Santiago Chamorro regressa ao Brasil e tomar posse da sala da presidência da GM América do Sul

Executivo assumiu a presidência na América do Sul e fala sobre as estratégias para voltar a crescer


Ainda em Detroit, nos Estados Unidos, enquanto faz os últimos preparativos para regressar ao Brasil e tomar posse da sala da presidência da GM América do Sul sediada em São Caetano do Sul (SP), o colombiano Santiago Chamorro afirma que está feliz em voltar ao País onde já foi vice-presidente de marketing e vendas (2012 a 2013) e presidente da operação brasileira (2013 a 2016). Chamorro assumiu o novo posto este mês, para substituir Carlos Zarlenga, que no fim de agosto deixou repentinamente a companhia, mas a missão é a mesma de seu antecessor: tornar a GM sustentável e rentável na região.

“Tenho grande afinidade com a região e conheço bem sua dinâmica, mas muita coisa mudou desde que parti [em 2016, para assumir a vice-presidência global de serviços conectados da GM, com sede nos EUA], por isso estou reestudando e reaprendendo. Temos o objetivo de garantir sustentabilidade à empresa, virar o jogo rápido para voltar a crescer. Meu trabalho é derrubar os obstáculos ao crescimento”, resume Santiago Chamorro.

A tarefa mais urgente e básica nessa rota já começou a ser cumprida, com a volta do segundo turno nas fábricas de São Caetano e Gravataí (RS), para dobrar a produção da linha Onix (hatch e sedã) e do SUV compacto Tracker, e assim voltar a abastecer a rede de concessionários com os mais procurados modelos Chevrolet, que ficaram praticamente fora do mercado com a longa paralisação das duas plantas por falta de semicondutores – as unidades ficaram paradas cinco meses e meio no Sul e dois meses no ABC paulista. 

“Temos grandes desafios e o mais urgente é voltar a entregar os carros que os clientes querem e estão esperando”, destaca Chamorro. A súbita alta nas vendas do Onix em setembro, logo após o carro voltar à rede, sinaliza uma rápida reconquista de mercado, do fim agosto até a metade deste mês a GM subiu do sexto ao terceiro lugar no ranking de marcas mais vendidas, mas o executivo evita fazer previsões sobre uma possível retomada da liderança de mercado, perdida em 2021 após cinco anos no topo até o fim de 2020. “Não posso dizer se vamos reassumir a liderança, mas vamos trabalhar muito por isso, mas agora a falta de semicondutores ainda é um grande desafio a ser superado”, diz.

Chamorro conta que existe um trabalho conjunto entre engenharia e compras para tentar reduzir as limitações impostas pela dependência de semicondutores importados. Contudo, ele avalia que são poucas as alternativas viáveis: “Hoje os veículos têm sistemas de segurança e conectividade que dependem da eletrônica, não podemos reduzir essa oferta aos nossos clientes”. 

Confiança no crescimento
A base de sustentação para voltar à rentabilidade na América do Sul, segundo Chamorro, é a confiança em crescimento robusto desses mercados a partir de 2022, com maior disponibilidade de semicondutores para voltar a produzir sem restrições e atender toda a demanda. A GM projeta que os países da região vão comprar 4,4 milhões de novos veículos no ano que vem, 2,9 milhões deles no Brasil, o que representa expansão de 25% a 30% sobre as mais recentes previsões para o fechamento de 2021.

“Muitas pessoas ficaram em casa na pandemia e agora que podem sair querem voltar a comprar de tudo, inclusive carros”, avalia Chamorro. Para ele, apesar da deterioração da economia, com alta de inflação e juros e a reversão das expectativas de crescimento do PIB, o público desse mercado seguirá propenso a adquirir de veículos. “Podemos acomodar os juros maiores em planos de financiamento e existe boa oferta de crédito para isso”, prevê. 

Para Chamorro, a GM tem todos os fundamentos necessários para aproveitar o esperado crescimento do mercado sul-americano (liderado pelo Brasil), com uma ampla base de produção que inclui quatro fábricas no Brasil (três de veículos e uma integralmente para motores) e outras na Argentina, Colômbia e Equador, com produtos recém-lançados e desejados, além de uma das maiores redes de distribuição na região e boa reputação com os clientes. “Todas as pesquisas que fazemos colocam a Chevrolet entre as marcas que garantem maior satisfação aos consumidores”, afirma. 

“Mesmo sem produzir, ficamos muito próximos dos clientes, com comunicação frequente, por isso acredito que eles entenderam o problema global de falta de semicondutores e conseguimos manter a maioria conosco”, afirma Chamorro. Segundo ele, também foram tomadas ações para compensar parte das perdas dos concessionários. “Mas o mais importante é restabelecer o fornecimento de carros a eles, o que estamos fazendo”, destaca.

O novo presidente da GM América do Sul também quer introduzir na região outras fontes de renda, como a venda de serviços conectados que ele ajudou a planejar em seu último posto na matriz. “Nos Estados Unidos, por exemplo, já criamos o On Star para smartphones, com alerta em caso de acidente do dono do celular”, conta. “Temos de aproveitar as novas oportunidades do mercado e criar negócios adicionais, incluindo serviços financeiros.” 

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