Nova linha de motores turbo Fiat traz válvulas desenvolvidas pela Eaton

Desenvolvimento de nova tecnologia aconteceu em tempos de distanciamento social; parceira de longa data com a marca italiana foi determinante


VITOR MATSUBARA, AB

Toda montadora sabe que introduzir uma nova linha de motores é uma das missões mais complexas da indústria automotiva, que tem custos elevados, incontáveis horas de trabalho e milhares de quilômetros em testes para assegurar que tudo funcione corretamente. Assim fica fácil entender por que um motor possui um ciclo de vida tão extenso, que em muitos casos pode chegar a décadas.

Agora, se o desenvolvimento de um propulsor já é complexo, imagina quando esse processo acontece em plena pandemia de Covid-19? Esse é o caso dos novos motores da Fiat, que precisou acelerar a chegada de sua nova linha de motores turbo mesmo durante o auge do distanciamento social. Para cumprir a missão, a companhia reforçou a parceria consistente e de longa data com a Eaton.

Diante de um cenário desafiador, as montadoras se cercam de fornecedores que sejam eficientes e confiáveis. Essa relação de confiança mútua é que norteia a relação entre Fiat e Eaton.

Esta história conjunta começou há várias décadas na Europa e logo desembarcou no Brasil. Hoje, já são mais de 40 anos de aliança, sendo que a multinacional norte-americana atua fortemente em componentes para motores.

“A Eaton tem uma história parecida com a Fiat por ser uma companhia com a inovação em seu DNA. Investimos fortemente tanto em design de produto quanto em soluções de manufatura visando sempre desenvolver soluções que agreguem valor para o cliente”, diz Marcos Janasi, diretor geral para automóveis e picapes da Eaton.

DESAFIOS NA LINHA DE CHEGADA

O projeto mais recente da tradicional fabricante norte-americana de autopeças começou há cerca de dois anos. Na ocasião, a marca italiana (que neste ano completa 45 anos de atividades no país) estava desenvolvendo os novos motores turbo, cuja estreia aconteceu na Fiat Toro em 2021.

Só que ninguém contava com a pandemia do coronavírus em 2020. Além dos evidentes efeitos devastadores na sociedade, o Covid-19 mudou a forma como nos relacionamos. A necessidade de distanciamento social forçou o trabalho remoto e impactou a maneira como os projetos teriam que ser executados dali adiante.

“A fase final do desenvolvimento aconteceu durante a pandemia, fazendo com que esse segundo ano tenha sido mais intenso. Os suportes das engenharias globais ajudando nosso time de São José dos Campos (cidade onde fica uma das fábricas da Eaton), além de um intercâmbio presencial entre os times, precisou ser ajustado para o formato remoto e esta conexão que já existia entre as empresas contribuiu para uma sinergia muito maior. Tudo isso representou um desafio adicional, mas que teve grande êxito”, admite Marcos.

Mesmo com o prazo apertado e o desafio de trabalhar remotamente, os times conseguiram cumprir com o cronograma estabelecido anos antes.

“A Eaton busca ser líder na implantação de tecnologias da indústria 4.0, e o Brasil e suas quatro fábricas do grupo Veículos na América do Sul têm posição de destaque para acelerar a implementação das tecnologias. Uma das principais soluções que adotamos foi a realidade aumentada, já que o time de fora não poderia estar fisicamente aqui. Então fizemos tudo de forma virtual”, revelou.

“No caso das famílias de motores T3 e T4 da Stellantis, a Eaton fornece válvulas ocas, que permitem às montadoras oferecer propulsores que, mesmo com dimensões e volumes menores, entregam maior potência, tenham maior eficiência energética, melhor desempenho e menor consumo de combustível. Essa equação gera um desafio maior no desenvolvimento dos componentes”, acrescenta Marcos.

PREPARADO PARA TODOS OS CENÁRIOS: DO TURBO AO ELÉTRICO

Enquanto o mercado brasileiro vive a popularização dos motores turbinados, a eletrificação já é uma realidade em vários mercados da Europa e Ásia, especialmente com o endurecimento das regras para o fim dos motores a combustão.

“A Eaton já investe pesadamente em soluções para eletrificação para acompanhar as tendências de outros mercados, como EUA, Europa e China, as quais chegarão aqui em breve. Enquanto isso, continuamos investindo para suportar os clientes nas diversas tecnologias de powertrain durante toda transição da indústria”, assegurou Janasi.

Publicidade