BMW amplia seu domínio sobre o mercado brasileiro de automóveis premium

Modelos Série 3 e X1 montados no Brasil sustentam crescimento da marca alemã; sueca lidera SUVs de luxo


PEDRO KUTNEY, AB

No primeiro semestre a BMW ampliou significativamente seu domínio sobre o mercado brasileiro de automóveis premium, foi a marca que mais ganhou participação entre as 10 mais vendidas no País entre janeiro e junho. A Volvo Cars também registrou crescimento expressivo no período e se consolidou na vice-liderança do segmento, posição que já tinha conquistado no fim de 2020.

Na contramão, a Mercedes-Benz, que sempre disputava a liderança da categoria, desceu para a terceira colocação, foi a que mais perdeu market share e uma das poucas que registra queda de vendas em 2021. Outra que já esteve no topo, a Audi conseguiu se manter na quarta posição, mas cresceu abaixo da média do mercado.

Com 6,6 mil emplacamentos no semestre passado, a BMW cresceu 43% sobre o mesmo período de 2020 e ganhou cinco pontos porcentuais de participação de mercado, chegando a pouco mais de 30%. Única das três fabricantes alemãs premium que continua a produzir carros no País, a fábrica brasileira da BMW em Araquari (SC) fez toda a diferença no desempenho, respondendo por 70% das vendas da marca. Dos quatro modelos montados em Santa Catarina, o sedã Série 3 é carro premium mais vendido do Brasil este ano, com 2,8 mil unidades emplacadas de janeiro a junho, em crescimento de 66% ante os mesmos seis meses do ano passado. O SUV X1, também montado aqui, vem logo atrás com 1,4 mil vendas, incremento de 22%.

Atuando com uma linha de modelos importados e 100% eletrificados (híbridos plug-in, com baterias recarregáveis na tomada), a Volvo Cars registrou o melhor primeiro semestre de sua história no Brasil e se fixou como segunda marca premium mais vendida do País, com 3,9 mil emplacamentos no primeiro semestre, o que representou crescimento de 44% em relação a 2020 e o segundo maior ganho de participação da categoria, 3 pontos, subindo a 17,7%. A Volvo lidera o segmento de SUVs de luxo no mercado brasileiro, com três modelos (XC40, XC60 e XC 90) que representaram 96% de suas vendas nos últimos seis meses, sendo que o XC40 é o mais vendido com quase metade dos veículos vendidos.

Outra marca que segue com desempenho acima da média é a Porsche, com muitos modelos acima dos R$ 500 mil que seguem encontrando muitos clientes no Brasil. A Porsche subiu ao sexto lugar do ranking premium já no ano passado e se manteve no primeiro semestre, com 1,73 mil emplacamentos e crescimento de 31,7% sobre 2020, aumentando em 0,76 ponto sua participação, para 7,9% das vendas de modelos de luxo no País.

SEM FÁBRICA, PERDA DE VOLUME

Após desistirem de produzir alguns de seus modelos mais vendidos no País, Mercedes-Benz e Audi vêm perdendo volumes e posições no ranking de marcas premium. A Mercedes fechou em dezembro passado a fábrica de Iracemápolis (SP) e vem reduzindo sua participação, fechou o primeiro semestre na terceira posição da categoria com pouco menos de 3 mil emplacamentos e não conseguiu aproveitar a expansão do mercado, registrou queda de 4,7% na comparação com 2020 e perdeu 3,4 pontos de market share, descendo a 13,7%.

A Audi tem história parecida: parou em dezembro passado a linha de produção que mantinha desde 2015 dentro da fábrica da Volkswagen em São José dos Pinhais (PR). A marca decidiu focar sua operação no Brasil com produtos importados e mais rentáveis. Com isso, estabeleceu-se na quarta posição entre as marcas premium mais vendidas do País. No primeiro semestre emplacou 2,9 mil carros (poucas unidades atrás da Mercedes) e cresceu 8,9%, abaixo da média do mercado no período, e perdeu 1,2 ponto de participação, agora com 13,3%.

Embora com baixos volumes, a Land Rover segue montando apenas um modelo, o Discovery Sport, em Itatiaia (RJ), e promete voltar a fazer o Evoque no último trimestre deste ano . Com portfólio enxuto, a marca inglesa vendeu 2,7 mil de seus SUVs no Brasil no primeiro semestre, sendo a quinta premium mais vendida no período, mas com crescimento abaixo da média do mercado, +13%, e perda de 0,65 ponto de participação, para 12,4%.

DESEMPENHO FRACO

A outra marca do mesmo grupo da Land Rover, a Jaguar, teve desempenho bem pior, com apenas 129 emplacamentos no primeiro semestre, em queda acentuada de 74,4% sobre o mesmo período de 2020, perdendo duas posições no ranking semestral, descendo da oitava para décima colocação de um ano para outro, com redução de 2,1 pontos porcentuais de participação, agora em 0,59%.

A Mini também não replicou o bom desempenho da BMW, que controla a marca inglesa. Com 487 emplacamentos, se manteve na sétima do ranking premium, mas registrou queda nas vendas de 7,4% na comparação com o mesmo período de 2020, perdendo 0,64 ponto porcentual de participação, para 2,2%.

A japonesa Subaru, representada no Brasil pelo Grupo Caoa, teve expressivo crescimento de 62,3% nas vendas do primeiro semestre, subindo da décima para a oitava posição do ranking premium de um ano para outro, mas o volume é muito baixo, apenas 250 unidades emplacadas em seis meses, o que representa participação de 1,1% nos emplacamentos da categoria no período, porcentual 0,31 ponto acima do verificado nos primeiros seis meses de 2020.

A Lexus, marca premium da Toyota, segue na nona posição do ranking do segmento, mas as vendas de apenas 180 veículos representaram queda acentuada de 48,8% sobre o primeiro semestre do ano passado. Com isso a Lexus perdeu um ponto de participação e tem agora 0,82%.

O conjunto das 10 marcas de veículos premium mais vendidas no País somou 21,8 mil emplacamentos no primeiro semestre, em crescimento de 19% sobre 2020, mas representou apenas 2,7% do total de 804 mil automóveis emplacados de janeiro a junho, contra quase 2,9% um ano antes. Embora algumas marcas tenham registrado bom desempenho, o segmento segue com baixa representação na comparação com outros grandes mercados do mundo, onde a categoria premium passa de 10% das vendas.
 

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