Com o objetivo de fortalecer a economia circular no Brasil, a Dow, líder em ciência dos materiais, estabeleceu, em 2024, uma parceria com a Ambipar, líder global em soluções ambientais, e a Gaia Social, organização especializada em desenvolvimento local, para promover a profissionalização de cooperativas de reciclagem por meio do programa "Reciclagem que Transforma", realizado no interior de São Paulo e no Recife, capital de Pernambuco.

De acordo com os primeiros resultados, após um ano do lançamento da segunda fase do programa, já foram observados impactos positivos para as cooperativas apoiadas. Os resultados foram medidos principalmente dentro dos pilares: diversidade e inclusão, profissionalização das cooperativas e associações de reciclagem, contribuindo para a melhoria dos processos de triagem e separação dos materiais nas cooperativas e associações, com aumento no volume de materiais recicláveis comercializados, assim como um incremento na renda dos membros das cooperativas.

Para Sabine Rossi, diretora de Sustentabilidade de Embalagens e Especialidades Plásticas para a Dow na América Latina, essas iniciativas vão além da promoção da sustentabilidade ambiental, fortalecendo também a inclusão social e a diversidade nas cooperativas. “Faz parte da estratégia de crescimento da companhia gerar impacto positivo na sociedade e no meio ambiente, rumo a um futuro mais sustentável e inclusivo para todos”, comenta a executiva.

Um exemplo é a cooperativa Recicla Torre, nos últimos meses, realizou mutirões de limpeza, aplicou técnicas de organização e promoveu o balanceamento da operação. Em agosto, foi identificado um aumento na renda média dos cooperados de R$ 850,00 para R$ 1.850,00 — um crescimento de 117,6%. Em janeiro de 2025, o grupo alcançou a renda mensal de R$ 2.640,00.

Além disso, foi concluída a regularização documental, uma vez que o grupo não possuía CNPJ regular nem ata de constituição da diretoria. Também foi realizada uma oficina para construção do Regimento Interno e definição das lideranças e responsáveis pelos postos de trabalho. Com isso, o grupo, que antes atuava de forma individualizada, passou a trabalhar em conjunto, com base nos princípios do cooperativismo.

Entre os diferenciais do programa “Reciclagem que Transforma” está a integração dos princípios de Inclusão e Diversidade (I&D) nas cooperativas, promovendo a valorização da diversidade entre os cooperados, abrindo oportunidades para todas as pessoas, incluindo cooperados trans e cooperados com deficiência.

Ao longo de um ano, o projeto "Reciclagem que Transforma" também aplicou 91 treinamentos focados na melhoria da infraestrutura e operação das cooperativas, a adoção da metodologia 5S para promover organização e disciplina no ambiente de trabalho. Além disso, um projeto de educação financeira foi implementado para incentivar os cooperados a formarem reservas de emergência, assim como uma iniciativa promovendo 33 intercâmbios de conhecimentos para qualificação dos cooperados.

O projeto também se destaca pelo desenvolvimento e implementação do Protocolo do Plástico, uma iniciativa da Ambipar e patrocinada pela Dow, fornecendo capacitação para transformar o conhecimento adquirido em profissionalização, contribuindo para o aumento da receita e para a circularidade dos resíduos plásticos nas centrais de triagem. A expectativa é que todos os grupos capacitados tenham a expertise de recuperar plásticos que anteriormente não tinham destinação, atribuindo-lhes valor agregado, aprimorando a venda dos materiais e adotando melhores práticas de separação, o que possibilitará negociações mais vantajosas com o mercado.

A iniciativa do Protocolado Plástico está alinhada ao Plano Nacional de Resíduos Sólidos (Planares), instituído pelo Decreto nº 11.043 de 13 de abril de 2022. Este decreto representa um marco importante na gestão ambiental do Brasil, estabelecendo metas ambiciosas, como aumentar o percentual de embalagens recicladas para 30% até o final de 2025 e 50% até 2040. O protocolo tem sido fundamental para aprimorar a estrutura da cadeia de reciclagem. Esse avanço é exemplificado pela Cooperativa Juntos Somos Fortes, em Santa Bárbara D'Oeste, São Paulo, que se tornou uma referência regional na gestão de resíduos recicláveis.

Alguns grupos que participaram do treinamento já registraram aumento em suas rendas, por conta de um crescimento de 162% no preço médio do plástico. Além disso, muitas centrais de triagem, que antes recuperavam cerca de 15 tipos de plásticos, estão sendo preparadas para separar pelo menos 25 categorias desse material.

“A implementação dessas práticas cumpre um papel estratégico na preparação das cooperativas para o eventual decreto de logística reversa das embalagens plásticas, ainda em discussão no governo federal. A regulamentação deve introduzir novas exigências para empresas de embalagens, como o atendimento de percentuais mínimos de resina plástica reciclada (PCR). Para cumprir essas normas, é essencial fortalecer as centrais de triagem e capacitar os profissionais da reciclagem, promovendo o desenvolvimento do setor” destaca Giancarlo Montagnani, gerente de Sustentabilidade de Embalagens e Especialidades Plásticas para a Dow na América Latina.

Em alinhamento às iniciativas do programa “Reciclagem que Transforma”, no final do ano passado, a Dow e a Ambipar firmaram um Memorando de Entendimento (MoU) para explorar oportunidades de negócios inovadoras que aproveitem o valor dos resíduos plásticos pós-consumo, transformando-os em novos produtos na América Latina. O compromisso da Dow é liderara reciclagem de polietileno no Brasil e, até 2030, aumentar as operações de 2 mil toneladas para 60 mil toneladas por ano.

Geninha Moraes (geninha.moraes@agenciaoriba.com.br)