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Grupo Caoa será liderado por herdeiros

Filhos de Carlos Alberto de Oliveira Andrade, com 22 e 19 anos, estão à frente da operação a partir de hoje


BRUNO DE OLIVEIRA, AB

O Grupo Caoa será liderado a partir de segunda-feira, 16, por Carlos Alberto de Oliveira Andrade Filho e Carlos Philippe de Oliveira Andrade, ambos filhos do fundador do grupo, Carlos Alberto de Oliveira Andrade, que morreu no último sábado, 14. A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa da companhia.

Carlos Alberto tem 22 anos e é estudante de administração na Brown University, nos Estados Unidos. Carlos Phillipe é mais novo, tem 19 anos e é estudante do mesmo curso, mas em outra instituição, a Wharton School, a escola de administração da Universidade da Pensilvânia. Estarão à frente, dentre outros negócios, da distribuição e da manufatura de veículos controlados pela Caoa.

Os dois já participavam de uma espécie de programa interno de sucessão, acompanhando processos, reuniões e em contato constante com o pai em despachos sobre como deveria ser a visão de futuro das empresas que formam o grupo. Nesse aspecto, consultores ouvidos por Automotive Business apontam que, sem o fundador, há desafios no horizonte dos dois jovens executivos no âmbito comercial.

"As empresas que formam o grupo possuem uma gestão profissional faz tempo, sob o controle de executivos de renome, como é o caso dos CEOs da Caoa Montadora e o da Caoa Chery. Quanto a isso, a expectativa do mercado é de estabilidade. A grande questão é se a empresa perderá a sua agressividade no campo das negociações, a principal característica do DNA da empresa", explica Marcus Ayres, da Roland Berger.

Foi por meio desse tino comercial citado pelo consultor que a empresa fez seu nome, em primeiro momento, como distribuidor de veículos Renault no Brasil, pavimentando para a montadora francesa o caminho das vendas de automóveis àquela época pouco conhecidos no país. O modelo se repetiu, tempos mais tarde, com os veículos Hyundai e com os veículos Chery após costura de sociedade com os chineses.

Para David Wong, da AT Kearney, pode ser um desafio no futuro da empresa a questão do espólio do fundador na esfera empresarial. "É algo muito comum no universo das sucessões a influência das tratativas sobre a partilha do patrimônio no desempenho das empresas. Essa transição de mãos sobre um patrimônio costuma criar obstáculos e afetar as operações", contou o consultor.

"É preciso prestar atenção para o fato de que agora temos mais de uma pessoa decidindo os rumos das companhias do grupo, algo que não acontecia antes porque o fundador ainda centralizava de alguma forma as decisões", completou Wong. "Me parece que ainda é uma incógnita as pretensões, se eles participarão do dia a dia ou se será mantida a autonomia dos executivos do grupo."

De acordo com Marcelo Pereira, diretor da consultoria Ipsos, o foco do mercado estará direcionado aos relacionamentos comerciais da Caoa a partir de agora: "O fundador do grupo era o grande mentor por trás das estratégias de marketing das subsidiárias, que era muito agressiva e entregava resultado".

"Outra coisa é o relacionamento mantido no mundo da distribuição de veículos, o tratamento com o cliente com as montadoras. O doutor Carlos era muito atento aos detalhes, às formas de se propor venda aos clientes, de se negociar compras. Ainda que hoje a empresa tenha uma gestão profissional, essa proximidade com interlocutores fazia diferença nos negócios da Caoa", contou o consultor.

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