Firjan: o potencial do estado do Rio para produção de fertilizantes
Firjan -
Estado fluminense deve receber duas plantas de fertilizantes nitrogenados, atraindo mais de R$ 20 bilhões de investimentos
A produção de fertilizantes no estado fluminense é quase nula em relação às demais unidades da federação, em especial aos estados vizinhos. Porém, esse cenário está prestes a mudar. Com investimentos para produção de fertilizantes nitrogenados, a partir de uma fábrica de ureia, em Macaé, e uma planta de amônia verde e de hidrogênio verde, no Porto do Açu, em São João da Barra, mais a criação do Centro de Excelência em Fertilizantes e Nutrição de Plantas, a ser instalado no Parque Tecnológico da UFRJ, o Rio de Janeiro quer dar um salto e mudar de patamar, se consolidando como um dos principais polos de produção de fertilizantes do país.
Além disso, o estado do Rio é responsável por mais de 58% da oferta de gás natural no Brasil, maior fonte de matéria-prima para a produção de fertilizantes nitrogenados. Conforme a Secretaria fluminense de Desenvolvimento Econômico (Sedeics), a instalação das duas fábricas pode atrair mais de R$ 20 bilhões em investimentos, gerar mais de 10 mil empregos durante as obras e 1.300 empregos na fase de operação.
As informações constam da publicação "Petroquímica e Fertilizantes no Rio de Janeiro 2024", levantamento da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), que será lançada nesta quinta-feira, dia 5. O estudo tem como objetivo apresentar, de maneira estruturada, informações estratégicas sobre a indústria petroquímica e o potencial da indústria de fertilizantes.
Além disso, a partir de agora também é possível acessar o painel digital Dados Dinâmicos de Petroquímica e Fertilizantes com informações interativas sobre a atuação das duas indústrias no país e no estado fluminense. Basta clicar em https://www.firjan.com.br/firjan/empresas/competitividade-empresarial/petroleoegas/dados-petroquimica-e-fertilizantes/
"Recentemente, aqui na Firjan, a Petrobras divulgou o Plano de Negócios 2025-2029, anunciando investimentos de US$ 900 milhões no segmento de fertilizantes. Ela também assinou acordos com a empresa Yara Brasil, para ações no mesmo segmento. Em petroquímica, vai conduzir estudos para oportunidades de negócios em sinergia com o refino. São excelentes sinais para os segmentos de petroquímica e fertilizantes, beneficiados pelo status da produção de petróleo e gás, garantindo segurança ao sistema de oferta de energia firme e ampliando o potencial para o fornecimento de insumos a essas indústrias. A Firjan apoia a concretização dessas perspectivas", afirma o presidente da Firjan, Luiz Césio Caetano.
Já a gerente geral de Petróleo, Gás, Energias e Naval da Firjan, Karine Fragoso, lembra que o Brasil é o quarto maior consumidor de fertilizantes, atrás da China, Índia e Estados Unidos. Porém, o país é o maior importador - 90% do produto usado no Brasil são importados -, o que gerou um déficit de US$ 25 bilhões na balança comercial de 2022 e US$ 15 bilhões em 2023.
Nesse sentido, para combater a dependência da importação e aumentar a produtividade nacional, a cidade de Macaé prepara a primeira fábrica para a produção de 1,3 milhão de toneladas anuais de ureia, o principal fertilizante nitrogenado. Assim, atenderá a mais de 10% da demanda nacional, consumindo 3,2 milhões de metros cúbicos por dia de gás natural.
Além disso, prevê também uma segunda planta, para produzir 900 mil toneladas anuais de metanol, correspondendo a 50% da demanda nacional e consumindo 2,7 milhões de metros cúbicos diários de gás natural. Ainda faz parte dos planos da prefeitura do Norte Fluminense, a implantação de uma nova UPGN (Unidade de Processamento de Gás Natural) para atender a todos os projetos previstos.
Petroquímica e o plástico
O levantamento apresenta também a visão de empresas, como a Yara Brasil, que destaca que a "Vocação Sustentável é a Oportunidade do Brasil no Mercado Global", e as "Oportunidades e Inovações no Segmento Petroquímico e de Fertilizantes no Rio de Janeiro", texto elaborado por Instituto SENAI de Inovação em Química Verde. Já o Siquirj faz uma análise da "Petroquímica e o Cenário Global e Nacional".
O estudo também destaca que a indústria petroquímica fluminense já lidera o ranking nacional. O estado se consolidou como protagonista na balança comercial de polipropileno (PP) e ampliou sua relevância em polietileno (PE), superando tradicionais polos industriais como São Paulo e Rio Grande do Sul. Há ainda espaço tanto para ampliar a fabricação desses polímeros quanto para estimular outros insumos como poliestireno (PS), PET e PVC.
No entanto, a Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast) no artigo 'Cadeia de Valor: Indústria do Plástico e a relação com a Petroquímica' lembra que a tarifa média de importação de resinas em outros países é de 6,5%, enquanto, no Brasil, passou de 11,2% para 20% para praticamente todas as resinas termoplásticas, tornando-se uma das taxas mais altas do mundo.
Segundo o Perfil 2023 da ABIPLAST, em 2023, foram produzidos no Brasil 7,04 milhões de toneladas de produtos plásticos, enquanto o consumo atingiu 7,49 milhões de toneladas. A indústria de transformados de plástico gerou 363,4 mil empregos em 12,4 mil empresas, enquanto o setor de reciclagem contabilizou 15,4 mil empregos em 1,6 mil empresas, consolidando-se como o quarto maior polo industrial do país. Além disso, para cada tonelada de plástico reciclado, são gerados empregos para 3,16 mil catadores.
Aurelio Vanderlei Batista Gimenez <AGIMENEZ@firjan.com.br>