Vendas de veículos encerraram o primeiro semestre com alta de 15%

Entidade baseia a revisão das suas projeções no histórico de vendas no período e nas demandas que vem do Sul do país


Bruno de Oliveira

As vendas de veículos de fato encerrar o primeiro semestre com alta de 15% sobre o volume registrado nos seis meses do ano passado, conforme antecipou vice-presidente da república Geraldo Alckmin na semana passada.

Ao todo, foram emplacados 1,077 milhão de automóveis e comerciais leves no país, na primeira metade do ano. Considerando o total de emplacamentos, com os números de pesados, os licenciamentos chegaram a 1,143 milhão de unidades, 14,5% a mais sobre o janeiro-junho do ano passado.

O resultado foi considerado positivo pela Fenabrave, a entidade que representa o setor de distribuição de veículos no Brasil. A animação em torno do desempenho é tamanha que a sua projeção de emplacamentos para o ano foi revisada para cima: de alta de 12% para 14,7% a mais sobre 2023.

A entidade se fia na queda da inadimplência vista no país, o que, segundo o presidente Andreta Jr, tem feito com que as instituições financeiras liberassem mais crédito aos clientes pessoa física para a compra de modelos leves, por exemplo.

A projeção também se baseia, segundo o representante da entidade, no histórico que o segundo semestre tem de vendas maiores ante o volume vendido no primeiro. Será neste período, disse Andreta Jr, que uma eventual demanda reprimida no Rio Grande do Sul, será atendida pelas concessionárias.

Demandas do Sul representam volumes extras

"Esse volume de vendas previsto para acontecer no Rio Grande do Sul, que teve muitas perdas e as seguradoras terão de ser acionadas para repor o que se perdeu, pode influenciar, inclusive, em uma nova revisão das nossas projeções para o ano", contou o presidente da Fenabrave na quarta-feira, 3.

O representante dos distribuidores de veículos contou, ainda, que esse volume de vendas maior no segundo semestre virá de um mix formado em partes iguais por pedidos de pessoas físicas e, também, de pessoas jurídicas na figura dos frotistas que compram veículos via venda direta.

Se o consumidor PF vai conseguir acesso aos financiamentos, e topar encarar prestações com juros atrelados a uma taxa Selic em patamar considerado alto, fora o famoso "ver para crer" proporcionado pelas eleições municipais, será preciso esperar o mês de dezembro para observarmos um retrato mais preciso.

Pelos lados dos frotistas, no entanto, há de certa forma um apetite de compra de veículos leves interessante programado para ocorrer justamente no segundo semestre do ano, o que pode dar sustentação às projeções da Fenabrave.

Segundo uma fonte ligada ao setor de frotas, a previsão de compras das locadoras para o segundo semestre é de cerca de 600 mil unidades. Desse total, 210 mil unidades já foram negociadas.

Para efeito de comparação, em junho os emplacamentos totais de veículos, dentre leves e pesados, somaram 214,3 mil unidades. 10% a mais sobre maio e 13% a mais sobre junho do ano passado.

Concessionárias estão para vender o que vier

Se por um lado as montadoras estão preocupadas com o aumento da participação de veículos chineses importados o mercado doméstico, pelo outro as concessionárias parecem não sentir nenhum efeito negativo que possa levá-las a recorrerem a algum pedido especial ao governo, assim como fizeram as fabricantes.

"Nós estamos aqui para vender o que o mercado quer, não importa se é veículo importado, nacional, elétrico, a gasolina ou a carvão", disse Andreta Jr.

De qualquer forma, há sim um efeito da ofensiva das novas marcas operando no país nos negócios das concessionárias. O presidente da Fenabrave informou que ainda é preciso esperar um pouco para auferir números mais precisos, mas, de fato, as novas marcas aumentaram o número de concessionárias no país.

No período mais crítico da pandemia, o volume de pontos de vendas no Brasil, depois de uma série de fechamentos ocorridos por causa da crise sanitária, era de 3,9 mil lojas. Hoje, segundo números da própria Fenabrave, são pouco mais de 4,1 mil lojas em operação no mercado.

Independentemente do desempenho que venha a ter o setor de distribuição de veículos no segundo semestre, o fato é que a Fenabrave já tem programada uma nova revisão das projeções para acontecer, no caso, em outubro. O vaticínio de como será o ano em números, portanto, ocorrerá nesta oportunidade.

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