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A indústria como vetor da sustentabilidade

A mudança climática, afinal, já não é uma ameaça distante, mas uma realidade que afeta comunidades em diferentes partes do planeta


Por Cassio Pissetti, diretor técnico e comercial da Engepoli

Eventos climáticos recentes como tempestades, ventos intensos e chuvas de granizo estão se tornando mais comuns: em 2023, o Brasil teve 1.161 desastres naturais, mais de três por dia, um recorde desde 2011, segundo o Cemaden. Os impactos desafiam a segurança de comunidades e empresas; além dos riscos ambientais, surge uma necessidade urgente de repensar o papel das corporações na construção de soluções que sejam sustentáveis, humanas e resilientes.

A mudança climática, afinal, já não é uma ameaça distante, mas uma realidade que afeta comunidades em diferentes partes do planeta, tornando mais comum a ocorrência de eventos climáticos extremos. Segundo o último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), a temperatura global deve aumentar entre 3,3°C e 5,7°C até o final deste século, um cenário que representa riscos consideráveis para os ecossistemas, a biodiversidade e a vida humana.

Nesse cenário, empresas têm um papel central, não apenas no combate às mudanças climáticas, mas também na construção de um futuro sustentável. À medida que o mundo lida com as consequências de décadas de inação, é fundamental que as corporações compreendam a gravidade do problema e adotem posturas ativas em busca de soluções que promovam a resiliência ambiental.

Uma vez que as grandes indústrias são alguns dos maiores responsáveis pelas emissões de gases de efeito estufa, elas possuem o poder de liderar a transformação rumo a um futuro mais sustentável. Organizações de todos os tamanhos devem adotar práticas sustentáveis que envolvam a produção mais limpa, o uso eficiente de recursos e o investimento em tecnologias que reduzam as emissões de carbono.

Nesse contexto, é crucial compreender que a sustentabilidade ambiental, por si só, não basta., já que algumas organizações adotam práticas sustentáveis em suas cadeias de valor, mas negligenciam aspectos sociais, como a segurança e o conforto de seus colaboradores, não estão genuinamente comprometidas com o ESG (Ambiental, Social e Governança). Um exemplo disso é a operação em galpões quentes, insalubres, sem ventilação adequada ou proteção contra intempéries, o que contradiz qualquer esforço para se posicionar como uma organização responsável.

O ESG exige uma abordagem ampla, que englobe não apenas a redução da pegada de carbono, mas também a criação de ambientes de trabalho dignos e seguros. Colaboradores que operam em locais inadequados, sem ventilação ou proteção, representam um ponto cego para empresas que buscam ser vistas como sustentáveis.

A crescente demanda por soluções ESG não é apenas um imperativo ético, mas também uma oportunidade estratégica. Investidores, consumidores e parceiros estão cada vez mais atentos às práticas corporativas que integram sustentabilidade ambiental, responsabilidade social e governança. Empresas que ignoram essa tendência enfrentam sérios riscos de obsolescência, enquanto aquelas que lideram essa transformação posicionam-se como protagonistas de um futuro mais sustentável e justo.

Isso pode ser observado no reconhecimento crescente por certificações que comprovem o alinhamento com boas práticas; é um investimento que reflete a visão de longo prazo e responsabilidade corporativa necessárias no cenário atual. E, claro, frente a demandas crescentes e urgentes, o momento de agir é agora: precisamos liderar a transição para um modelo de negócios que seja sustentável e humano, capaz de enfrentar os desafios climáticos e sociais que estão por vir.

Precisamos demonstrar que essa transformação é possível. Ao combinar tecnologia, inovação e compromisso com o ESG, encontraremos soluções que não apenas atendem às demandas do presente, mas também preparam o caminho para um futuro mais resiliente e habitável. A grande questão não é mais se podemos alcançar um futuro sustentável, mas se estamos preparados para fazer as escolhas certas hoje.

Rafael Cicconi (rafael@v3com.com.br)    

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