Stellantis começa a cumprir a promessa de que todas as marcas do grupo iriam crescer

Marca vai se reposicionar no Brasil com novos produtos, preços mais acessíveis, comunicação e ampliação da rede para 180 concessionárias


A Stellantis já começou a cumprir a promessa feita aos acionistas logo após conclusão da fusão entre PSA e FCA no início deste ano, de que todas as 14 marcas sob o guarda-chuva do novo grupo iriam crescer. No Brasil, a preocupação era com as francesas Peugeot e Citroën, que nos últimos cinco anos amargavam perdas significativas de mercado, mas que este ano iniciaram uma escalada importante. 

A Citroën, desde o início de 2021 com apenas um produto nacional nas concessionárias, foi a mais prejudicada, mas ainda assim também engatou desempenho bastante acima da média nacional, crescendo 47% de janeiro a agosto e dobrando o market share (ainda baixo) para 1% no período. Para 2022, as perspectivas ganharam uma lufada otimista com a apresentação do novo C3 a ser produzido em Porto Real (RJ). 

O lançamento oficial do modelo atrasou por causa da pandemia, as vendas do novo hatch com cara de mini-SUV só começam em algum momento do primeiro trimestre de 2022, mas o carro desenvolvido especialmente para mercados emergentes – leia-se com menos poder de compra – traz consigo a expectativa de renovação e retomada da força que a Citroën já teve uma década atrás. 

O novo C3 deve reposicionar a marca em faixa mais acessível de preços, dando início a um plano de crescimento que envolve comunicação, expansão da rede das atuais 123 concessionárias para 180 já a partir do ano que vem e lançamentos. 

O C3 é o primeiro de três novos produtos prometidos para os próximos três anos dentro do projeto C-Cubed, desenhado ainda antes da criação da Stellantis para aumentar a presença internacional da Citroën em mercados internacionais fora da Europa, onde hoje se concentram 90% de suas vendas globais. O objetivo é que do volume pretendido de 1 milhão de veículos/ano, 40% sejam vendidos fora do continente europeu. E a América do Sul tem participação relevante nesse plano. 

Nova era com reposicionamento da marca
“A Stellantis pretende continuar a liderar o mercado sul-americano (como já acontece este ano) e Peugeot e Citroën têm participação importante nisso. Estamos só iniciando um grande plano de expansão, a fábrica de Porto Real estará pronta para atender o aumento esperado da demanda. O novo C3 marca o início dessa nova era, será o embaixador do crescimento da Citroën nos próximos anos”, afirma Antonio Filosa, presidente da Stellantis América do Sul.

Vanessa Castanho, que este ano assumiu o comando das operações da Citroën na América do Sul, avalia que a marca tem um dos maiores potenciais de crescimento no Grupo Stellantis, justamente pelo amplo terreno que ainda pode ocupar em mercados internacionais, especialmente no Brasil, onde a rede vai crescer juntamente com a ampliação da base de mercado. 

“A Citroën estava jogando na parte mais de cima dos segmentos que atuava. No novo plano que desenhamos e os novos produtos que teremos, vamos reposicionar a marca mais abaixo, como acontece na Europa, e isso deve aumentar os volumes juntamente com a expansão da rede, que vai passar cobrir 80% do território nacional com 180 concessionárias”, explica Vanessa. 

Recuperação e paz na rede
A executiva reconhece que a recuperação da Citroën no Brasil está concentrada no desempenho de um único produto, o C4 Cactus produzido em Porto Real e lançado há cerca de três anos, que de janeiro a agosto aumentou suas vendas em 68%, com 11.277 unidades emplacadas, ou 82% dos 13.277 veículos vendidos no período (incluídos na conta também as vans importadas Jumpy e Jumper). 

Para Vanessa, o crescimento tão rápido das vendas não está relacionado somente à falta de outros produtos concorrentes no mercado, ocasionada por paralisações de produção nos últimos meses devido à falta de componentes eletrônicos. “Também houve investimento em comunicação e lançamento de versões especiais do Cactus, que ainda pode dar resultados ainda melhores”, garante.

Vanessa afirma que o SUV C4 Cactus “ainda tem muito jogo para jogar” e seguirá em linha por muitos anos, com aumento de gama de versões e compondo uma oferta mais ampla junto com o novo C3. Ela conta que o bom desempenho do C4 e a expectativa do novo lançamento apaziguou a relação com a rede, abalada no fim do ano passado com distribuidores que reclamavam da falta de viabilidade econômica para continuar operando com poucos produtos de baixos volumes. “Isso já é passado, temos uma relação próxima com os concessionários, que estão muito animados com o lançamento e nosso plano de expansão”, diz a executiva.

Hoje a rede da Citroën é composta por 123 concessionárias de 80 grupos. Segundo Vanessa, o plano de acrescentar mais 57 pontos de venda envolve todas as possibilidades, incluindo a abertura de novas lojas dos concessionários atuais e a chegada de novos distribuidores, alguns deles já integrantes da rede de outras marcas da Stellantis, como Fiat e Jeep. 

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