Sinais de uma nova crise de abastecimento de semicondutores estão cada vez mais fortes

Ford, VW, Stellantis, GM e Volvo se juntam à Toyota e reduzem ritmo global nesta semana, num movimento que já chegou às fábricas do Brasil


REDAÇÃO AB

Os sinais de uma nova crise de abastecimento de semicondutores estão cada vez mais fortes. O primeiro alerta foi dado pela Toyota, que na semana passada anunciou que reduziria sua produção mundial de veículos em 40%, o que causou uma surpresa na indústria, pois a marca foi um dos maiores exemplos de como lidar com a escassez de microchips que paralisou as fábricas do planeta no primeiro semestre.

Em maio, por exemplo, montadoras dos Estados Unidos, México e Europa tiveram de parar suas linhas de montagem na mesma semana, o que só agravou a perda de produção estimada em mais de 1 milhão de unidades no acumulado do ano até então – isso apenas na América do Norte.

Quando o pior parecia que já tinha passado, veio o recente anúncio da Toyota e, quase ao mesmo tempo, outros fabricantes comunicaram que também precisariam fechar fábricas ou reduzir o ritmo de produção em plantas do mundo todo.

A nova fase da crise de semicondutores não é exatamente uma surpresa para algumas empresas. É o caso da Volkswagen, que já havia alertado em julho, durante a divulgação do balanço da companhia, que a falta de componentes eletrônicos no segundo semestre seria ainda pior.

E o que os mercados globais viram nos últimos dias leva a crer que a marca alemã estava certa na sua previsão: cinco fabricantes anunciaram quase todas ao mesmo tempo sua decisão de cortar a produção (veja lista abaixo).

A causa é a escassez mundial de semicondutores, que se arrasta desde começo do ano, juntamente com um novo surto da variante Delta da Covid-19 no Sudeste Asiático, que também afeta o funcionamento das fábricas de componentes eletrônicos instalados na região, principalmente de microchips.

No Brasil, essa nova onda de escassez de semicondutores já começou a causar estragos. No dia 11 de agosto, a Toyota comunicou a suspensão total da produção na fábrica de Sorocaba (SP) e parcial em Porto Feliz (SP). No dia 17, o sindicato de Taubaté (SP) avisou que a Volkswagen concedeu férias coletivas pela terceira vez a 2 mil funcionários da fábrica local. No mesmo dia, a GM deu férias a 200 funcionários em São José dos Campos (SP). No dia 20 foi a vez da Renault, que estendeu a paralisação em São José dos Pinhais (PR) pela segunda vez.

Confira a seguir as maiores restrições na produção de cada uma das grandes montadoras globais anunciadas nos últimos dias.

Volkswagen
Um dia depois do comunicado da Toyota, a Volkswagen anunciou que a planta de Wolfsburg, Alemanha, sua maior fábrica no mundo, funcionará inicialmente com apenas um turno nesta semana, entre 23 e 27 de agosto. A unidade produz o Golf, o automóvel mais vendido da Europa, além do Tiguan, SUV que também é sucesso de vendas no país. A parada é ainda mais preocupante porque acontece logo depois que os trabalhadores alemães retornavam das férias de verão.

A marca espanhola Seat, que pertence ao Grupo Volkswagen, também suspendeu parcialmente a montagem de veículos na unidade nos arredores de Barcelona. A Seat costuma fechar a fábrica em agosto para as férias de verão, mas reabriu este mês para compensar a perda da produção no primeiro semestre. A falta de chips, porém, acabou obrigando a um fechamento parcial por dois dias.

Ford
A montadora americana precisou interromper a produção da picape F-150 nesta semana na fábrica de Kansas City, nos Estados Unidos, assim como a produção do Fiesta na linha de montagem de Colônia, na Alemanha.

No caso da planta europeia, a pausa é mais preocupante porque ocorre logo depois que os funcionários voltaram de um mês de férias. Além disso, já está prevista para o dia 17 a mudança para o trabalho de meio período por duas semanas (que poderá se estender), também por falta de componentes eletrônicos.

Stellantis
Após a paralisação por várias semanas das linhas de montagem do Peugeot 308 perto de Sochaux, agora é a vez da fábrica de Rennes, oeste da França, onde trabalham cerca de 2.000 pessoas. A unidade que monta os modelos Peugeot 5008 e o Citroën C5 Aircross ficará quase parada nesta semana. Além disso, a Stellantis também vai suspender parcialmente a linha de montagem Sochaux, no leste do país.

General Motors
A GM suspendeu nesta semana a fabricação dos modelos elétricos Chevrolet Bolt EV e UEV na planta de Orion, Estados Unidos. Outras fábricas também foram afetadas, como Lansing Delta Township, onde são feitos o Chevrolet Traverse e o Buick Enclave, que só deve retornar à atividade por volta de 6 de setembro, depois de ficar parada desde 19 de julho.

Volvo
A Volvo Cars vai interromper a produção da fábrica nos arredores de Gotemburgo (Suécia) entre 30 de agosto e 3 de setembro, depois de já ter passado por uma paralisação duas semanas antes. "O cenário básico que temos é que a escassez de chips não vai melhorar, o que significa que nosso crescimento de vendas e receita no segundo semestre será estável em comparação com o segundo semestre de 2020", disse Bjorn Annwall, diretor financeiro da Volvo.

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