Empresas associadas à Abraciclo tiveram o melhor semestre da indústria de motocicletas desde 2012

Dados da Abraciclo indicam 868,1 mil unidades produzidas até junho


Vitor Matsubara

As empresas associadas à Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares) tiveram o melhor semestre da indústria de motocicletas desde 2012.

Foram produzidas 868,1 mil unidades, representando um aumento de 13,5% frente ao mesmo período do ano passado.

Deste montante, as motocicletas de entrada, com motorização até 160 cm3, representaram 78,6% do volume total. Realizando a divisão por categorias, o segmento de Street domina as vendas com mais de 48%.

Houve também motivos para celebrar no número de emplacamentos no varejo. Com 933,2 mil unidades licenciadas de janeiro a junho deste ano, o resultado foi o melhor no semestre desde 2008.

"O cenário econômico ainda continua favorável, mesmo com a alta do câmbio. A motocicleta continua sendo uma ferramenta de uso profissional e bastante eficiente", declarou Marcos Bento, presidente da Abraciclo.

Abraciclo não muda projeção para o ano

Embora tenha obtido um bom resultado nos seis primeiros meses, Bento manteve a projeção de 1,690 milhão de unidades produzidas para 2024. Além da "leve redução" no volume de exportação, o executivo considerou dois fatores climáticos no país: a expectativa de um período de seca e a tragédia que assolou o Rio Grande do Sul.

"É uma projeção extremamente positiva, o que significaria um crescimento de aproximadamente 7,5% se comparado com o ano de 2023", declarou.

Perguntado sobre a queda no número de unidades vendidas para outros países, o presidente da Abraciclo afirmou que a qualidade do produto nacional acaba interferindo no resultado.

"Por mais paradoxal que pareça, o nível de qualidade do produto feito no Brasil é de primeiro mundo. Então nós exportamos para países como Estados Unidos e Canadá. Só que, para atingir altos volumes de exportação, seria necessário vender mais unidades para os países vizinhos, como a Argentina, que passa por uma situação econômica delicada e não compra tanto quanto antes".

Associação cobra definição sobre IPI

Perguntado sobre eventuais reivindicações realizadas junto ao governo, Bento afirmou que alguns pleitos do segmento de motocicletas não foram atendidas na primeira fase do Mover.

O presidente da Abraciclo disse que as questões giram, principalmente, em torno do "crédito presumido, níveis de restituição da indústria e especialmente as garantias relativas ao IPI".

"Precisamos relembrar que os produtos produzidos na Zona Franca de Manaus são vendidos sem o IPI e esse imposto chega para o cliente final para que o produto tenha um preço mais acessível para o consumidor. Isso não é um benefício para a indústria, e sim para o consumidor final. Então essa proteção precisa estar clara e definida também na lei complementar, não só para que a indústria do Amazonas mantenha a competitividade, mas também para que o consumidor possa adquirir bicicletas e motocicletas com preços acessíveis e sem a tributação do IPI", declarou.

Bento afirmou que espera por mudanças nos próximos meses.

"Fizemos várias discussões e reuniões, e esperamos que, no segundo semestre, haja uma completa aceitação para que, efetivamente, possamos manter a competitivdade da indústria de duas rodas e da Zona Franca de Manaus".

Publicidade