Eventos impactam o futuro da indústria automotiva
Automotive Business -
Falta de componentes e eleições estão entre os principais pontos de atenção para montadoras e fabricantes de autopeças ao planejar o ano que vem
BRUNO DE OLIVEIRA, AB
Desabastecimento de componentes, paralisação de produção e valorização do dólar. São tantos eventos que impactam a indústria automotiva que pouca gente se arrisca em projeções assertivas para 2022. Por outro lado, estão claros os pontos aos quais montadoras e fabricantes de autopeças devem estar atentas ao fazer o planejamento para o ano que vem.
"Estamos diante de um ano eleitoral, há uma CPI em andamento e uma reforma tributária que não saiu. Estes são os três principais fatores de incerteza que as empresas devem considerar no ano que vem e, a partir deles, traçarem suas projeções", disse Leticia Costa, sócia da Prada Assessoria. "Outra coisa importante: não se pode considerar nas projeções a pandemia como algo que já foi superado", completou a consultora, que participou do ABPlan 2021, realizado por Automotive Business na terça-feira, 3, em ambiente online.
Leticia Costa reforça também que há fatores de crescimento a se considerar no período. Um deles é o reestabelecimento da produção de veículos e o possível aumento das vendas no País, que pararam de crescer em julho em decorrência da paralisação de parte das linhas de montagem gerada pela falta de componentes. "Uma vez equilibrado o abastecimento, o mercado reagirá porque há demanda reprimida. De qualquer forma, é necessário considerar que o crescimento em 2022 deverá ser morno", completou.
O mercado de automóveis de passeio registrou queda de 7,3%, com 123,5 mil unidades emplacadas em julho, na comparação com o mês anterior, quando foram licenciadas 133,3 mil unidades, apontou o balanço mensal da Fenabrave. Foi o pior resultado para um mês de julho desde 2005 e a explicação, segundo a entidade que representa os concessionários, é a escassez de veículos novos.
Diferentemente da consultora, os fabricantes de veículos e seus fornecedores enxergam um horizonte melhor no ano que vem, considerando um cenário de estabilização do ciclo logístico no setor automotivo e, principalmente, de equilíbrio no abastecimento de semicondutores no mercado global.
De acordo com a sócia da Prada Assessoria, a normalização do fornecimento na cadeia global se dará apenas em cinco anos. Na América do Sul, porém, a expectativa é de que os semicondutores deixem de ser item escasso ao longo do ano que vem.