Quando o Autopilot dos carros Tesla está ligado motoristas ficam menos atentos à estrada
Automotive Business -
Estudo mostra que tecnologia pode ter efeito oposto do pretendido, que era deixar todo o foco do condutor na direção
Um estudo divulgado nesta semana por pesquisadores do MIT apontou que, quando o Autopilot dos carros Tesla está ligado, os motoristas ficam menos atentos à estrada. O estudo, publicado na ScienceDirect, reúne dados de uma pesquisa de maior escala, que ainda está em realização. Com essa primeira conclusão, o documento coloca em xeque o princípio de que o sistema de condução autônoma, que deve funcionar apenas com a atenção do condutor à estrada, garante mais segurança. O estudo também indica que a tecnologia pode ser um convite à distração do condutor.
Segundo o texto, a desatenção pode ser aferida a partir do desvio de olhar dos motoristas para outras áreas que não a frente do carro. “A maioria dos olhares para fora da estrada é presumivelmente não relacionada à direção, uma vez que eles foram direcionados para baixo e para o centro do painel”, diz a conclusão do estudo. “Essa mudança em atenção durante o Autopilot levou a um aumento grande em olhadas para fora da estrada que são atípicas na direção manual”, afirma.
O estudo sugere que o modo como o Autopilot monitora a atenção do motorista, que é verificando se ele está ou não segurando o volante, pode ser ineficiente. Uma metodologia melhor seria ter um sistema que monitorasse para onde o motorista está olhando, inferindo a atenção que ele exerce sobre a estrada.
A recomendação dos pesquisadores é que essa constatação sirva para criar melhores sistemas de gerenciamento para fazer com que os motoristas usem o Autopilot conforme recomendado. A ideia que originou esse sistema, inclusive, é que ele cuide de algumas funções para que o motorista possa ficar mais atento à via, e não menos.
Mas os pesquisadores também ressaltam que ainda não se sabe qual nível de atenção é necessário para atingir patamares satisfatórios de segurança durante a direção autônoma.
A Tesla tem divulgado relatórios trimestrais para assegurar a segurança de seu sistema. Em abril deste ano, examinando a proporção de acidentes com o Autopilot em relação ao número de viagens feitas, a empresa concluiu que um Tesla com a função autônoma ligada tem 10 vezes menos chances de se envolver em um acidente do que um carro convencional. No entanto, a eficácia desses dados é duvidosa, pois a maioria das viagens analisadas foi feita em rodovias, sendo que a maioria dos acidentes acontece em vias urbanas.