem penalidades pesadas para entregas não cumpridas, mas isso não ajudou durante a escassez de chips.

• Considerar fazer investimentos diretos na capacidade de fabricação de chips
As montadoras podem desempenhar um papel ativo em assegurar que haja capacidade para os chips de que precisam, reservando capacidade, garantindo a demanda ou fazendo investimentos diretos para aumentar a capacidade. Algumas fundições já estão vendendo capacidade em vez de apenas pastilhas de silício. Esses acordos permitem que os clientes "possuam" capacidade reservada para componentes críticos sem ter que investir na própria fábrica.

• Aperfeiçoar a tomada de decisão baseada em dados
Conforme as cadeias de suprimentos se tornam mais complexas, o planejamento baseado em planilhas não é mais adequado. O "planejamento cognitivo" pode ser usado para configurar e integrar as atividades usando inteligência artificial.

• Analisar o processo de seleção, projeto e fornecimento
No longo prazo, os fabricantes de automóveis podem evitar problemas de fornecimento ao reduzir a dependência de peças sob medida, usando peças padrão que podem ser modificadas ou atualizadas via software, por exemplo. A seleção de hardware que funcione com software de código aberto pode ajudar a reduzir custos e garantir acesso a vários fornecedores. Esta abordagem está sendo utilizada por operadoras de redes móveis 5G para evitar hardware proprietário caro.

• Otimizar a cadeia de suprimentos de semicondutores
Considerar as mudanças organizacionais para agilizar e otimizar a maneira na qual a cadeia de suprimentos de semicondutores é gerenciada. Uma possível mudança é a criação de equipes centralizadas dedicadas para supervisionar estas cadeias.

Para quem quiser ter acesso à íntegra do estudo, em inglês, basta clicar neste link.
 

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