A Lei de Investimentos e Empregos em Infraestrutura do presidente dos EUA, Joe Biden, foi vista como uma resposta econômica à pandemia de coronavírus, e mais importante ainda, também melhorará a vida dos americanos. A lei, acompanhada pelo Build Back Better Act, aprimora o transporte nos EUA, com estradas e pontes mais rápidas e seguras; melhora a segurança e agiliza as cadeias de suprimentos por meio de investimentos em portos e aeroportos, bem como aborda a qualidade e a resiliência da água.

Atualizações de infraestrutura semelhantes estão sendo realizadas em todo o mundo, e não sem um certo atraso. Da União Europeia à China, Índia e Austrália, os gastos em sistemas de transporte, redes de comunicação e suprimentos de serviços públicos estão aumentando em 2022, e além. A crescente importância e a necessidade de uma infraestrutura mais inteligente, confiável e resiliente vêm sendo reconhecidas em todo o mundo.

Ventos de mudança

Vários desafios estão forçando os governos a reconstruir melhor. A mudança climática é um fator a favor, mas é apenas a ponta do iceberg. Ativos de infraestrutura antigos e a rápida urbanização levam a redes de serviços frágeis e suscetíveis à interrupção. Contribuem ainda para esse cenário as ameaças físicas e de segurança cibernética, a pandemia global, os preços de energia voláteis a impulsionarem a variabilidade de custos e uma mudança para o mix de energia verde que torna a resposta à demanda de energia vulnerável a interrupções. Cada um faz a sua parte.

Mas também há imperativos de negócios. Uma infraestrutura modernizada aumenta a confiabilidade e a disponibilidade das redes de serviços interdependentes. Várias partes interessadas e planejadores de cidades podem tomar decisões mais rápidas e mais bem informadas, ao mesmo tempo que aceleram a resposta a crises. Consequentemente, torna-se necessária a modernização das operações de infraestrutura, para evitar essas interrupções e garantir a resiliência e disponibilidade das redes e instalações de serviços.

Como em outros setores, as autoridades de infraestrutura estão agora aproveitando a tecnologia para fornecer resultados holísticos que melhoram a qualidade de vida dos cidadãos, ao mesmo tempo que melhoram os resultados ambientais, sociais e econômicos. No processo, as ferramentas digitais estão sendo integradas aos ativos físicos para soluções otimizadas e responsivas, uma transformação conhecida como Infraestrutura 4.0.

Em documento, o Fórum Econômico Mundial observa: “Ao usar a tecnologia como um facilitador, com foco na melhoria dos resultados para as pessoas e a natureza, é possível garantir que a infraestrutura sirva como uma plataforma para conectar o mundo construído, o meio ambiente e as vidas humanas de uma maneira que todos os três prosperem”.

Essas infraestruturas inteligentes compensam de várias maneiras. Elas, invariavelmente, contribuem para impulsionar emissões líquidas zero de carbono. A segurança e proteção -- seja física ou cibernética -- de bens, pessoas e ativos também são aprimoradas. E uma infraestrutura modernizada tende a ter melhor conformidade regulatória.

Rumo à Infraestrutura 4.0

A modernização da infraestrutura deixou de ser “desejável” e passou para o estágio de “obrigatória”. Usando tecnologias como a Internet Industrial das Coisas (IIoT), nuvem e Inteligência Artificial (IA), os operadores de infraestrutura podem modernizar e desbloquear o verdadeiro potencial da infraestrutura 4.0. Vamos rever cinco maneiras pelas quais a Infraestrutura 4.0 já está pagando dividendos:

