Locadoras de veículos estão preocupadas com a rentabilidade do setor no ano que vem
Automotive Business -
Redução do preço dos veículos novos poderá diminuir a margem das empresas, que este ano bateu recorde entre as maiores do setor
BRUNO DE OLIVEIRA, AB
As locadoras de veículos estão preocupadas com a rentabilidade do setor no ano que vem, projetando um cenário de menores ganhos com a retomada do abastecimento de veículos por parte das montadoras. De acordo com Paulo Miguel Junior, presidente do conselho gestor da Abla, a associação que representa as locadoras no Brasil, com uma eventual queda nos preços do veículo novo no mercado cairá também a margem de lucro das associadas, já que elas serão obrigadas a baixar as tarifas.
"Boa parte da rentabilidade que as empresas têm apresentado no ano passado e no primeiro semestre vem do reajuste de preços, que acompanharam a elevação do valor dos veículos novos. Uma vez reestabelecido o patamar de preço com o retorno da produção e normalização da oferta na distribuição, as empresas temem que isso reduza o patamar de lucro que elas registram atualmente", disse o presidente.
A preocupação também é justificada pelo fato de as locadoras estarem operando hoje com frotas mais velhas do que de costume, continuou o representante da associação. A lógica é a seguinte: com o lucro menor virá também o custo de manutenção dos veículos, que será alto considerando que a frota alugada hoje tem uma quilometragem maior na comparação a dos anos anteriores, quando a frota tinha maior liquidez e, portanto, uma idade menor.
"O setor ainda não está preparado do ponto de vista operacional para esse reajuste na tabela de preços. Quando o preço dos veículos estiver em um patamar menor, ficarão os custos altos gerados durante a pandemia, sobretudo com manutenção. Pesa também a depreciação dos veículos, que será maior. O quadro, se concretizado, afetará ainda mais as pequenas e médias locadoras de veículos", explicou o presidente.
A Localiza, maior empresa do setor no país anunciou, reportou lucro líquido de R$ 447,9 milhões no período, um salto de 398,2% ante mesmo período em 2020. No caso da Unidas, o lucro líquido recorrente foi de R$ 241,2 milhões no segundo trimestre de 2021 – no ano passado, o valor registrado foi de R$ 1,7 milhão. Já a Movida reportou lucro de R$ 174 milhões, alta exorbitante de 6.556%
A escassez de veículos desequilibrou o processo de renovação de frotas das locadoras. O cenário as levou a renegociar contratos em prazos maiores com seus clientes, mantendo a frota circulante ocupada, e a postergar as aquisições de novos modelos. Estimativa da Abla indica que o setor deixará de comprar este ano cerca de 400 mil unidades.
Os pedidos entregues ao longo do ano foram aqueles negociados no ano passado e não são suficientes para atender à demanda do setor de locação, que é crescente sobretudo na área das frotas corporativas. Para a Localiza, a maior locadora do mercado brasileiro, as entregas só voltariam ao normal no segundo semestre do ano que vem.
Ao longo da pandemia houve reajustes das tarifas dos serviços das locadoras puxado pela elevação do preço dos veículos novos. No caso da Movida, por exemplo, não apenas os valores aumentaram como também a presença de mais SUVs na sua oferta acabaram levando a companhia a promover reajustes de preços.