O papel fundamental da reciclagem na sustentabilidade industrial
EPR Comunicação Corporativa -
Apesar da baixa taxa geral de reciclagem, um fenômeno interessante ocorre com a sucata metálica, pois essas em geral apresentam índices elevados
Por Márcio Rodrigues da Silva
De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), cerca de 80 milhões de toneladas de lixo são produzidas anualmente no Brasil, mas apenas 4% passam efetivamente por processos de reciclagem. Para enfrentar esse desafio e incentivar atividades industriais mais sustentáveis, foi instituída a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) pela Lei nº 12.305/2010. Essa legislação estabelece diretrizes para a gestão integrada dos resíduos e atribui responsabilidade compartilhada a fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, poder público e consumidores em todas as etapas do ciclo de vida dos produtos.
Apesar da baixa taxa geral de reciclagem, um fenômeno interessante ocorre com a sucata metálica, pois essas em geral apresentam índices elevados de reaproveitamento. O Cobre, em particular, destaca-se por sua infinita reciclabilidade e sua capacidade de manter valor econômico após sucessivos ciclos de reutilização. Além disso, sua baixa taxa de corrosão reduz perdas de massa ao longo da vida útil dos equipamentos em que é empregado, prolongando a durabilidade e facilitando sua recuperação para novos processos produtivos. Esse processo diminui a dependência da extração de matéria-prima virgem e reduz os impactos ambientais associados à mineração, promovendo maior sustentabilidade na indústria.
Para que se aproveite plenamente esse potencial de reciclagem, a coleta seletiva é fundamental. Separar corretamente resíduos metálicos de outros tipos de lixo evita contaminações e viabiliza sua reinserção em cadeias produtivas. Além da segregação nas residências, é indispensável a existência de pontos de coleta especializados e sistemas de logística reversa, que garantam a recuperação e o encaminhamento adequado dos materiais para a indústria.
Desafios
Apesar da reciclabilidade infinita típica do Cobre, o principal desafio está no nível de pureza das sucatas. Isto porque, muitos produtos são fabricados a partir do uso do Cobre combinado a resinas, capas termoplásticos, fibras e outros metais em forma de capas ou revestimento.
Por esse motivo, a separação cuidadosa dos componentes alheios ao Cobre requer processos de moagem e separação específicos, que exigem alto controle e consistência. Esse processo também demanda profissionais altamente qualificados e experientes, com conhecimento em composição química e nos processos de fabricação envolvidos, o que requer um treinamento contínuo e um acompanhamento rigoroso das normas ambientais e de segurança.
Investimento necessários por parte da indústria
Para que a separação e a reciclabilidade do Cobre sejam eficazes, os equipamentos de processamento devem estar em ótimas condições, possuir alta produtividade e serem altamente eficientes na separação e beneficiamento do metal.
Vale destacar que o processamento do Cobre reciclado envolve diversas etapas, incluindo a moagem, peneiramento e separação gravimétrica. Durante a moagem, o material é fragmentado em partículas menores, facilitando sua posterior separação. O peneiramento garante a uniformidade no tamanho das partículas, permitindo um processamento mais preciso. Já, a separação gravimétrica utiliza a diferença de densidade entre os materiais para isolar o Cobre de impurezas e outros metais menos densos, assegurando um material mais puro e pronto para reutilização.
Benefícios competitivos
A reciclagem do cobre traz benefícios tanto para as empresas, que reforçam seu compromisso com a sustentabilidade, quanto para o meio ambiente, uma vez que é uma excelente alternativa para mitigar os impactos inerentes ao processo de extração mineral.
Para que esses benefícios sejam efetivos, o tema da reciclagem deve ser abordado em todas as esferas da sociedade, envolvendo indústrias, população e órgãos ambientais responsáveis por fiscalizar o cumprimento das exigências da PNRS. É igualmente importante implementar processos de fiscalização e logística reversa, de modo que fabricantes e importadores possibilitem o correto descarte de seus produtos após o uso. Assim, além de proteger o meio ambiente, fortalece-se toda a cadeia produtiva e o compromisso com o desenvolvimento sustentável.
Por fim, a experiência bem-sucedida na reciclagem do cobre pode ser aplicada a outros materiais, potencializando ganhos econômicos, sociais e ambientais para toda a sociedade.
Márcio Rodrigues da Silva é Gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da Termomecanica, empresa líder na transformação de Cobre e suas ligas
EPR Comunicacao Corporativa (bianca.saraiva@epr.com.br)