• Elimine os silos: Cidades inteligentes como Barcelona e Nava Raipur estão colhendo os benefícios da abordagem de “sistema de sistemas” da AVEVA para resolver os complexos desafios que enfrentam. Para prosperar nos tempos desafiadores em que vivemos, as cidades passam a exigir uma integração perfeita de seus sistemas, sites, ativos e pessoas com os de parceiros. Um centro de operações unificado pode proporcionar uma visão centralizada para ajudar todas as partes envolvidas a tomarem decisões com base em informações.
• Otimize as operações: Para o Porto de Portland, no Oregon (EUA), a simplificação das operações ajudou a movimentar mais de 30 milhões de toneladas de carga em suas instalações a cada ano, reduzindo em pelo menos 65% o estoque nas lojas de equipamentos elétricos. A manutenção preventiva e o gerenciamento de ativos ajudam as autoridades portuárias a conectarem pessoas e ativos com dados em tempo real que otimizam as operações, preveem resultados e fornecem orientação baseada em riscos, garantindo assim a continuidade dos negócios, maximizando o retorno do capital e aumentando a segurança e a confiabilidade.
• Garanta a confiabilidade do serviço: Redes de transporte eficientes exigem soluções de monitoramento e controle em tempo real. Os operadores ferroviários, por exemplo, gerenciam centenas de trens e milhares de operações individuais a qualquer momento. Eles precisam de tecnologias operacionais altamente robustas para atender aos fluxos de informações em tempo real, a confiabilidade das comunicações e a redundância do sistema. A Ferrocarrils de la Generalitat de Catalunya enfrentou o problema de entregar um novo sistema de supervisão sem interromper os serviços existentes, como máquinas de venda de bilhetes, escadas rolantes, controle de acesso. Por meio de um pacote integrado de interface de gerenciamento de operações, histórico de dados e software de visualização HMI, o operador conseguiu o gerenciamento remoto de todos os processos ferroviários juntamente com o monitoramento centralizado da rede.
• Reduza custos: as concessionárias, incluindo as de água e esgoto, precisam de métodos de engenharia altamente eficientes, otimização do fornecimento de energia e monitoramento de conformidade contextualizado para manter a segurança, o tempo de atividade do serviço e a sua entrega a custos acessíveis. A transformação digital pode ajudá-las a alcançarem eficiência de receita em termos de despesas operacionais e despesas de capital. Ao combinar fluxos de dados de diferentes ativos em um software de mapeamento usando a solução AVEVA PI System, o White House Utility District, no Tennessee (EUA), encontrou um vazamento que derramava cerca de 147 milhões de galões de água por ano, o suficiente para abastecer 2.239 residências -- em um período de quatro dias. A concessionária adiou em uma década um investimento de capital de pelo menos US$ 15 milhões, reduziu os custos em US$ 1 milhão, recuperou US$ 900 mil em água e recuperou US$ 30 mil em tempo gasto com empregados.
• Empodere equipes distribuídas: as soluções descentralizadas têm mais importância do que nunca nos últimos tempos, em parte por oferecer melhor durabilidade, escalabilidade e eficiência. O projeto Shanghai Laogang, a maior usina de transformação de resíduos em energia do mundo, alcança tudo isso simplificando suas operações de cadeia de suprimentos. Ao transformar dados de várias fontes de informação e sistemas em insights acionáveis, as equipes de engenharia e projetos em toda a organização foram capazes de melhorar os fluxos de trabalho colaborativos enquanto desfrutavam de acesso a atualizações regulares de EPC e plantas. Da mesma forma, o software de projeto de engenharia 3D melhorou a colaboração, reduziu os custos do projeto e evitou mais de 200 conflitos de construção.

Projetos de infraestrutura que implementam soluções digitais atualizadas relatam ganhos comuns, como maior resiliência, reduções nos custos totais de despesas, ambientes globais colaborativos, ciclos de operações mais rápidos e eficazes, redução de resíduos e emissões e melhor eficiência em toda a cadeia de valor. O gerenciamento de infraestrutura inteligente tem um papel essencial a desempenhar na solução dos desafios enfrentados pelos responsáveis pelo planejamento agora e no futuro.

Como o documento do Fórum Econômico Mundial aponta para um mundo que está se recuperando gradualmente da pandemia, o próximo boom de infraestrutura apresenta uma janela de oportunidade para fazer melhorias críticas que afetarão as gerações futuras. Quanto mais rápido adotarmos a Infraestrutura 4.0, mais rápidos serão os dividendos à nossa frente.

Nando Rodrigues <nando@gpcom.com.br>