Stellantis já iniciou o processo de busca por um sucessor para o atual CEO
Automotive Business -
Insatisfação com vendas na América do Norte seria uma das causas do descontentamento
A Stellantis já iniciou o processo de busca por um sucessor para o atual CEO, Carlos Tavares. A informação foi confirmada à agência "Bloomberg News" e a empresa alega que se trata de um procedimento normal de plano de sucessão.
No entanto, especula-se que um dos motivos principais seria a insatisfação do chairman da empresa, John Elkann, com o desempenho da montadora na América do Norte, onde as vendas da companhia estão em queda.
Tavares não vai sair imediatamente
O contrato de Tavares acaba em meados de 2026. A pressão sobre o atual CEO se intensificou nos últimos meses diante da falta de bons resultados nos Estados Unidos, justamente um dos mercados mais rentáveis para a companhia.
Fontes ligadas à empresa afirmaram à Bloomberg que Elkann não pretende substitui-lo imediatamente e que, inclusive, deve considerar o próprio Tavares como um dos candidatos ao cargo. Mesmo assim, o chairman estaria descontente com o cenário atual no mercado norte-americano.
Elkann, aliás, também é CEO da Exor, a maior acionista da Stellantis na atualidade.
Situação de Jeep e Chrysler joga contra Tavares
Em seu mandato, Tavares se mostra obcecado por reduzir custos. Ele alega que a Stellantis precisa lidar com a queda na demanda por carros elétricos e a intensificação da concorrência com as marcas chinesas.
Nos Estados Unidos, Jeep e Chrysler enfrentam problemas com inventários e processos de qualidade, além de queda na participação de mercado. As ações das marcas, inclusive, já caíram mais de 30% em 2024.
Um porta-voz da Stellantis afirmou que é "normal" procurar por um sucessor devido à importância do cargo de CEO e disse que esse processo "não tem impacto em discussões futuras".
No começo do mês, representantes da rede de concessionárias das marcas da Stellantis criticaram Tavares por ter causado "uma rápida degradação" da imagem de algumas marcas, como Ram e Dodge.
Para eles, Tavares deveria gastar mais dinheiro para acabar com os estoques de veículos que não foram vendidos. A empresa também enfrenta a possibilidade de enfrentar mais greves nos Estados Unidos e na Itália.
Extinguir marcas pode ser medida drástica
Acabar com os problemas nos Estados Unidos seria "a prioridade número 1" da Stellantis até o fim do ano. Nesta segunda-feira, 23, a diretora financeira da empresa, Natalie Knight, ressaltou que a montadora se esforça para encontrar soluções que agradem todos os acionistas e concessionários.
Tavares está promovendo demissões e reduzindo a capacidade produtiva de algumas fábricas nos EUA, especialmente diante da queda de 50% nos lucros registrada no primeiro semestre de 2024.
Caso a situação não evolua, o executivo não descarta tomar "medidas impopulares", o que inclui acabar com uma (ou mais) das 14 marcas do grupo.
Por enquanto, o que é oficial é o investimento de mais de US$ 406 milhões em três fábricas no estado do Michigan, que serão responsáveis por produzir picapes elétricas e componentes.