BASF trouxe a Mata Atlântica para dentro de suas fábricas com objetivo de recuperar a mata ciliar
Máquina Cohn Wolfe -
Parceria da empresa química com a Fundação Eco+ replantou mais de 1,3 milhão de mudas ao longo de sua história
Desde 1984, a BASF, multinacional do setor químico, trouxe a Mata Atlântica para dentro de suas fábricas com objetivo de recuperar a mata ciliar capaz de trazer benefícios à sociedade e ao ecossistema local. Assim nasceu o Programa Mata Viva® que, ao completar 40 anos, tornou-se uma das principais ações da empresa para o tema de restauração de ecossistemas e conservação da biodiversidade.
A BASF entende que a preocupação com o meio ambiente é também uma responsabilidade corporativa. A empresa vem contribuindo para um mundo que proporcione um futuro viável para todos, criando soluções baseado na química para seus clientes e sociedade, a partir do uso correto dos recursos disponíveis.
“A sustentabilidade está no centro do que fazemos, um motor de crescimento e também um elemento da nossa gestão de risco. Transformamos a restauração de áreas verdes em um compromisso da empresa, promovendo e escalonando o valor da restauração ecológica de florestas com clientes, governos, parceiros e sociedade civil”, declara Cristiana Xavier de Brito, diretora de Relações Institucionais e Sustentabilidade da BASF para América do Sul.
A iniciativa de as empresas desenvolverem florestas privadas, ou florestas corporativas, vem da necessidade de combater as mudanças climáticas em curso no todo mundo, principalmente nas grandes cidades, uma vez que as árvores desempenham papel crucial como sumidouro de carbono. Quando árvores são removidas, o solo fica exposto, resultando em menor absorção da água da chuva para reposição do lençol freático, o que contribui para a intensificação de processos de desertificação e escassez hídrica. Além disso, a sensação térmica em regiões com poucas áreas verdes também tende a ser maior, provocando problemas na subsistência e no bem-estar das pessoas.
Com o Brasil se comprometendo com a restauração de 12 milhões de hectares de florestas ao assinar o Acordo de Paris, as áreas verdes privadas podem contribuir significativamente para a contabilização dessa meta, inclusive. “Quanto mais empresas incentivarem projetos de conservação e restauração florestais no Brasil, melhor será o cenário futuro frente às consequências indesejáveis das mudanças climáticas”, complementa Cristiana.
Como tudo começou
O Programa Mata Viva® teve início com a recuperação de mata ciliares do Rio Paraíba do Sul, às margens do maior complexo químico da companhia, em Guaratinguetá/SP, e expandiu o conceito de florestas corporativas para outras cidades com unidades da empresa, como Jacareí, Santo Antônio de Posse e São Bernardo do Campo, no estado de São Paulo. Ao todo, o Programa, dentro e fora das unidades produtivas da BASF, já acumula mais de 1,3 milhão de árvores plantadas em 875 hectares de florestas restauradas, compensando um total de mais de 185 mil toneladas de carbono.
As florestas desempenham um papel fundamental na regulação do ciclo hidrológico, ajudando a manter a qualidade e a quantidade da água disponível, bem como a captura de carbono da atmosfera. Em Guaratinguetá, a floresta ocupa 170 hectares de uma área de 382 hectares, isto é, quase metade é destinada à restauração, tornando-se a maior área verde urbana da cidade. “A Organização Mundial da Saúde recomenda 12 m² de área verde por habitante. O Programa Mata Viva®, em Guaratinguetá, atinge quase 17 m² por habitante, valor superior ao índice recomendado pela entidade”, explica Tiago Egydio, biólogo e gerente da Fundação Eco+.
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A partir do crescimento da vegetação ao redor do complexo químico, foi identificado o aumento de diversas espécies de animais que encontraram na floresta um ambiente adequado para suas novas casas. Os moradores que ficam no bairro próximo à unidade produtiva da BASF contribuíram com o reconhecimento de espécies de aves que começaram a frequentar a região. “À medida que funcionários e vizinhos da fábrica entravam em contato conosco, fizemos um trabalho de identificação dessas aves. Diversas espécies de aves, répteis, anfíbios e mamíferos nativos já foram reconhecidas em nossas florestas”, diz Egydio. Com o Programa sendo desenvolvido em outras fábricas da companhia, esse fenômeno vem se repetindo.
Em São Bernardo do Campo, o complexo de tintas e vernizes da BASF – responsável pela produção das tintas Suvinil e Glasu! – também virou palco para o desfile de espécies de rara beleza pássaros, insetos e plantas. Conectada a um grande maciço florestal e à floresta atlântica da Serra do Mar, a área faz parte da Reserva da Biosfera do Cinturão Verde de São Paulo e é reconhecida internacionalmente pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), além de preservar 5 nascentes que abastecem o sistema da represa Billings.
