2022 reserva grandes possibilidades de novos negócios da mobilidade

Lideranças do setor veem 2022 como uma possibilidade de aumentar ganhos e conquistar novos clientes


ZECA CHAVES, AB

O que um banco, uma operadora de celular, uma montadora de luxo alemã e uma empresa brasileira de veículos têm em comum? Quando se trata dos novos negócios da mobilidade, todos concordam que o ano de 2022 reserva grandes possibilidades de gerar receita adicional e trazer um novo público.

O potencial desse segmento para o futuro é tão promissor que já entrega nos dias de hoje resultados robustos, como revelaram durante um debate as lideranças de Itaú, TIM, Audi e Caoa que participaram do #ABPlan - Planejamento Automotivo 2021, realizado por Automotive Business na terça-feira, 3, em ambiente on-line.

“Em pouco mais de um ano e meio de operação, a Caoa Locadora já passa de 3,5 mil carros locados e, nos últimos três meses, quase triplicou o número de buscas por locação no nosso site. Isso mostra que os clientes cada vez mais vêm buscando não ter a posse e sim a utilização do veículo”, analisa Jack Nunes, diretor executivo comercial da Caoa.

Apesar de atuar em um segmento mais exclusivo, a Audi também reconhece uma mudança de postura por parte dos consumidores brasileiros, que não necessariamente vai canibalizar o modelo de negócio tradicional das empresas já estabelecidas.

“Testamos com um projeto piloto um sistema de assinatura de carros de superluxo, acima de R$ 500 mil, que não existia no Brasil. Ele tem se mostrado um modelo adicional de receita para companhia”, comemora Diego Canha, responsável por vendas diretas da empresa e do serviço Audi Luxury Signature.

Mesmo para quem não trabalha diretamente no setor automotivo, tem ficado evidente o interesse do mercado pelo compartilhamento de veículos, especialmente com carros elétricos, um segmento que tem atraído os olhares dos consumidores, antigos ou novos, mas também das empresas.

“Em novembro passado o Itaú lançou o VEC, Veículo Elétrico Compartilhado, um serviço para levar essa experiência às pessoas, para que possam conhecer esse tipo de produto, para desmistificar algumas questões dessa área. Isso vai permitir que o mercado da mobilidade elétrica possa crescer no Brasil”, prevê Silvia Barcik, head do VEC, do Itaú.

A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE

Para que o compartilhamento de veículos possa prosperar no Brasil, é fundamental que haja uma boa infraestrutura de conectividade, necessária para que os veículos possam conversar com os aplicativos e serviços a que estão associados. Mas essa infraestrutura será ainda mais importante quando os carros com recursos autônomos se popularizarem, já que essa tecnologia exige que os veículos interajam entre si e com os equipamentos de trânsito, a fim de aumentar a segurança e reduzir os tempos de deslocamento.

“A conectividade é a base de tudo, é o que vai viabilizar a conexão de todos esses dispositivos”, disse Paulo Humberto Gouvea, head of corporate solutions da TIM, que faz questão de reforçar a revolução que está por vir no ano que vem, com a adoção da internet 5G. “O leilão está previsto para este segundo semestre, com implantação a partir de 2022. Assim, teremos carros conectados e uma preparação para um novo futuro. Será uma disrupção tecnológica, em todas as verticais, inclusive na logística e na mobilidade.”

O PODER DA EXPERIÊNCIA

Outro ponto que ficou claro na discussão entre os quatro líderes foi que a experiência tem sido cada vez mais um fator determinante na conquista dos consumidores, principalmente do cliente dessas novas soluções de mobilidade.

“Queremos que o cliente vá à nossa concessionária e tenha uma experiência da compra premium e que tenha na sua lista de considerações a locação, a partir de uma experiência que teve na própria concessionária”, afirma Diego Canha, da Audi.

Na Caoa, a lógica tem sido a mesma. “Para nós, a mobilidade é uma grande oportunidade de rentabilidade, mas também de relacionamento com nossos clientes, por isso a Caoa Locadora já é um dos grandes negócios do grupo. A experiência não é só com o produto, mas também com o serviço”, explica Jack Nunes.

Os executivos lembram ainda que é importante não perder de vista que os clientes da nova mobilidade sabem muito bem o que querem, mesmo sendo um mercado que ainda está em desenvolvimento. “O novo consumidor está interessado em ir do ponto A ao B com o maior conforto com a maior segurança possível e de modo rápido, pois o tempo é extremamente relevante para ele, que não quer perder tempo onde não gostaria, como congestionamentos. E não quer gastar com isso tudo”, diz Silvia Barcik, do Itaú.
 

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