Implementos deverá ter crescimento de receita de 70% sobre 2020
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Os associados da Anfir trabalham em cooperação com o cliente e com os fabricantes de caminhões para configurar as encomendas dos implementos
Qual é o papel da Anfir – Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários no transporte de cargas? Segundo José Carlos Spricigo, seu atual presidente, que é também CEO da Librelato, o setor fornece os componentes complementares ao caminhão na movimentação de carga seca, como ocorre em baús e carretas, graneleiros e cegonhas, além de líquidos, em tanques. Os associados da Anfir trabalham em cooperação com o cliente e com os fabricantes de caminhões para configurar as encomendas dos implementos.
A Anfir reúne mais de 140 associadas e 900 afiliadas ativas, incluindo desde micro até grandes empresas relacionadas ao segmento de transporte de cargas. Segundo a entidade, essas companhias são responsáveis pela fabricação de todos os implementos rodoviários utilizados no Brasil e, portanto, o setor dispensa importações de produtos acabados.
A Anfir foi instituída em 1980 em Caxias do Sul (RS) e reuniu inicialmente as 13 principais empresas do setor na época: Biselli, Cargo-Van, Dambroz, FNV-Fruehauf, Furglas, Guerra, Massari, Iderol, Krone, Randon, Recrusul, Rodoviária e Trivelatto. “Desde então a Anfir passou a representar suas associadas em todas as frentes”, esclarece Spricigo. Ele calcula que o setor que representa gera 35 mil empregos diretos e indiretos.
Desempenho
A Anfir projeta a comercialização de 156 mil implementos rodoviários este ano. Em agosto o setor entregou ao mercado 15 mil produtos ante 11 mil unidades em janeiro, o que representa 36% de crescimento. “O aumento gradual nos emplacamentos mostra que a revisão de nossa previsão anual tem condições de ser alcançada”, diz Spricigo.
Segundo a Anfir, o total de implementos rodoviários de janeiro a agosto de 2021 está 45,5% acima do registrado em 2020. Em oito meses a indústria entregou ao mercado 107.298 unidades, contra 74.744 produtos no mesmo período do ano passado.
O segmento pesado, de reboques e semirreboques, segue com ritmo de recuperação mais aquecido que o leve. Em oito meses de 2021 a indústria distribuiu 61.445 unidades contra 40.462 produtos registrados de janeiro a agosto de 2020. Isso representa variação positiva de 51,86%.
No segmento leve, de carroceria sobre chassis, o percentual de recuperação foi de 37,77%. De janeiro a agosto de 2021 foram comercializados 45.853 produtos contra 33.282 implementos rodoviários em igual período de 2020.
Se o mercado dispensa a importação de produtos acabados, há dependência na compra externa de componentes. “De uma forma geral, apesar das dificuldades temos atendido a demanda”, garante Spricigo, explicando que as compras de reboques, semirreboques e carrocerias sobre chassi atendem de forma especial o agronegócio, a construção civil e obras de infraestrutura. A linha pesada puxa os negócios, para o abastecimento dos centros de distribuição; a linha leve faz as entregas nas regiões urbanas.
Segundo a Anfir, a receita líquida de seus associados, computados somente implementos, sem autopeças, deve crescer 70% acima dos valores de 2020, para R$ 9 bilhões. A inflação do setor, em IGP-M, preocupa, pois atinge itens como commodities, pneus e aço, utilizados na manufatura.
Spricigo destaca os bons resultados obtidos pelas vendas de implementos ao agronegócio, que somam 65% do total, correspondente à demanda de semirreboques e reboques, além de carrocerias sobre chassi. O desempenho das vendas à construção civil não decepciona, posicionando-se acima de 20%, voltados ao transporte de produtos como cerâmicas, vergalhões e bobinas de aço.
Spricigo revela que a receita da Librelato subirá 80% sobre o ano passado, graças a um mercado comprador acima das previsões. A empresa colhe os resultados de investimento em tecnologia e automação e se prepara para apresentar a linha de produtos para 2022 em novembro.
As exportações contabilizadas pela Anfir vão de vento em popa. Enquanto em 2020 foram vendidos ao exterior 1.900 equipamentos completos, este ano o volume se aproximará de 5 mil unidades. A base de comparação interanual é sobre uma base pequena e denota os efeitos da pandemia, revela a entidade. Já o aftermarket vem também em ritmo crescente, com boa performance desde 2019, graças ao envelhecimento da frota.
Regulamentação
O setor de implementos rodoviários é regido por normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) e tem sua operação orientada pelo Contran (Conselho Nacional de Trânsito) e ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres). Os fabricantes têm investido continuamente em novas tecnologias, materiais e serviços para garantir uma performance de primeira classe aos equipamentos, apesar das estradas brasileiras, em grande parte, oferecerem condições precárias de tráfego, com sinalização deficiente e grande volume de acidentes.
A Sergomel, fabricante de implementos rodoviários, explica que os implementos podem ser classificados em carrocerias sobre chassi ou então rebocados (reboques e semirreboques). A primeira categoria refere-se a veículos de carga de menor porte, geralmente utilizados nas áreas urbanas. As carrocerias são montadas diretamente sobre o chassi do caminhão e não têm eixos ou chassi próprios.
Os implementos rodoviários rebocados são mais utilizados em longos percursos. Isso se deve ao maior comprimento somado a maior capacidade de carga do implemento. Muito utilizados na área agrícola, os implementos rodoviários rebocados são comuns no transporte de mercadorias até centros de distribuição.
Segundo a Bidu, plataforma de serviços financeiros na internet, a principal diferença entre reboque e semirreboque está na forma como ficam acoplados no veículo: o reboque fica apenas engatado ao veículo motor; semirreboque fica engatado e apoiado no veículo motor.
Novas tecnologias
A utilização de materiais mais leves, como o alumínio, ou mais adequados na construção dos implementos, tem ganhado impulso no setor de manufatura. A Randon Implementos acaba de anunciar, por exemplo, a produção de equipamentos rodoviários substituindo o aço por um material até 65% mais leve, graças a uma tecnologia desenvolvida pela Fras-le, que também pertence ao grupo Randon.
Segundo o comunicado da Fras-le, a nova linha Smart Composites permite a fabricação de autopeças estruturais utilizando compósitos. O primeiro resultado desse projeto será usado para produzir suportes de para-lamas para semirreboques.
A previsão é que, até outubro, 40% dos semirreboques produzidos pela Randon já utilizem a nova tecnologia da Fras-le. Além do menor peso, os suportes de para-lamas fabricados com o material compósito terão um desempenho superior aos modelos em aço, seja de forma estática ou dinâmica, segundo a empresa.
*Este texto traz a opinião do autor e não reflete, necessariamente, o posicionamento editorial de Automotive Business