Neste espaço, denominado como Reserva Suvinil, também fica localizada a Fundação Eco+, uma OSCIP mantida pela BASF, que desde 2007 passou a ser gestora técnica do Programa Mata Viva®, apoiando as ações de restauração ecológica de florestas e de projetos de educação ambiental. Para dimensionar o impacto ecossistêmico da iniciativa para o município, Tiago Egydio, gerente da instituição, conta que foram realizados, de 2020 a 2023, várias expedições para identificar as espécies de fauna e flora e compreender a importância do local para manutenção dos serviços ecossistêmicos. “Elaboramos um acervo audiovisual e um outro fotográfico ao longo de mais de 3 anos de trabalho de campo”, conta Tiago.
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Estes levantamentos identificaram cerca de 196 espécies de plantas pertencentes a 55 famílias e 117 gêneros botânicos foram encontrados na região em um levantamento. Deste total, 135 são árvores e 41 são ervas, trepadeiras e samambaias. Moradia de 111 espécies de aves, 14 espécies de mamíferos e, ao menos, cinco de serpentes e três de lagartos, assim como anfíbios e peixes.
“A biodiversidade é responsável por garantir a variedade de seres vivos e ecossistemas que sustentam a vida na Terra. A perda de espécies e habitats trazem consequências negativas para a manutenção da vida na terra, inclusive a nossa, como a redução da qualidade do ar e da água, a diminuição da segurança alimentar e o aumento da incidência de doenças que, consequentemente, impactam o modo como os negócios são conduzidos. As empresas que não considerarem os fatores ambientais como parte de sua gestão de risco terão dificuldades em manter o negócio no longo prazo”, reflete.
Essa conscientização é feita por parte da multinacional com seus clientes e toda a cadeia, que passaram a contar com esse Programa para contribuírem com a causa. Desde 2008, por meio da parceria com a Área de Soluções para a Agricultura da BASF, diferentes cooperativas agrícolas já foram beneficiadas pelo Programa Mata Viva®: Coopercitrus, C-Vale, CAMDA, COPLACANA, entre outras.
A perspectiva, agora, é de que o Programa Mata Viva® alcance outros países da América do Sul, como Argentina e Chile. Em 2022, a Fundação Eco+ desenvolveu uma nova ferramenta de cálculo de emissões de CO2 relacionadas às atividades cotidianas das pessoas para o contexto da Argentina e celebrou uma parceria com a Seamos Bosques, entidade que promove a restauração de florestas na Argentina, para realizar os plantios das árvores visando à compensação de emissões de CO2 pelas pessoas físicas no contexto do Programa Mata Viva®.
Legado para os mais jovens
O legado da iniciativa também é transmitido para as novas gerações, mais conscientizadas sobre a importância do desenvolvimento sustentável e das mudanças climáticas. A Estação Experimental Agrícola da BASF, unidade de Planejamento e Desenvolvimento, localizada no município de Santo Antônio de Posse, na região de Campinas (SP), recebe estudantes da rede pública de ensino do município em um programa de educação ambiental.
“A ideia era criar um programa, em parceria com a Secretaria de Educação do município, voltado à apresentação e à elaboração de planos de ensino considerando os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU (ODS) integrados ao contexto de aprendizado dos alunos e de acordo com sua realidade local”, conta Tiago. Durante a visita, os alunos percorrem uma trilha dentro da floresta restaurada pelo Programa Mata Viva® e adquirem conhecimento científico desde restauração de floretas até a sensibilização para perceber, de diferentes formas, o bem-estar promovido pela natureza.
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A utilização destas florestas corporativas como um espaço educativo também já foi realizada na Reserva Suvinil, com apoio da Fundação Eco+. O livro "A Serra do Mar e a Bacia do Rio Grande" foi elaborado com apoio do Programa e traz toda uma abordagem integrada da Mata Atlântica no contexto da Serra do Mar em São Paulo. Cerca de 2.900 exemplares foram distribuídos em 283 escolas, impactando 23 mil estudantes e professores da rede pública dos municípios do ABC Paulista. Docentes também foram capacitados em oficinas pedagógicas para que, a partir do uso deste material, estimulassem o interesse dos alunos sobre biodiversidade e desenvolvimento sustentável.
O que um dia começou com a restauração ecológica e hoje é palco para celebração da biodiversidade, em 2024 o Programa Mata Viva® concluiu novos levantamentos da biodiversidade em mais duas novas fábricas da BASF. A unidade de Jacareí/SP e a fábrica de plásticos de engenharia de São Bernardo do Campo, no bairro do Batistini, tiveram sua fauna e flora mapeadas e registradas por meio de filmagens e fotografias que ajudam a contar a história deste Programa e o legado da BASF com seu compromisso de produzir e preservar a biodiversidade.
Fernando Oliveira (fernando.oliveira@maquinacohnwolfe.com)