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Anfavea prepara uma nova reunião com o governo federal

Paulo Guedes, ministro da Economia, deve receber Anfavea para discutir semicondutores e fornecedores estratégicos do segmento


Giovanna Riato, AB

A Anfavea, associação que representa as montadoras instaladas no Brasil, prepara uma nova reunião com o governo federal. O objetivo do encontro é dar sequência à conversa aberta no início de maio, quando a entidade, acompanhada dos presidentes das principais fabricantes de veículos, estiveram em Brasília (DF) para a cerimônia de posse de Márcio de Lima Leite como presidente da organização e para uma reunião com o ministro da Economia, Paulo Guedes.

Em coletiva de imprensa na terça-feira, 10, o novo líder da Anfavea diz que a associação está em contato com a pasta para abrir uma nova agenda e aprofundar a discussão. Segundo ele, Guedes entendeu que é importante “reorganizar o setor produtivo no Brasil” e a indústria automotiva é parte dessa estratégia, já que representa 20% do PIB (Produto Interno Bruto) industrial do país. O executivo avisa: a meta do encontro não é obter benefícios, mas debater competitividade.

“Nós não vamos pedir nada ao governo. O Brasil e o setor precisam discutir novas oportunidades, que é uma conversa boa de ter. Não podemos perder o timing”, diz Leite, destacando que o fator tempo é especialmente sensível diante das transformações do segmento. 

Semicondutores e fornecedores estratégicos estão na agenda automotiva

Segundo o novo presidente da Anfavea, o combinado é abordar três temas principais. O primeiro é competitividade de forma geral e o famigerado Custo Brasil. O segundo assunto é a cadeia de fornecimento de semicondutores. A associação se comprometeu a fazer uma projeção sobre quando a falta de chips eletrônicos deve se normalizar.

Relacionada a esta, outra lição de casa da Anfavea é um estudo de quais são os insumos estratégicos que precisam ser nacionalizados para o setor automotivo. O objetivo é levar em conta a reorganização da cadeia automotiva global após o impacto da pandemia e diante do avanço de novas tecnologias, como carros elétricos.

Para Leite, é essencial que o país entenda quais componentes e tecnologias precisa produzir localmente para garantir que a indústria automotiva prospere nos próximos anos. 

“Temos um setor forte, que responde por 36% do investimento em pesquisa e desenvolvimento feito no país. Precisamos definir qual é o nosso projeto de produção de novas tecnologias no Brasil. Caso não façamos isso agora, corremos o risco de nos tornar importadores”, diz.

Ele complementa: “Temos toda a condição de receber novos investimentos globais”. Leite conta que há uma série de componentes e sistemas que precisam ser nacionalizados nos próximos anos para garantir a competitividade do setor automotivo nacional. Os próprios semicondutores estão nessa lista.

Segundo ele, nacionalizar chips eletrônicos é um projeto que demandaria investimentos da ordem de R$ 2 bilhões de fornecedores da área. Caso essa indústria se desenvolvesse localmente, Leite entende que certamente teriam as montadoras como clientes e parceiras no desenvolvimento de projetos.

Mercado automotivo brasileiro é promissor, mas precisa resolver problemas

O executivo entende que montadoras e governo precisam priorizar o desenvolvimento dessa visão estratégica do ecossistema automotivo antes de dar novos passos. “Um país que tem capacidade produtiva anual de 4,5 milhões de veículos deve olhar para o que é essencial nessa cadeia de valor.”

Na visão dele, com esse caminho pavimentado, o mercado para vender tantos veículos tem tudo para deslanchar: 

“Temos potencial de acordos comerciais com outros países para exportação, uma frota brasileira envelhecida que precisa de renovação e descarbonização, além de um mercado consumidor gigante”, enumera como elementos que demonstram um bom potencial futuro.

Leite aponta que o caminho é pensar além da situação atual da indústria e criar soluções para esse segmento no futuro. “Com serenidade e visão de longo prazo podemos aproveitar uma série de oportunidades”, resume.

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