Empresas têm desafio de ressignificar o local de trabalho para engajar os funcionários na jornada híbrida

Retomada das atividades presenciais deve consolidar cultura organizacional, além de incentivar e inspirar os colaboradores


NATÁLIA SCARABOTTO, AB

O home office se tornou rotina para os colaboradores do setor automotivo desde o começo da pandemia. Agora, com a vacinação avançando no Brasil, as empresas têm o grande desafio de ressignificar o local de trabalho para engajar os funcionários na jornada híbrida, aponta a diretora regional do Great Place to Work (GPTW), Isabela Lopes.

Ela participou do #ABPlan - Planejamento Automotivo 2021, realizado on-line por Automotive Business na terça-feira, 3. A executiva falou sobre os principais aprendizados e desafios que o período trouxe para as empresas do setor.

Segundo ela, a pandemia mostrou que é possível trabalhar em home office ou “anywhere office”, um conceito mais recente que engloba a possibilidade de trabalhar de qualquer lugar. Segundo pesquisa de Automotive Business, em parceria com MHD Consultoria, 81% dos colaboradores desejam ter jornada flexível (com dias de trabalho presencial e outros dias remoto).

Com essa mudança de mentalidade, Isabela aponta que o desafio principal das empresas no pós-pandemia será ressignificar o dia a dia nos escritórios e fábricas.

“O local de trabalho hoje tem um contexto adicional, é um lugar para troca, inovação, inspiração e conexão entre as pessoas. Os colaboradores precisam de um motivo a mais para se deslocar e isso faz com que a empresa tenha de engajar e inspirar ainda mais os funcionários.”

Isabela lembra que a agenda ESG (de meio ambiente, sustentabilidade e governança) ganhou força, principalmente com temas ligados ao social. Na visão da executiva, a humanização daa relação com os colaboradores se tornou essencial e será um legado cultural e estratégico dentro das empresas.

“A pandemia trouxe a percepção de que empresas são formadas por pessoas e os resultados são alcançados pelo trabalho coletivo. A jornada remota demanda dos líderes um olhar estratégico para as questões comportamentais, mais do que de produtividade. Não funciona mais o modelo de gestão e controle que antes era adotado no mercado”, aponta a Isabela Lopes.

Muitas empresas do setor automotivo promoveram encontros virtuais e ofereceram apoio psicológico aos colaboradores para lidar com desconfortos emocionais. Na pesquisa de Automotive Business, 84% dos funcionários do setor relataram sofrer de ansiedade, 71% esgotamento mental, 57% insônia e 51% sentiram esgotamento físico. As mulheres foram as mais afetadas pelos sintomas negativos durante o período de isolamento social.

Para a diretora do GPTW, o acolhimento por parte das empresas foi essencial e deve permanecer. “Foi importante o fortalecimento da segurança física e também o olhar para segurança psicológica. A saúde mental hoje é um grande tema e sabemos da continuidade e o impacto que as empresas têm [para os colaboradores]. É importante ampliar esse olhar de humanização do trabalho”, conclui Isabela.

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