Atividade industrial continua aquecida diz CNI

Mas empresários estão mais otimistas, e intenção de investimento apresenta trajetória crescente


A atividade industrial continuou aquecida, com o indicador de evolução da produção indicando expansão e com alta utilização da capacidade instalada — a maior para o mês de junho desde 2013. O indicador de evolução do emprego industrial já está há um ano sem indicar queda do emprego na indústria.

Contudo, os estoques caíram na passagem de junho para julho e o nível de estoques efetivo voltou se afastar do desejado pelas empresas, ficando abaixo do planejado.

O principal problema das indústrias no segundo trimestre de 2021 ainda foi a falta e o alto custo das matérias-primas. De acordo com a pesquisa Sondagem Industrial, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), os efeitos da pandemia de Covid-19 têm impactado a oferta de insumos para o setor. O problema é mencionado por 68,3% das indústrias pesquisadas.

Em seguida, a elevada carga tributária (34,9%) e a taxa de câmbio (23,2%) estão entre os principais entraves enfrentados pelo setor no país.

A Sondagem Industrial também mostra aumento nos preços das matérias-primas, mesmo que em um ritmo mais lento. O índice caiu no trimestre, mas permanece acima da linha de 50 pontos e está entre os maiores da série com 74,1 pontos. Indicadores abaixo de 50 pontos mostram preços abaixo do planejado. Acima desse valor, estão acima do previsto.

Em junho, o indicador de estoque efetivo em relação ao planejado pelas empresas registrou 48,7 pontos, ficando abaixo da linha de 50 pontos que indica que os estoques estão alinhados ao planejado pelas empresas. A distância para o planejado foi maior em junho se comparado aos meses de abril e maio, quando os índices foram de 49,6 e 49,2 pontos, respectivamente.

Emprego industrial completa um ano sem quedas — A pesquisa da CNI aponta que o emprego completou um ano sem queda. O indicador de empregados na indústria subiu para 52 pontos no mês de junho. Pelo segundo mês consecutivo, o número de trabalhadores está acima da linha de 50 pontos, ou seja, mostra alta do emprego.

Produção — O indicador de evolução da produção mostra crescimento da produção em junho, se encontrando pelo segundo mês seguido acima da linha de 50 pontos. O aumento da produção de junho foi menos intenso (ou difundido) que o de maio. Isso é ilustrado pelo menor indicador que passou de 52,8 pontos, em maio, para 52,0 pontos, em junho. Indicadores acima de 50 pontos indicam aumento da produção e quanto maior mais difundido é o aumento entre as empresas. Oos dados acima desse valor indicam crescimento na comparação com o mês anterior e abaixo, queda.

Utilização da Capacidade Instalada mostra indústria aquecida — Além disso, a Utilização da Capacidade Instalada (UCI) alcançou 71% em junho, crescimento de um ponto percentual em relação a maio. De acordo com a entidade, esse percentual é o mais alto para o mês de junho desde 2013 e indica que a indústria, apesar da queda observada no início do ano, se encontra aquecida.

Nível de estoques se reduz em junho — Os estoques se reduziram em junho e ficaram abaixo do planejado pelas empresas. O indicador de evolução do nível de estoques registrou 49,0 pontos em junho, ficando abaixo da linha de 50 pontos que indica queda dos estoques. Já o indicador de estoque efetivo em relação ao planejado registrou 48,7 pontos, o que significa que os estoques ficaram abaixo do planejado pelas empresas.

Ambos os indicadores apresentaram queda, de modo que a retração nos estoques em junho foi superior às verificadas em abril e maio, e que o nível de estoque efetivo voltou a se afastar do planejado.

Condições financeiras das empresas industriais melhoraram no segundo trimestre de 2021— A insatisfação com a margem de lucro operacional se reduziu entre o primeiro e o segundo trimestres de 2021. O indicador de satisfação com o lucro operacional passou de 45,5 para 47,6 pontos. Valores abaixo de 50 indicam insatisfação e valores acima refletem empresários mais que satisfeitos com a margem de lucro. Apesar de não ter recuperado o nível do quarto trimestre de 2020, o indicador permanece em um patamar elevado, considerando a média histórica de 41,8 pontos. Ademais, sem contar o segundo semestre de 2020, o indicador só havia ultrapassado esse valor no terceiro trimestre de 2010.

