Geely traça planos ambiciosos para retornar ao mercado brasileiro
Automotive Business -
Estratégia do grupo chinês depende do desempenho de suas marcas no país
A Geely, gigante chinesa do ecossistema automotivo, traça planos ambiciosos para retornar ao mercado brasileiro, desta vez sem intermediários. Até mesmo porque, na última década, a passagem da empresa pelo Brasil foi marcada por desafios. Tanto que a empresa deixou o país de modo conturbado em 2016.
O recente sucesso de outras marcas chinesas no Brasil, contudo, reacendeu o interesse da Geely em operar no país de forma autônoma. E, até mesmo, quem sabe, com investimentos relevantes.
Recentemente, marcas do conglomerado, como Polestar, Riddara e Zeekr, anunciaram a entrada no mercado brasileiro por meios distintos, como parcerias com distribuidores locais. A Zeekr, em particular, já tem a aprovação da matriz para iniciar suas operações.
A Geely, vale frisar, está de olho em uma abordagem que difere dos avanços de conterrâneas como GWM e BYD. A estratégia do grupo envolve cuidadoso estudo do desempenho de suas supracitadas marcas no Brasil.
A empresa, todavia, bem como suas pares chinesas, avalia o impacto dos impostos de importação sobre veículos elétricos a fim de planejar uma possível estratégia de longo prazo para estabelecer uma presença sólida no país.
Desse modo, de forma mais, digamos, cautelosa, a Geely pretende operar no futuro sem a necessidade de intermediários locais. Em eventos na China, executivos da Geely consultaram, inclusive, a imprensa brasileira para entender melhor as particularidades do mercado nacional.
Geely tem uma infinidade de marcas
Atualmente, a Geely tem mais de uma dezena de marcas sob seu guarda-chuva, incluindo a renomada Volvo Cars. Entre as favoritas para uma possível entrada no Brasil estão a Smart, que já teve presença no país via Mercedes-Benz, e a Lynk & Co, conhecida por seus veículos de pegada premium baseados na mesma plataforma do Volvo XC40.
Além dessas, a própria marca Geely pode ressurgir no mercado brasileiro. A empresa, que evoluiu significativamente desde sua última passagem pelo país (com o pequeno GC2 e o sedã EC7 via Grupo Gandini que duraram apenas um ano no mercado), agora oferece modelos eletrificados de entrada que podem se adaptar bem às demandas locais. Isso sem contar seus veículos premium - que atenderiam a outro segmento.
Mas o portfólio é vasto, e inclui ainda marcas de prestígio como Lotus e a revitalizada Lifan. Esta última, após declarar falência em 2020, foi adquirida e relançada pela Geely dois anos depois, destacando a capacidade do grupo de transformar e revitalizar marcas.
A entrada independente da Geely no Brasil sinaliza um movimento estratégico significativo, refletindo tanto a confiança no crescimento do mercado automotivo local quanto a ambição de expandir sua presença globalmente.
Tanto é que interlocutores do grupo não descartam investimentos em nosso mercado, seja em centros de pesquisa e desenvolvimento e, até mesmo, em uma possível unidade fabril. Isso, claro, passa pela minuciosa análise da região e da aceitação dos produtos da empresa no Brasil.
Vale ainda ressaltar que o grupo já dispõe de representantes no Chile — mercado, claro, que tem suas particularidades e se distingue em inúmeros aspectos em relação ao nosso. Por isso o interesse da Geely no Brasil, um país que, inclusive, poderá se tornar, caso tudo siga conforme a música, num hub exportador do grupo a longo prazo.