Redução de emissões da indústria química pode acelerar transição verde na América do Sul

Circularidade no uso de matérias-primas, novas tecnologias e fontes renováveis são objetivos do setor no continente.


A indústria química é peça-chave para mitigar os impactos das mudanças climáticas e a desenvolver insumos que contribuam para uma economia de baixo carbono em toda a cadeia produtiva. As vantagens comparativas relacionadas às suas riquezas naturais fazem da descarbonização na América do Sul um ativo competitivo a nível internacional.

Estimativas da ONU apontam que países de renda média e baixa, como os da América do Sul, precisarão investir entre US$ 215 bilhões a US$ 387 bilhões anualmente, até 2030, para se adaptarem às mudanças climáticas. Levantamento da Confederação Nacional das Indústrias (CNI) apresentado em 2023 na COP28, em Dubai, nos Emirados Árabes, estima que serão necessários cerca de R$ 40 bilhões para descarbonizar a indústria brasileira até 2050. Investimentos e movimentações já estão sendo feitas pelas empresas químicas e, na BASF, as emissões de carbono estão seguindo à risca as metas globais da companhia.

A BASF possui, a nível global, estratégias de redução de suas emissões de CO2. Como uma empresa com uso intensivo de energia, a responsabilidade pelo uso eficiente da energia e pela proteção do clima faz parte das ambições da multinacional alemã com o Acordo Climático de Paris. Até 2050, a empresa pretende atingir emissões líquidas zero de carbono em seus processos produtivos, a partir do consumo de energia e de matérias-primas. “Isso significa que todas as nossas emissões de carbono serão compensadas via investimentos em novas tecnologias, mudanças no processo produtivo e inovações em pesquisa e desenvolvimento”, explica Rodolfo Viana, gerente Sênior de Sustentabilidade da BASF América do Sul.

Antes da neutralidade climática em 2050, a empresa estipulou metas já em 2030, como reduzir em 25% as emissões de gases de efeito estufa – tendo base o ano de 2018 - enquanto aumenta os volumes de produção paralelamente. Para conquistar esses resultados, serão investidos, globalmente, até o final da década, um montante que pode chegar a €4 bilhões.

O sucesso deste processo passa pela contabilidade das emissões de carbono. Para reduzir a pegada de carbono dos produtos, a empresa possui metodologia e ferramentas próprias para calcular suas emissões. A companhia desenvolveu e disponibilizou uma ferramenta digital, chamada de SCOTT – abreviatura de “Strategic CO2 Transparency Tool”, em tradução livre, ferramenta estratégica para transparência de CO2 –, que passou a ser comercializada para o mercado a partir da licença para terceiros.

Quando o foco são seus produtos, a BASF utiliza essa metodologia para mensurar a pegada de CO2 de mais de 45 mil insumos vendidos globalmente. “Com a SCOTT, é possível proporcionar aos diferentes atores da cadeia produtiva transparência do impacto das emissões de carbono dos produtos, principalmente no que se refere às emissões de Escopo 3, que estão diretamente ligadas às operações de uma empresa não associadas a seus produtos e serviços. Com isso, é possível trazer credibilidade, transparência e padronização das informações”, afirma Rodolfo.

Entre os investimentos recentes realizados pela companhia para redução das emissões, a Suvinil, marca de tintas decorativas da BASF, por sua vez, realizou um aporte de R$ 50 milhões na planta de São Bernardo do Campo (SP) para a implementação de um projeto de modernização da fábrica, idealizado 100% no Brasil. A iniciativa consiste em promover a redução de 25 para 15 no número de ingredientes necessários para fabricação das tintas, tornando a produção mais eficiente e sustentável. O principal impacto ambiental dessa iniciativa está na redução de cerca de 65% na pegada de carbono devido ao uso de menor quantidade de ingredientes na fórmulas das tintas.

“Produtos e inovações baseados na química são a chave para um futuro com neutralidade climática”, destaca Viana. Fomentar soluções com pegada de carbono menor também pode se tornar fonte de sobrevivência no mercado atual. Levantamento da Deloitte aponta que eventos climáticos extremos e seus consequentes danos à Indústria podem reduzir a capacidade de produção na América do Sul em US$ 3,5 trilhões até 2070.

Para além do carbono, dentro deste objetivo de contribuir para um futuro mais sustentável, o conceito de economia circular também é fundamental para alcançar as metas de redução de emissões. “Assim, investimos para desenvolver inovações em ciclos de materiais, em matérias-primas circulares, bem como novos modelos de negócios”, descreve o gerente.

Estas soluções inovadoras somam tecnologias para reciclar resíduos como recursos, aumento de matérias-primas recicladas e renováveis, além da digitalização inteligentes e serviços para novos modelos de negócio.

Estações de pesquisa sustentáveis

Em 2023, a BASF anunciou uma importante mudança nas suas Estações de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da Divisão de Soluções para Agricultura. A companhia passou a adquirir energia elétrica de fontes renováveis para as estações em Santo Antônio de Posse (SP), Sinop (MT) e Rio Verde (GO). A partir da mudança, as unidades passaram a receber energia elétrica proveniente de fontes renováveis fornecida pela Raízen Power. Nas estações onde a troca foi realizada, no ano passado, a emissão de 88,2 toneladas de CO2 foi evitada.

Em 2024, a economia será ainda maior: além de completar um ano no novo modelo, a BASF reduzirá em mais de 90% as emissões de carbono de Escopo 2 (referentes à energia elétrica) em estações de P&D da Divisão, somando o centro de pesquisa de Trindade (GO). Nesta estação, inclusive, foi instalado um sistema fotovoltaico para geração de energia elétrica no bombeamento de água destinada à irrigação de ensaios de campo e em casas de vegetação. Em 2023, foram bombeados cerca de 40.000 m³ de água com o sistema, gerando economia financeira e mais sustentabilidade.

Levantamento da Deloitte aponta que eventos climáticos extremos e seus consequentes danos à Indústria podem reduzir a capacidade de produção na América do Sul em US$ 3,5 trilhões até 2070 “Em nossas projeções até 2026, a América do Sul será responsável por utilizar 100% de energia elétrica proveniente de fontes renováveis. A título de comparação, Estados Unidos e Europa utilizarão cerca de 25% e 50%, respectivamente, de sua energia elétrica proveniente de fontes renováveis. Isso mostra que a produção química da BASF na América do Sul será uma das mais sustentáveis da companhia no mundo todo”, finaliza Rodolfo.

Larissa Batalha <larissa.batalha@maquinacohnwolfe.com>

 

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