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Prazos de produção e venda de veículos para atender à fase L7 do Proconve

Montadoras devem ganhar mais três meses para terminar a montagem de veículos afetados pela falta de chips


As montadoras estariam próximas de obter no governo federal um parecer favorável a respeito dos prazos de produção e venda de veículos para atender à fase L7 do Proconve, o Programa de Controle de Emissões Veiculares, que entra em vigor a partir de 1º de janeiro para veículos leves, segundo texto da legislação de emissões.

Nas últimas semanas, uma espécie de força-tarefa envolvendo representantes da Anfavea em Brasília e executivos do setor foi formada para tentar articular junto com o Conama, o Conselho Nacional do Meio Ambiente, a extensão em cerca de três meses do chamado estoque de passagem, dispositivo empregado nesses casos de transição para auxiliar as montadoras no escoamento dos veículos produzidos até o fim de dezembro e que atendem à norma anterior (a L6), mas ainda não vendidos.

À reportagem, uma fonte ligada à entidade que representa a indústria afirmou que o órgão federal se mostrou sensível ao pleito das montadoras – parte delas mantêm em estoque um número expressivo de veículos com motorização L6 que estão montados parcialmente por causa da falta de componentes. O tema é considerado sensível uma vez que não haveria, neste momento, tempo hábil para montá-los e vendê-los até janeiro.

“O Conama deverá produzir uma portaria que prorroga em mais três meses o prazo do estoque de passagem, que iria, à princípio, só até março de 2022. Afora a questão do pouco tempo para finalizar estes veículos, as montadoras comprometeriam o período de férias coletivas de dezembro para produzir e escoar estes produtos que ainda são considerados inacabados”, disse o interlocutor.

De acordo com os dados da Anfavea, existe hoje um estoque total de 93 mil veículos novos no País, o que seria equivalente a 17 dias de vendas. Esta estimativa, no entanto, não considera o volume de veículos que aguardam a chegada de componentes para ter a sua montagem finalizada. “A situação é crítica a ponto de em alguns casos a montadora instalar o motor no automóvel apenas para que ele seja levado ao pátio”, contou a fonte.

Respiro, mas não alívio

Com o prazo estendido para além de março, as montadoras acreditam ter, portanto, margem para finalizar a montagem e realizar todo o processo de registro e emplacamento dos veículos L6 que ainda integram a oferta de algumas fabricantes no mercado brasileiro. A folga traz um respiro para o setor, não o alívio. Isso porque ainda são preocupantes as projeções traçadas acerca da normalização do abastecimento de componentes.

Em meio aos registros de produção e vendas em níveis historicamente baixos por causa da falta de chips, o setor espera que o abastecimento do componente eletrônico volte ao normal no Brasil apenas em 2023. Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, afirmou nesta semana que a indústria tem enfrentado dificuldades para programar a produção na cadeia de suprimentos, o que leva a constantes ajustes do ritmo de produção.

Ainda que algumas fabricantes, como Toyota, Nissan e Stellantis tenham anunciado expansão dos turnos de produção, ainda há casos de montadoras que estão recorrendo às férias coletivas ou ao lay-off para contornar a escassez de peças em suas linhas. A Volkswagen, por exemplo, suspendeu os contratos de parte do seu quadro na unidade de São Bernardo do Campo (SP), concedeu férias em São José dos Pinhais (PR) e paralisou novamente a produção em Taubaté (SP). A Renault também foi outra empresa que promoveu ajustes recentes em sua produção.

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