Duas associações do setor de pneumáticos que iniciaram a conscientização para a reciclagem de pneus em Manaus avaliam a evolução no combate ao descarte irregular.

O destino dos pneus velhos em Manaus está mudando nos últimos dois anos depois que duas entidades do setor de pneumáticos (Abrerpi e Abidip) realizaram uma ação inédita de marketing e logística para expor o problema de descarte irregular na cidade por falta de incentivo à reciclagem.

Foram realizadas em julho e outubro de 2022 duas operações do programa “Brasil Rodando Limpo”, recolhendo mais de 100 toneladas de pneus que estavam jogados em canteiros de ruas e no entorno de Manaus (em área de Floresta Amazônica) e fazendo o transporte do resíduo por mais de 4 mil km até uma recicladora na Região Metropolitana de Curitiba.

A operação com custo bem maior do que o lucro, foi bancada pelas duas entidades - a Associação Brasileira das Empresas de Reciclagem de Pneus Inservíveis (Abrerpi) e a Associação Brasileira dos Importadores e Distribuidores de Pneus (Abidip).

De acordo com seus representantes, o objetivo desse trabalho foi chamar a atenção da imprensa, do setor público e da iniciativa privada sobre a inexistência naquele momento de uma recicladora no estado e a inviabilidade econômica de transportar pneus velhos por longas distâncias. A ação chegou a ser noticiada pela imprensa internacional.

Um ano depois, em 2023, foi inaugurada a primeira recicladora de pneus em Manaus, com capacidade produtiva de 600 mil toneladas por ano de trituração. Um dos principais produtos feitos com a reciclagem de pneus velhos são os tapetes anti-impactos usados em academias.

Na última sexta-feira (10/01), a prefeitura de Manaus realizou a operação “Dia D de Recolhimento de Pneus”, com caminhões percorrendo seis bairros da cidade objetivando também combater criadouro do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya. Segundo informações da prefeitura, a ação resultou no recolhimento de 2.067 pneus descartados de forma inadequada em esquinas, ruas e becos.

Os representantes das duas associações (Abrerpi e Abidip) avaliam que o esforço para sensibilizar o Poder Público sobre a necessidade de incentivar a coleta e reciclagem foi importante, mas ainda não surtiu todo o efeito desejado.

O presidente da Abrerpi, Joel Custodio, esclarece que a entidade disponibiliza um sistema gratuito em seu website para que a logística reversa do pneu ocorra de forma automática “sem que o pneu acabe na rua, evitando a proliferação de doenças e gastos desnecessários do Poder Público”.

Custodio destaca ainda que a entidade já realizou reuniões nas secretarias estaduais de Fazenda e Meio Ambiente do Amazonas sugerindo que o Estado seja signatário do convênio CONFAZ 31/2006. A adesão daria tratamento diferenciado no recolhimento de ICMS para as empresas de asfalto que utilizem a borracha extraída de pneus inservíveis, impulsionando ainda mais a atividade recicladora.

Esse convênio já vem proporcionando excelentes resultados nos estados que assinaram, entre os quais, Amapá, Ceará, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Rondônia, São Paulo e o Distrito Federal.

O Governo de Minas, por exemplo, aumentou em mais de 2.400% o uso de asfalto borracha em obras rodoviárias nos últimos cinco anos, de acordo com dados da empresa que fornece o material ao Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de Minas Gerais (DER-MG). O uso desse mecanismo levou à retirada de 1,6 milhão de pneus do meio ambiente.

Em Roraima, outro estado que enfrenta dificuldades com a destinação de pneus, os deputados estaduais aprovaram no fim do ano passado o projeto de lei (nº 260/23) que prioriza o uso do asfalto ecológico em obras públicas.

O representante dos importadores de pneus, presidente da Abidip Ricardo Alípio, entende que os municípios também podem contribuir com o incentivo à reciclagem. “Pode existir uma condicionante para a renovação do alvará de funcionamento desses estabelecimentos que fazem a troca dos pneus do automóvel, obrigando que comprovem a destinação adequada dos pneus inservíveis”, conclui.

CMM Comunicação (sistemas@comuniquese6.com.br)