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O futuro da mobilidade será compartilhado, elétrico e conectado

Conheça os caminhos para transformar a indústria automotiva e democratizar o acesso à mobilidade urbana e suas inovações


Natália Scarabotto, AB

O futuro da mobilidade será compartilhado, elétrico e conectado. Essas três palavras definem a previsão de Silvia Barcik, head do VEC Itaú; Caique Ferreira, vice-presidente do Instituto Renault; e Ariane Marques, cofundadora do Observatório da Mobilidade. Durante o #ABX21, os palestrantes debateram as oportunidades da mobilidade e como o setor automotivo pode aproveitá-las.

Nos últimos anos, a popularização de aplicativos como o Uber e a 99, fez com que o carro próprio, que antes era desejo de consumo dos brasileiros, ficasse em segundo plano. Somado a isso, a era dos streamings e serviços por assinatura trouxe à indústria automotiva o desafio de se reinventar. Apenas vender carros deixou de ser tão atrativo.

Segundo o diretor de comunicação e vice-presidente do Instituto Renault, Caique Ferreira, “a indústria automobilística vive um momento importante de disrupção”. Os dois principais desafios atuais são a transição energética dos veículos e as novas soluções de mobilidade, como o compartilhamento.

“Estamos fazendo a transição para sermos uma empresa de tecnologia com soluções de energia e mobilidade”, aponta Ferreira. “Uma indicação de que esse o caminho é que temos claro que em 2030 a Mobilize será responsável por 20% do faturamento do Grupo Renault”, apontou Ferreira. Lançada no início deste ano, a Mobilize é a unidade de negócios focada no desenvolvimento de mobilidade e soluções de veículos elétricos.

Além disso, a Renault aposta em outros serviços como os carros por assinatura, iniciativa que tem se popularizado entre as montadoras no Brasil. Empresas como o Itaú também apostam no compartilhamento de veículos elétricos como o futuro da mobilidade.

Para a head do VEC Itaú, Silvia Barcik, o compartilhamento não é uma novidade, mas ganhou força recentemente. “A transformação digital associada aos carros elétricos deu esse 'boom' que a gente vê nos modelos de negócios de car sharing”, analisou. “Os elétricos facilitaram o compartilhamento porque simplificaram a complexidade da gestão do combustível da frota que existia antes.”

O VEC é um projeto-piloto que trabalha hoje com 90 mil colaboradores. Na visão de Silvia, os carros elétricos compartilhados, principalmente no ambiente corporativo, têm também o papel de servir como test-drive. “É uma oportunidade de as pessoas testarem um carro elétrico que não é tão acessível, por enquanto”, disse.

Ela ressaltou ainda que as soluções de car sharing precisam ser pensadas localmente.  “Não dá para colocar o mesmo modelo de uma cidade em outra: solução de mobilidade sempre vai ser muito personalizada. Quando olhamos o carro, a gente tem a customização do veículo para um determinado país e os consumidores daquele país. Mas quando falamos em mobilidade a questão local conta ainda mais. Por isso, faz sentir termos soluções para grandes centros, onde a mobilidade é um problema.”

Fora dos grandes centros, a cofundadora do Observatório da Mobilidade, Ariane Marques, a mobilidade compartilhada “vai ser uma parte da solução para ajudar as pessoas a terem acesso a mobilidade, de forma mais comunitária”. O Observatório tem percorrido cidades do interior do país para entender como acontece a mobilidade nas cidades menores e mais afastadas.

“Saímos de uma aldeia indígena e eles não têm nenhum carro para ir até a cidade. Hoje o Uber chega, mas é muito caro e só conseguem usar uma vez por mês”, compartilhou Ariane sobre a experiência. “Lá é um lugar que o compartilhamento funcionaria, talvez até o carro elétrico, colocando a geração de energia renovável.”

O desafio para levar a mobilidade elétrica para fora dos grandes centros é o tamanho do Brasil e a grande infraestrutura que seria necessária nas rodovias para garantir o acesso de uma cidade a outra. “Em alguns locais é difícil os carros elétricos chegarem, mas a população criou outras iniciativas. A indústria automotiva precisa sair um pouco do centro de São Paulo e procurar essas pessoas de outros Estados, como Rondônia e Mato Grosso, para que elas ajudem a levar o que já existe de produtos e serviços para outras pessoas.”

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