Índice Abiquim-FIPE sobe 2,30% em agosto

Volumes estão aquecidos entre janeiro e agosto e nos últimos 12 meses, porém, ainda são impactados por custos internos e preços no mercado internacional


O índice Abiquim-FIPE, que mede o comportamento do volume de vendas internas dos produtos químicos de uso industrial, subiu 2,30% em agosto, enquanto o consumo aparente nacional (CAN), que mede a demanda, subiu 4,20%, ambos na comparação com o mês anterior. Essa melhora se dá especialmente em razão da manutenção da atividade econômica em patamares elevados em praticamente todas as cadeias demandantes de químicos, além do período sazonal do terceiro trimestre, tipicamente o mais forte de todo o ano para o setor.

Por outro lado, o índice de quantum da produção recuou 0,69%, na comparação com o mês anterior, após ter crescido 5,64% em julho. Paradas programadas para manutenção, problemas operacionais e um incêndio em uma unidade de produtos químicos marcaram o resultado negativo da média geral do IGQ-Produção de agosto.

Já o nível de utilização da capacidade instalada ficou em 74% em agosto, dois pontos acima do mês anterior, mas quatro pontos abaixo do resultado de agosto do ano passado. Em relação ao índice de preços, houve elevação de 1,27% em agosto, após deflação de 3,13% verificada em julho.

No acumulado de janeiro a agosto de 2021, sobre igual período do ano anterior, o índice de produção apresenta alta de 7,44% e o de vendas internas de 6,35%. Por outro lado, a manutenção da demanda em níveis elevados também puxou as importações, que cresceram significativos 15,2% de janeiro a agosto deste ano, contrastando com o volume de exportações, que exibiu recuo de 10,0% em igual período de comparação, ambas variações sobre os primeiros oito meses do ano anterior.

Levando-se em conta os resultados mencionados, o CAN teve elevação de 11,9% de janeiro a agosto, sobre iguais meses do ano passado, mantendo o ritmo acelerado da demanda, iniciado em meados de 2020. A participação do produto importado sobre a demanda local foi de 45% no período. Vale destacar que a alta das importações também está refletida na elevação do déficit na balança comercial total de produtos químicos, que alcançou US$ 27,24 bilhões nos primeiros oito meses deste ano, valor 41,7% maior do que o de igual período do ano anterior.

O uso da capacidade instalada ficou em 71% nos primeiros oito meses do ano, mesmo percentual alcançado em iguais meses do ano passado. No que se refere ao índice de preços, houve alta nominal de 41,66% no acumulado de janeiro a agosto deste ano.

Segundo diretora de Economia e Estatística da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), Fátima Giovanna Coviello Ferreira, os preços dos produtos químicos no mercado interno estão sendo impactados principalmente pelo mercado internacional, além de fortes pressões de custos internos, como elevação da tarifa de gás natural e de energia elétrica, encarecimento da logística interna e sobretudo da internacional, com impacto também sobre as matérias-primas básicas, desvalorização do Real em relação ao Dólar, pandemia e cenário político. O País passa também pela pior crise hídrica dos últimos quase cem anos, com poucas chuvas nas áreas dos reservatórios, o que deve afetar cerca de 60% da geração de eletricidade no Brasil. No período recente, para manter as térmicas gerando ao potencial máximo de energia, o país elevou as importações de gás natural, em especial dos Estados Unidos, movimento que também tem sido observado por outros países do continente americano, além de problemas com energia também na China, o que associado ao problema logístico internacional e a alta da demanda, tem refletido nos preços do GNL enviado à Europa e à Ásia, que estão em níveis recordes.

— A fabricação de produtos químicos de uso industrial é dependente de matérias-primas e de insumos energéticos, que atualmente se encontram com seus preços em patamares muito elevados no Brasil. A falta de competitividade e isonomia dos segmentos mais expostos ao mercado internacional e que trabalham com produtos que são transacionáveis é evidente e vem se acentuando nos últimos meses — assinala Fátima Giovanna. —O problema é estrutural e vem de décadas de estagnação e de falta de crescimento—.

Na comparação dos últimos 12 meses, de setembro de 2020 a agosto de 2021, sobre os 12 meses imediatamente anteriores, os índices de produção e de vendas internas exibem variações positivas, mas com recuo em relação aos resultados anteriores: produção +8,38% (contra +8,61% nos 12 meses imediatamente anteriores) e vendas internas +9,84% (ante +12,55% nos 12 meses anteriores). A parcela de exportações, com participação de cerca de 10% sobre o volume total produzido, caiu 16,1% nos últimos doze meses, até agosto de 2021, sobretudo pela prioridade dada ao atendimento do mercado interno, enquanto, em igual período, as importações cresceram 16,7%.

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