Brasil teve o maior percentual de eletricidade renovável do G20 em 2023

A sede do G20 deste ano gerou 89% da sua eletricidade a partir de fontes renováveis, três vezes a média global de 30%. 


O Brasil teve o maior percentual de eletricidade renovável do G20 em 2023, segundo análise do think tank global de energia Ember. A sede do G20 deste ano gerou 89% da sua eletricidade a partir de fontes renováveis, três vezes a média global de 30%. Como resultado, o Brasil tem as menores emissões per capita do setor elétrico do G20.

O estudo foi lançado nesta quinta-feira (11) em uma coletiva com a presença de especialistas dos campos da ciência climática e das emissões do setor de energia, incluindo pesquisadores do Indicators of Global Climate Change (IGCC): Kostantsa Rangelova, analista global de eletricidade da Ember; Piers M. Forster do IGCC, Centro Priestley, Universidade de Leeds; Joeri Rogelj do IGCC, Centro de Política Ambiental do Imperial College London; e Amanda Ohara, coordenadora da Iniciativa de Energia e Amazônia do Instituto Clima e Sociedade (iCS). A moderação foi de Shigueo Watanabe Jr., especialista em mudanças climáticas do Instituto ClimaInfo e do Instituto Talanoa.

“O Brasil é uma superpotência em energias renováveis”, afirma Kostantsa Rangelova, analista da Ember. “O país começou na frente na corrida das energias renováveis graças à sua forte base hídrica, mas continuou a correr rumo à linha de chegada com a energia eólica e solar. O restante do G20 deveria seguir o modelo de sucesso do Brasil e liderar a transição global para um futuro energético sustentável", completa.

A energia hidrelétrica há muito é a espinha dorsal do setor elétrico do Brasil, mas o recente boom das energias eólica e solar consolidou a posição do Brasil, segundo o relatório, como uma potência global em energias renováveis. "As energias eólica e solar forneceram 21% da eletricidade do Brasil em 2023, contra apenas 6% em 2016. O Brasil registrou o segundo maior aumento anual do mundo na geração eólica e solar em 2023, atrás apenas da China", aponta o estudo.

"O país tem a faca e o queijo na mão, mas falta um posicionamento mais ambicioso quanto a reduzir a participação de fósseis na matriz e na economia nacional", alertou a pesquisadora brasileira, Amanda Ohara do iCS. "As pressões para acomodar os interesses das indústrias de energia fóssil são uma ameaça à liderança do Brasil na descarbonização mundial".

Brasil como roteiro a ser seguido

O relatório aponta o Brasil como exemplo para outras economias emergentes. "Apesar do rápido crescimento da demanda por eletricidade, o Brasil conseguiu atender a esse aumento com a geração eólica e solar na última década, substituindo o uso de combustíveis fósseis", aponta o estudo. Como resultado, as emissões do setor elétrico do Brasil atingiram o pico em 2014 e, no ano passado, foram 38% mais baixas.

O exemplo brasileiro mostra que os países do G20 podem liderar a transição global para um futuro energético sustentável. "Coletivamente o G20 foi responsável por 84% das emissões globais do setor elétrico em 2023. O compromisso político com o crescimento das energias renováveis, incluindo quadros políticos robustos e o compromisso de eliminação gradual dos combustíveis fósseis, é o caminho certo para enfrentar a emergência climática enquanto atendemos a uma crescente demanda por eletricidade", aponta o relatório.

O levantamento aponta que a maioria das economias do G20 – o Brasil e mais 11 outros membros – já ultrapassou há pelo menos cinco anos o pico das emissões do setor elétrico. Os membros da UE do G20 registraram as quedas de emissões mais acentuadas em 2023, liderados pela França e pela Alemanha. No entanto, coletivamente, as emissões do G20 continuam a aumentar. Muitas das economias emergentes do G20 – onde a demanda por eletricidade está crescendo rapidamente – continuam a registrar aumentos nas emissões.

Pamela - ClimaInfo (pamela.gouveia@climainfo.org.br)    

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