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Abertura do segundo dia do Brazil Windpower

Indicou o que seria o assunto central do dia: todas as consequências em torno do curtailment.


A abertura do segundo dia do Brazil Windpower, em São Paulo (SP), indicou o que seria o assunto central do dia: todas as consequências em torno do curtailment. O presidente do Conselho da Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias, Fernando Elias, apontou que os cortes na geração causaram fortes impactos em muitos players, com altas perdas financeiras. O executivo lembrou que, apesar da recente liberação na transmissão, que destravou 2,2 GW dos 3,1 GW, que estavam sendo contingenciados, o alívio chega em um momento de baixa produção eólica.

Na abertura, Elias também destacou que o ano de 2024 aparece como atípico por conta de tudo que o setor eólico passou. Os impactos do curtailment na safra dos ventos equivaleriam a desligar Itaipu por três meses. Por outro lado, foram destacadas iniciativas consideradas positivas, como as interações com as esferas de governo em prol da indústria eólica, a busca pela criação de demanda, a inclusão de baterias no próximo leilão de potência e uma indicação do BNDES que o Fundo Clima dará taxas diferenciadas a projetos eólicos.

Ainda na abertura do evento, a presidente executiva da associação, Élbia Gannoum, revelou que os cortes aconteceram em todos os países que implantaram forte volume de renováveis. Um segundo bipolo que deve entrar em operação em 2032 significará uma condição melhor para o escoamento da geração renovável do Nordeste.

No entanto, apesar do curtailment ser considerado um problema grave pelo setor, nem de perto se assemelha ao GSF. Na pior das hipóteses calculadas pela Volt Robotics, o valor das perdas do setor chega a R$ 1,6 bilhão ao considerar a redução da receita dos geradores mais o custo das térmicas que têm que ficar ligadas por horas seguidas, já que são pouco flexíveis. O tema foi alvo de um painel no evento que reuniu diversos geradores renováveis afetados pela restrição. O presidente do Conselho de Administração da ABEEólica, Fernando Elias, reforçou que é necessário que a política de cortes não onere o gerador já que essa é uma contingência do sistema e não do empreendedor.

Liu Aquino, diretor presidente da Echoenergia, avaliou que o risco está em nível elevado, ainda mais em um cenário de investimento. Para ele, é necessário corrigir a regulação e fazer a alocação correta. Segundo o executivo, o avanço descoordenado da MMGD acaba levando os cortes somente para a geração centralizada, porque, naturalmente, o ONS só possui capacidade de controlar esse lado da oferta de energia. Por fim, João Marques da Cruz, CEO da EDP South America, avaliou que experiências internacionais podem sim ser usadas como referência no país nessa busca pela solução. Entre os caminhos aponta a regra de ressarcimento que por aqui é quase inexistente. Comparou um dado da EDP nos Estados Unidos que em 9 meses do ano de 2024 a empresa conseguiu ressarcir 20% dos eventos registrados no país norte-americano. “Foi 20 a 0, nos Estados Unidos ficou em 20% e no Brasil ficou zerado”, comparou.

Élbia Gannoum, presidente executiva da ABEEólica, lembrou que o setor ficou bastante insatisfeito com a regulamentação da lei de 2004 que tratou do assunto. Isso porque as regras não trouxeram a esperada correta alocação de risco sobre aquele que pode gerenciar a operação e o corte que são os geradores. “O setor está padecendo com a falta de alocação adequada de riscos. Além dessa discussão no âmbito regulatório e em âmbito judicial, fizemos outras ações e mais recentemente com o ONS, MME e Aneel”, disse. “A solução é complexa e o trabalho que estamos desenvolvendo visa levar os nossos pleitos que tratam de ter o risco e o custo alocados onde eles devem estar”, apontou a executiva. “Em 2025 essa realidade de cortes de geração de energia não poderá se repetir de forma nenhuma”, avisou.

Regras de armazenamento ainda em 2024

A consulta pública para a formação das regras de armazenamento de energia no Brasil deverá ser lançada ainda este ano. É o que sinalizou o diretor relator do caso, Ricardo Tili, durante participação no evento. Ele afirmou que apesar deste tema ter sido adiado na agenda da agência reguladora, as áreas técnicas que trabalham nas propostas apontaram a ele que é possível que pelo menos a CP seja aberta ainda em 2024 e as regras definidas na primeira metade de 2025. Dessa forma, a autarquia atenderia a demanda do setor de que seria necessária uma primeira tranche de regras para o segmento antes do leilão de potência que é esperado para ocorrer em junho de 2025.

Rio Grande do Sul como potencial para o setor de energias renováveis

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, também participou do Brazil Windpower 2024 nesta terça-feira. Ele apresentou as potencialidades do Rio Grande do Sul para o setor de energias renováveis. “Nosso Estado tem avançado significativamente na transição para uma matriz energética limpa e diversificada. Atualmente, as energias renováveis representam mais de 83% da nossa potência instalada, com a energia eólica sendo responsável por 16,2% desse total", ressaltou.

O governador também enfatizou o enorme potencial do RS para o desenvolvimento de projetos de energia eólica, tanto onshore quanto offshore. “O Rio Grande do Sul possui um potencial de geração eólica onshore de 103 GW, com ventos acima de 7m/s a 100 metros de altura, e outros 114 GW em áreas offshore, sendo a maior parte concentrada ao longo dos nossos 600 quilômetros de litoral", explicou.

Leite também destacou o compromisso do governo em acelerar o licenciamento ambiental e criar mecanismos de financiamento para atrair ainda mais investimentos. “Estamos fortalecendo nossa infraestrutura energética e promovendo políticas públicas para tornar o Rio Grande do Sul um hub de inovação e desenvolvimento sustentável. Esse é o caminho para um futuro mais verde e resiliente", concluiu o governador.

SERVIÇO | Brazil Windpower 

Quando: 22, 23 e 24 de outubro de 2024, das 10h às 20h

Onde: São Paulo Expo - Rodovia dos Imigrantes, Km 1,5 – Vila Água Funda, São Paulo, SP.

Credenciamento de imprensa: neste Link

    
André Vanes (andre.vanes@inpresspni.com.br)    

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