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4º Fórum Debate para o Desenvolvimento - O financiamento à transição justa e o potencial do Nordeste brasileiro

Discussão foi realizada durante evento promovida pela ABDE com foco em financiamento e transição energética justa


Fortaleza recebeu, nesta quinta-feira (10/10), o 4º Fórum Debate para o Desenvolvimento - O financiamento à transição justa e o potencial do Nordeste brasileiro, onde três painéis focados na transição energética sustentável abordaram questões essenciais para o futuro do Brasil. No evento, promovido pela Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE), especialistas de instituições financeiras, empresas e órgãos governamentais discutiram as ações necessárias entre as diferentes esferas governamentais, econômicas e sociais para acelerar o processo de transformação energética no país.

No primeiro painel, chamado Financiamento à transição justa no Brasil – Oportunidades de sinergia entre instituições financeiras, foram destacadas as oportunidades que o país tem na transição energética, especialmente o Nordeste. Bruno Gabai, gerente do Banco do Nordeste (BNB), reforçou que a região está no centro das atenções nacionais e internacionais para investimentos em energia renovável, citando a energia solar, eólica e o hidrogênio verde como áreas promissoras.

“O Nordeste está vivendo uma situação histórica em termos de oportunidades de investimentos e desenvolvimento regional. Temos a chance de deixar de ser meros exportadores de commodities e passar a desenvolver tecnologias e inovações no campo energético”, afirmou Gabai. Ele destacou ainda as parcerias do BNB com instituições multilaterais, como a Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), para fomentar esse movimento.

Gerente de projetos da AFD, Victor Bielly ressaltou que o Brasil é um dos principais países na estratégia de financiamento ao desenvolvimento sustentável da agência. “A AFD está presente em 160 países, e no Brasil, temos tido sucesso ao apoiar o sistema financeiro no fomento de projetos voltados à sustentabilidade.”

Eduardo Braz, presidente da Fomento Amapá, também participou do painel, destacando a importância da transição energética para a preservação ambiental, especialmente no estado do Amapá, que possui 92% de seu território preservado. “A transição energética no Amapá já está em andamento. Nosso estado é um dos mais preservados do país e, com parcerias estratégicas, estamos avançando no desenvolvimento sustentável”, afirmou Braz.

Moderado por Márcia Maia, presidente da Agência de Fomento do Rio Grande do Norte (AGN), o segundo painel, Emergência climática e transição energética – Tendências globais e impactos no Nordeste, destacou os desafios da transição energética, com foco nos impactos globais e regionais da crise climática. "Precisamos de uma transição energética justa, que considere as populações que vivem nas regiões onde há exploração de energia limpa, como os parques eólicos", destacou Maia.

Márcio Stefani, diretor financeiro da FINEP, ressaltou que o Brasil já está na vanguarda do desenvolvimento da nova matriz energética. “Estamos financiando a alteração da matriz energética em diversos estados e setores. A Finep está aberta para apoiar a inovação, com recursos reembolsáveis para quem quiser financiar essa transformação.”

Luiz Alberto Esteves, executivo sênior do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), trouxe uma perspectiva global ao painel. Ele destacou que o crescimento populacional até 2050 — de cerca de 1,5 bilhão de pessoas — trará novos desafios em termos de consumo de energia e água, principalmente em áreas urbanas. “O desafio civilizatório é claro: precisamos mudar a matriz energética mundial, priorizando a energia limpa para atender a essa nova demanda.”

O último painel, Financiamento a infraestruturas resilientes – Soluções para transformação urbana com inclusão social, focou nas soluções para financiar infraestruturas resilientes e promover a transformação urbana com inclusão social. Mara Motta, gerente executiva da Caixa Econômica Federal, apresentou os esforços da instituição no financiamento de projetos voltados à sustentabilidade urbana.

Com números como o potencial de geração de receitas de US$ 100 bilhões com créditos de carbono, e R$ 150 bilhões em investimentos em eletrificação de veículos, a Caixa reforçou seu papel como um dos principais atores no financiamento de projetos voltados à sustentabilidade.

“A Caixa trabalha para promover a transição justa no Brasil, com foco em resolver o déficit habitacional e incluir milhões de brasileiros na economia de baixo carbono”, disse Motta. Ela ressaltou que a Caixa tem 122 milhões de clientes com renda de até R$ 2 mil mensais e que apenas 1,9% das unidades consumidoras de energia elétrica utilizam energia solar. “Nosso objetivo é fomentar o desenvolvimento sustentável e garantir a cidadania plena para todos os brasileiros”, concluiu.

Ailane Silva (ailane.silva@oficina.ci)    

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