BMW parece apostar apenas no mercado doméstico
Automotive Business -
Marca não tem planos para enviar veículos a outros países e se diz pronta para fazer carros elétricos quando houver demanda
Apesar de ter anunciado um incremento de 10% na produção da fábrica de Araquari (SC), a BMW parece apostar apenas no mercado doméstico. A fabricante diz não ter planos de vender os carros feitos no Brasil para outros mercados da América do Sul. Ao menos por enquanto.
Questionada sobre isso, a BMW destacou que a empresa “está constantemente avaliando” o mercado da região, mas, por enquanto, a ideia é seguir produzindo apenas para o Brasil.
“Fazemos um planejamento específico para cada planta pensando para quais mercados cada uma delas vai produzir. Isso é decidido de acordo com as peculiaridades de cada local. No caso de Araquari, a ideia (de construir a fábrica) surgiu em 2012 com o Inovar-Auto e, desde o começo, nosso foco está no Brasil. Isso não significa que podemos mudar de ideia no futuro, mas, neste momento, é assim que as coisas estão funcionando”, disse Reiner Braun, presidente e CEO da BMW América Latina.
Fábrica da BMW pode fazer carros elétricos se houver demanda
Prestes a completar 10 anos de operações no Brasil, a fábrica de Araquari (SC) está prestigiada junto ao alto escalão da marca nas Américas.
No começo do ano, a BMW confirmou a produção do X5 híbrido plug-in em Santa Catarina. A fabricante garantiu que está pronta para nacionalizar até carros elétricos - desde que haja mercado para tal.
“A produção segue a demanda do mercado. Em Araquari podemos produzir motores a combustão, com ou sem tecnologia flex, e híbridos do tipo plug-in. Se a demanda do mercado for grande o suficiente, nós temos condições de produzir carros elétricos”, disse Reiner.
Tecnologia flex não será exportada
O executivo veio ao Brasil para acompanhar a visita de Sebastian Mackensen, presidente e CEO da BMW América do Norte e diretor geral do BMW Group na região das Américas.
Mackensen, que realiza constantes visitas à região, disse que o Brasil passa por um “enorme processo de transição” que acontece “em velocidades distintas até dentro dos próprios países”.
“Pensando no Brasil, as vendas de carros elétricos em São Paulo podem ser bem diferentes de uma cidade como Manaus por causa da infraestrutura existente em cada local. Nos EUA temos mais história por causa de uma grande marca (Tesla) que investiu em infraestrutura. Hoje, 30% a 40% das concessionárias vendem exclusivamente carros elétricos. Então, não há como dizer que você precisa fazer isso ou aquilo em todos os mercados porque cada um tem suas peculiaridades”.
Embora tenha admitido que é difícil exportar a tecnologia flex para outros países, Mackensen enalteceu sua importância nos carros da BMW e não descarta estendê-la a outros modelos.
“Entendo que é um tópico muito relevante para esse mercado, mas não temos muitos mercados onde podemos estender essa tecnologia - na Alemanha, por exemplo, o nível de etanol na gasolina não passa de 10%. Essa questão é constantemente levantada para nós e podemos pensar em expandi-la no futuro”.
Motores a combustão não vão morrer
Esse ritmo parece cada vez mais acelerado no Brasil. Líder do mercado de luxo há cinco anos, a BMW viu as vendas de carros eletrificados responderem por 25% do total de 15.113 unidades vendidas pelo grupo BMW em 2023. Em relação ao ano retrasado, a demanda pela gama de carros híbridos e elétricos teve aumento de 31%.
Apesar do avanço da eletrificação, Mackensen ressaltou que a marca não pretende abandonar os motores de combustão tão cedo.
“Estamos totalmente comprometidos a participar dessa transição. Nunca falamos em deixar de oferecer motores a combustão. Há oportunidades e existe uma abertura de tecnologia na qual estamos abertos a atender as diferentes necessidades. Ainda não posso falar muito sobre isso, mas estamos trabalhando de forma intensa para atingir as metas de zero emissões em vários mercados”.
Concorrência chinesa é bem-vinda
Assim como em outros mercados importantes para a BMW, o Brasil testemunha uma nova “invasão chinesa”. Desta vez, porém, marcas como BYD e GWM chegam ao país com produtos modernos, requintados e, principalmente, com preços atraentes.
Apesar disso, Mackensen disse que não teme a concorrência asiática.
“Desde quando estou neste mercado, eu nunca vi a BMW ser a única no mercado. Agora estamos testemunhando a entrada de novas marcas e estive no Salão de Pequim em abril, e foi muito interessante ver tantas novidades. Eles são bem-vindos, mas estamos por aí há algum tempo e viemos para ficar. Vamos trabalhar para seguir com nossos clientes e o futuro vai dizer o que acontecerá”.