A indústria de base desempenha um papel importante no desenvolvimento econômico de qualquer nação
Engenharia de Comunicação -
Setores como siderurgia, mineração, celulose, óleo e gás, químicos e petroquímicos formam a espinha dorsal da nossa economia
Por Tulio Cerviño, CEO da Trackfy
A indústria de base desempenha um papel importante no desenvolvimento econômico de qualquer nação. Setores como siderurgia, mineração, celulose, óleo e gás, químicos e petroquímicos formam a espinha dorsal da nossa economia, impulsionando a geração de empregos, exportações e inovação tecnológica. Eles são o alicerce sobre o qual todas as outras indústrias são construídas, fornecendo matérias-primas e energia que sustentam uma ampla gama de atividades produtivas, indo desde a área de saúde e cosméticos até as indústrias automobilística e aeroespacial.
Dentro desse ecossistema, o setor petroquímico tem uma relevância estratégica como fornecedor de insumos essenciais para segmentos como embalagens, construção civil, automotivo e tecnologia. Desta forma, ele não apenas movimenta a economia, mas também é um termômetro da competitividade industrial de um país.
Entretanto, já há algum tempo no Brasil, enfrentamos um cenário de desafios estruturais e conjunturais que colocam em risco a sustentabilidade desse setor tão vital. Recentes análises apontam para uma tempestade que só tem aumentado: custos de produção elevados, sobrecapacidade global, aumento de importações predatórias e uma desaceleração no consumo interno.
Por exemplo, no Brasil, a taxa de utilização das fábricas caiu para os níveis mais baixos em 34 anos, com 49% do consumo interno vindo de importações (principalmente da China e EUA), intensificando a concorrência e afetando a produção local.
Além da dependência preocupante de produtos importados, esses fatores pressionam a indústria nacional, levando ao fechamento de fábricas.
Mas, a pergunta-chave permanece: como podemos superar esses desafios e garantir que a indústria brasileira continue sendo um motor de progresso e competitividade global? Respondo com uma relação com três boas soluções.
1 - Eficiência e Inovação: o caminho para a competitividade
Para competir em um mercado global, a resposta está na eficiência operacional e produtividade. Como temos visto desde a primeira revolução industrial, novos níveis de eficiência e resultados passam pela adoção de tecnologias e inovações.
No meu trabalho tenho acompanhado como empresas que investem em inovação, adotando tecnologias como IoT, Data Analytics e digitalização, têm conseguido otimizar processos, reduzir custos e aumentar a segurança de suas operações, fatores essenciais para retomar a competitividade da indústria brasileira. Afinal, dados são o novo petróleo. Portanto, obtê-los em quantidades inéditas e aplicar estrategicamente as melhorias que eles indicam cria vantagens duradouras e diferenciais robustos para qualquer empresa, de qualquer setor. Nossa indústria, em particular, apresenta inúmeras janelas de oportunidade para melhorias
2 - Sustentabilidade como pilar estratégico
Além da eficiência, é preciso integrar práticas sustentáveis às operações. Consumidores, investidores e reguladores demandam compromissos claros com a ESG. Isso não é apenas um requisito ético, mas um diferencial competitivo em mercados globais cada vez mais exigentes.
No entanto, ao falar de sustentabilidade e práticas ESG, muitas vezes o foco recai quase exclusivamente no "E" (Environment), enquanto os outros dois pilares — Social e Governance — que compõem 2/3 do conceito, são esquecidos. A sustentabilidade completa envolve mais do que minimizar os impactos ambientais; trata-se também de construir um mundo mais justo e responsável (S) e de manter os melhores processos de administração e governança (G).
Durante minha trajetória profissional, tenho observado na prática como iniciativas focadas na melhoria da segurança e do bem-estar dos trabalhadores de campo geram impactos diretos em produtividade, com resultados robustos em redução de custos e otimização de entregas estratégicas, além de garantirem a conformidade dos planejamentos e processos administrativos.
3 - Defesa e fortalecimento da indústria nacional
É imperativo defender políticas que favoreçam a indústria nacional, como o fortalecimento do REIQ — Regime Especial da Indústria Química. A ausência de medidas estruturantes ameaça a competitividade do setor.
Ademais, acredito ser de fundamental importância a implementação de medidas como antidumping e elevação temporária de tarifas de produtos importados para proteger a indústria nacional.
Finalmente, o investimento em infraestrutura. O setor precisa de suporte estratégico para lidar com as importações predatórias e equilibrar o jogo competitivo.
Inovações e desafios
Cenários desafiadores exigem inovação e busca por resultados diferentes. No atual contexto industrial, a adoção de tecnologias avançadas é uma oportunidade crucial para aumentar a eficiência e a competitividade.
A indústria brasileira pode e deve explorar soluções tecnológicas que forneçam dados em tempo real para decisões estratégicas, como centrais de monitoramento e análise de ativos e pessoas.
Há tecnologias capazes de auxiliar as empresas petroquímicas a enfrentar esses desafios, oferecendo ferramentas que aumentam a eficiência, reduzem custos e melhoram a segurança operacional.
O monitoramento em tempo real das atividades de campo com IoT, BLE e RTLS, (permitindo uma visão precisa da utilização de recursos humanos e equipamentos) e o Data Analytics (para identificar ineficiências e otimizar processos) podem resultar em redução de custos operacionais e aumento de produtividade, melhorando a competitividade no mercado.
Já soluções tecnológicas que gerem relatórios automáticos para inconformidades e eventos de risco podem prevenir atrasos, paradas inesperadas e desperdícios que comprometam as operações.
Devemos mencionar também as tecnologias capazes de promover segurança e bem-estar das equipes, reduzindo acidentes e melhorando a conformidade com normas de saúde ocupacional e leis ambientais. Elas estão alinhadas às práticas ESG, contribuindo para metas de sustentabilidade e certificações internacionais, como as ligadas à redução de emissões e ecoeficiência.
Por fim, a inovação é capaz de acabar com a ociosidade de fábricas no Brasil, na medida que otimiza a alocação de equipes e recursos, garantindo maior utilização da capacidade instalada.
De modo geral, oferecer inteligência operacional baseada em dados para melhorar a tomada de decisão e ajustar rapidamente as operações às condições do mercado auxilia as empresas a maximizar o uso de recursos e a produtividade.
Jaine Machado (imprensa@engenhariadecomunicacao.com.br)