Os empresários se mostram satisfeitos com as condições financeiras de sua empresa. O indicador de satisfação com a situação financeira da empresa passou de 49,9 pontos, em maio, para 52,1 pontos em junho. O indicador acima de 50 pontos reflete satisfação dos empresários com a situação financeira de suas empresas.

O indicador de facilidade de acesso ao crédito também cresceu no segundo trimestre de 2021, passando de 41,0 pontos para 43,1 pontos. Apesar da recuperação, o indicador ainda está abaixo da linha de 50 pontos, indicando dificuldade de acesso ao crédito.

O indicador de evolução do preço de matérias-primas recuou de 80,0 pontos para 74,1 pontos no segundo trimestre de 2021. O indicador permanece distante da linha de 50 pontos, o que revela que os preços das matérias-primas seguem aumentando, mas o ritmo é mais lento.

Falta de matéria prima ainda é problema mais citado — A falta ou o alto custo das matériasprimas é o problema mais citado pelos empresários entre os três principais enfrentados no segundo trimestre de 2021. Este é o quarto trimestre consecutivo em que esse problema é o mais citado pelos empresários industriais.

O percentual de empresários industriais que citaram esse problema entre os três principais caiu de 67,2%, no primeiro trimestre, para 63,8%. Esta foi a primeira queda no percentual de citações desse problema desde o terceiro trimestre de 2019.

A elevada carga tributária é o segundo fator mais citado entre os três principais problemas, tendo sido mencionada por 34,9% dos empresários industriais, crescimento de 1,5 ponto percentual em relação ao primeiro trimestre de 2021. A taxa de câmbio aparece em seguida, mencionada por 23,2% dos empresários entre os principais problemas. Apesar de ainda aparecer em terceiro lugar, esse problema teve queda significativa das menções em relação ao primeiro trimestre, quando alcançou 31,0%.

A falta ou o alto custo com energia, em sentido contrário, ganhou citações em relação ao primeiro trimestre: passou de 11,3% para 18,2%. Esse é o maior percentual de empresários que citaram esse problema entre os três principais desde o primeiro trimestre de 2016.

Empresários ficam ainda mais otimistas — As expectativas dos empresários industriais, que já vinham positivas, continuam melhorando. Os quatro índices de expectativas se encontram acima da linha divisória de 50 pontos, indicando otimismo, e apresentam crescimento mês a mês desde a queda observada em março de 2021, o que consolida a trajetória de recuperação.

O índice de expectativa de demanda cresceu 1,1 ponto em relação a junho, alcançando 61 pontos. Esse é o maior valor para o mês de julho desde 2011. O índice de expectativa de exportação passou de 54,9 pontos para 55,4 pontos entre junho e julho, crescimento de 0,5 ponto. Como as expectativas de demanda e de exportações são positivas e vêm melhorando, as empresas também esperam aumentar suas compras de matérias-primas e seu número de trabalhadores. O índice de expectativa de compras de matérias-primas registrou 58,3 pontos, enquanto o índice de expectativa do número de empregados registrou 54,1 pontos.

Intenção de investimento apresenta trajetória crescente —Em julho de 2021, o índice de intenção de investimento apresentou crescimento de 1,6 ponto em relação ao mês anterior, para 58,6 pontos. O índice apresenta trajetória de recuperação após a queda que ocorreu em fevereiro e março deste ano, mas ainda não recuperou o patamar registrado em janeiro.

O índice de expectativa de demanda aumentou 1,1 ponto em relação a junho, alcançando 61 pontos. Esse é o maior valor para o mês de julho desde 2011, quando o índice era de 61,8 pontos.

O índice de expectativa de exportação teve um crescimento de 0,5 ponto, passando de 54,9 pontos para 55,4 pontos entre junho e julho.

Condições financeiras no segundo trimestre de 2021— Dos 26 setores da Indústria de Transformação, dez estão insatisfeitos com as suas condições financeiras no segundo trimestre. Os setores mais insatisfeitos são bebidas, outros equipamentos de transporte, calçados e impressão e reprodução.

Todos os setores da indústria de transformação estão otimistas — Os índices de expectativa de demanda de todos os 26 setores se encontram acima da linha divisória de 50 pontos. O índice de expectativa de exportações também mostra otimismo em todos os setores, exceto o setor outros equipamentos de transporte, cujo índice de expectativa de quantidade exportada caiu

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