Setor de automóveis tem sofrido com a falta de insumos além das dificuldades econômicas
Assessoria de Imprensa -
E todas essas questões estão elevando consideravelmente os preços dos zero quilômetros
Por Luca Cafici, CEO da InstaCarro
A crise sanitária causada pelo Covid-19 também alcançou diversos outros setores, além da saúde. O de automóveis, por exemplo, tem sofrido com a falta de insumos, além das dificuldades econômicas, que levaram até mesmo à saída da Ford do Brasil. E todas essas questões estão elevando consideravelmente os preços dos zero quilômetros. Antes da pandemia, os chamados "populares", que costumam ter preços mais acessíveis, eram facilmente adquiridos por valores entre R$ 35 mil a R$ 40 mil reais. E hoje, é impossível encontrar esses modelos por menos de R$ 50 mil.
Mas todos esses problemas têm causado o efeito oposto no mercado de seminovos e usados, que está supervalorizado e aquecido. Nos últimos meses de 2021 temos visto uma alta demanda por carros seminovos, o que é explicável com toda a escassez de novos, e devido a isso, há uma valorização inimaginável para esse setor até então. Para se ter uma ideia, há lojistas comprando veículos por valores acima da tabela FIPE, para conseguir dar conta da demanda. E claro, os preços de revenda também estão valorizados, mas ainda compensatórios.
O Brasil é o terceiro maior mercado de automóveis do mundo. E mesmo com a crise instaurada não perdeu o posto. Pelo contrário, tem atraído cada vez mais marcas com propostas inovadoras. A digitalização nesse setor vem acontecendo com força, o que era inimaginável em meados de 2015. E há muitas expectativas positivas para esse mercado nos próximos anos. Principalmente porque um dos maiores empecilhos para esse segmento ser digitalizado acabou sendo "resolvido" pela pandemia. Há cinco anos atrás o mercado era completamente desconfiado com a digitalização, pois acreditava-se que era possível apenas comprar e vender um veículo presencialmente.
O processo era ir atrás de compradores, particulares ou lojistas, para que avaliassem o carro, e vendê-lo para quem desse um valor mais alto. E aí entravam diversas burocracias de cartório, transferências bancárias, etc., que exigiam, de ambos os lados, o acompanhamento de todo o processo presencialmente. Tudo isso para que ninguém pudesse ter qualquer tipo de prejuízo.
Trabalhar a confiança nesse mercado foi um dos maiores desafios nos últimos anos. E vale até ressaltar, que mesmo com tudo o de negativo que a pandemia trouxe para nossas vidas, ela acelerou o processo de digitalização. Pois muitas pessoas precisaram confiar no digital nesse último ano. E isso com certeza será uma das poucas, talvez a única, herança positiva de toda a crise.
O que posso dizer é que a digitalização e a confiança de clientes e lojistas é o que fará com que esse mercado permaneça aquecido nos próximos anos. Arrisco dizer que a percepção de valor dos seminovos e usados também pode mudar daqui para frente, pois o consumidor que viveu boas experiências nesse período pode levá-las em consideração nas próximas aquisições. O questionamento pode vir a ser: "o quanto vale a pena investir em um carro novo, podendo encontrar boas opções, com preços mais justos, no mercado de seminovos", por exemplo.
Em suma, é possível afirmar que esse mercado ainda passará por muitas transformações. Mas para quem aposta na inovação e na resolução de problemas, esse é o cenário ideal para novas oportunidades. Finalmente veremos esse mercado investir forte em tecnologias que vão levar cada vez mais eficiência a clientes e também lojistas. A experiência deve ficar cada vez mais positiva para todos os envolvidos.
*Luca Cafici, 31, é formado em Economia. Aos 20, criou uma plataforma de reservas em restaurantes que foi vendida para a startup Restorando. Teve passagens pelas empresas Value Partners e Rocket Internet, e dois anos após a primeira empreitada empreendedora, viu um mochilão pela Ásia resultar em uma parceria no Vietnã, onde ajudou a desenvolver o site de classificados de carros Carmudi. Com vontade de retornar para a América Latina e criar algo com foco nessa região, desenhou a ideia inicial de InstaCarro. Já com aportes iniciais no projeto, que possuía modelo de negócio de sucesso em outras regiões do mundo, em 2015 Cafici fundou no Brasil a startup que auxilia a venda de veículos usados ou seminovos de forma rápida, simples e com o melhor preço do mercado.